quinta-feira, abril 10, 2008

Justiça para vítimas de 1999 "vai levar talvez uma geração" - Embaixador EUA

Díli, 09 Abr (Lusa) - O exame completo dos crimes de 1999 em Timor-Leste "vai talvez demorar uma geração", afirmou o embaixador dos EUA em Díli em entrevista à agência Lusa.

"Tem que haver justiça", respondeu o embaixador Hans Klemm quando questionado sobre a posição dos Estados Unidos da América em relação ao julgamento dos crimes cometidos em 1999.

"Tem que haver algum tipo de responsabilidade pelos actos que ocorreram em 1999 e antes. E também pelo que aconteceu em 2006. Tem que ser estabelecida a verdade e apuradas as culpas, em favor das vítimas", defendeu o embaixador dos EUA.

"Mas há exemplos recentes de países como o Chile, Argentina e outros, talvez até a Indonésia, em que a responsabilização pelos crimes do passado foi atingida através do processo de desenvolvimento económico e, mais importante, democrático", declarou Hans Klemm.

"Levou uma geração antes de esses países poderem trazer os culpados à justiça", sublinhou o embaixador norte-americano.

"Os dirigentes timorenses com quem tenho falado dizem que talvez tenha de haver um processo semelhante na Indonésia antes de se poder julgar a violência" que aconteceu em Timor-Leste.

"Os Estados Unidos gostariam que fosse mais rápido", ressalvou, porém, o embaixador norte-americano.

Hans Klemm respondia à questão sobre a credibilidade da Comissão de Verdade e Amizade (KPP, na sigla indonésia), criada entre a Indonésia e Timor-Leste para investigar a violência cometida antes e depois do referendo pela independência.

A KPP deverá apresentar em breve o seu relatório final aos Presidentes dos dois países e ao primeiro-ministro timorense.

Na semana passada, o secretário de Estado adjunto norte-americano para Ásia-Pacífico Oriental, Crhtsipher R. Hill, em visita a Jacarta, declarou que se o resultado da KPP "está bem para a Indonésia e para Timor-Leste, também está bem para os Estados Unidos".

A declaração foi condenada por vários grupos de direitos humanos que leram nas palavras do responsável americano uma legitimação da KPP.

"A KPP tem um mandato limitado e reconhecemos isso", explicou Hans Klemm à Lusa.

"Mas temos esperança que o relatório seja um passo importante para a responsabilização dos culpados pela violência. É preciso notar que nós ainda não lemos o relatório. Nem uma página. É injusto avaliar a sua credibilidade sem ler", notou o embaixador norte-americano em Díli.

PRM.
Lusa/fim

1 comentário:

Anónimo disse...

Por este andar nem daqui a uma geração.
Este governo e em geral todo o dirigismo timorense, com algumas poucas excepções, tem de aprender que vai uma grande diferença entre diplomacia e rebaixismo, conivência, branqueamento. E aí vai uma grande diferença entre a fretilin e o resto das forças politicas, pois durante os quase 4 anos de governação desta até Abril de 2006, mesmo que com algumas criticas que se possam fazer no processo de reconciliação, manteve sempre uma linha clara dos valores que norteavam na relação entre o futuro moldável e um passado imutável, nunca passando, qual bulldozer, por cima dos mauberes martirizados durante 24 anos.
Ser PM não é ser ministro dos Negócios Estrangeiros nem um qualquer diplomata, ser PM tem uma carga simbólica fundamental, deve transmitir uma imagem de liderança moral, impoluta, referencial para toda a população, dando mostras à sociedade que se lidera a direcção que se preconiza para o futuro da mesma.
E neste caso o que parece tem muita importância, os actos simbólicos são representativos de ideais e valores e não são apenas actos desprezáveis. Posso dizer que o Sr. PM Xanana é apologista para a sociedade Timorense do uso indiscriminado da hipocrisia, da inexistência de passado, e da inexistência de honra perante os que mais sofreram. Passado???? Que é isso??? Haaaaaaa, é desprezível????? Não, não é com estas coordenadas, que eu quero ver a sociedade timorense desenvolver-se.
Do PM Xanana eu não consigo dizer quem é que ele respeita ou não, qualquer pessoa sabe que não é assim que se criam verdadeiras amizades. Vejam…..a Inglaterra recusou-se a ir à reunião da União Europeia com Africa por causa da presença do PM do Zimbabué, o PM português estava lá, mas não lhe deu grande abraço, nem sorrisos e gargalhadas, nem bolachinhas nem cházinhos.
Gostava de propor à fabrica, para que mais facilmente se entenda o que digo, que se faça um apanhado fotográfico da governação do antigo PM Alkatiri e do actual PM Xanana, os momentos de aperto de mão, as cerimonias solenes a que foram, ponhamos lado a lado ambas as compilações e vejamos…com quem, com que disposição, qual o grau de afabilidade, etc……tudo conta ( nesta noticia já temos um bom exemplo). O que parece tem imensa importância em todas as direcções, e não apenas naquela que dá mais jeito aos políticos.
PM Xanana, governo e dirigentes, aprendam a comportar-se perante quem vos deu o poder, honrem o povo TIMORENSE.

MALAI LARAN-KRAIK

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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