Díli, 12 de Novembro de 2007
Exmos. Senhores,
Hoje, dia 12 de Novembro, onde se relembra o massacre do Cemitério de Santa Cruz, continua a impunidade sobre os crimes cometidos contra os jovens timorenses que tombaram há 16 anos.
A comissão criada pelo anterior Presidente da República, Xanana Gusmão e o Governo Indonésio, iliba de responsabilidades criminais os criminosos indonésios, com a forte oposição das Nações Unidas, que se recusou a testemunhar neste processo, que garante impunidade aos crimes de guerra cometidos durante a invasão.
Mas a impunidade não se resume a estes crimes. Relativamente aos crimes cometidos durante o ano de 2006, o Presidente Ramos-Horta deu ordens ao Comandante das Forças Internacionais de Estabilização, segundo declarações do próprio Brigadeiro australiano, para que NÃO executasse os mandados de captura do Tribunal ao criminoso Reinado, que se encontra foragido, desde que os militares australianos o "deixaram" sair da prisão, segundo as próprias palavras deste criminoso.
Lembramos que o mandato trilateral assinado pelos Governos de Timor-Leste, Austrália e Nações Unidas, prevê que os militares australianos tenham o dever de apoiarem as actividades policiais, sempre que se justifique e seja solicitado pelas Nações Unidas.
A Comissão Europeia e Portugal são os principais doadores do programa de consolidação da Justiça em Timor-Leste.
Pedimos, por ocasião da visita do Representante Especial das Nações Unidas em Timor-Leste, a Bruxelas, que sejam manifestadas preocupações relativas a estas questões.
A Presidência da República interfere inconstitucionalmente com os Tribunais, existe um grau vergonhoso de impunidade e o sistema judicial carece do apoio internacional, mais que nunca.
Não basta termos ajudado Timor-Leste a ser um país independente. Temos a obrigação de o manter independente, soberano e um Estado de Direito.
Senão, só contribuimos para mudar Timor-Leste de mãos...
segunda-feira, novembro 12, 2007
À Presidência da União Europeia, ao Presidente da Comissão Europeia e aos deputados do Parlamento Europeu
Por Malai Azul 2 à(s) 20:29
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
1 comentário:
Obituário de Armando Rafael (1963-2007): Ninguém devia partir para sempre com esta idade
Diário de Notícias, 11/11/07
Por PEDRO CORREIA
A morte deixa-nos sempre um sentimento de perda. Mas quando parte alguém que estimamos muito, essa perda parece-nos irreparável. Foi assim que ficámos, em estado de estupefacção, ao sabermos ontem a notícia da morte do Armando Rafael. Morte súbita, morte estúpida, morte absurda. O Armando já não estava cá, mas era ainda um dos nossos. Olhávamos para a secretária que foi dele até há pouco e a todo o momento julgávamos vê-lo ainda ali sentado. Ele era um dos jornalistas mais qualificados do Diário de Notícias. Licenciado em Direito, tinha uma vasta cultura e conhecimentos enciclopédicos sobre as matérias que mais o apaixonavam. E eram muitas - da política à economia, da gastronomia ao desporto. Sportinguista, costumava jogar futebol com amigos de várias convicções clubísticas.
E amigos era o que não faltava ao Armando Rafael. Nascido em 1963 em Moçambique, viveu com o coração repartido entre África e a Europa. Já em Lisboa, nunca deixou de se interessar pelas questões africanas. No DN, foi durante muitos anos o maior especialista nesta matéria, tendo assinado várias reportagens nos países da África lusófona, onde dispunha de uma vasta rede de fontes de informação.
A paixão pela África lusófona tinha natural extensão a Timor-Leste, onde conhecia todos os principais políticos. O acompanhamento, dia a dia, da última grande crise política em Díli, em 2006, foi um dos seus trabalhos jornalísticos de maior fôlego, tal como as reportagens que fez na Guiné-Bissau ou em Londres, quando ali ocorreu o atentado bombista de 11 de Julho de 2005. Sabia bem que um jornalista não trabalha só para a história do dia: trabalha também para a História. Maiúscula.
Não teve outro jornal senão este. Trabalhou no DN desde 1989 até há dois meses, com um interregno durante o Executivo de António Guterres, em que aceitou chefiar os gabinetes de dois ministros - António Vitorino, primeiro; António Costa, depois. Tinha militado na Juventude Socialista, estava geralmente em sintonia com o PS, mas fez sempre questão de separar as águas. A tal ponto que ao retomar funções no DN, por vontade própria, não voltou a assinar artigos sobre política nacional.
João Fragoso Mendes, que editava a secção política no final dos anos 80, lembra-se dos primeiros tempos dele como estagiário: "Revelava uma perspicácia invulgar, tinha uma curiosidade intelectual acima da média, era muito responsável." Apesar da diferença de idades, ficaram amigos para a vida. O Armando era assim: exímio na arte de cultivar amizades, o que não lhe fazia perder o espírito crítico quando julgava ter razão. E tinha, muitas vezes.
Mário Bettencourt Resendes dirigia o DN quando o jornal foi reestruturado, em 1992. Convidou-o para editor da Política e lembra-se dele enquanto "jovem e talentoso jornalista, que acompanhava muito bem a actualidade". Foi outro amigo que o Armando manteve até ao fim. "Se a vida tivesse sido mais generosa com ele, não duvido de que acabaria por assumir um papel destacado no jornalismo ou na política", acentua o actual provedor dos leitores do DN.
O Armando funcionava, além do mais, como um grande traço de união entre todos os camaradas de trabalho. Isto ficou bem evidente quando foi membro do Conselho de Redacção do jornal: mesmo em situações de crise, sabia estabelecer pontes entre pessoas de diversas sensibilidades. Isto não era calculado, nem estudado: era um dom nato dele. O que não o impedia de ser frontal, mesmo com os amigos.
"Não cometam o erro de ver os factos através do buraco da fechadura", dizia aos colegas mais jovens, recomendando-lhes a leitura da imprensa internacional. Era, aliás, o que fazia enquanto saboreava o café da manhã. Tinha uma visão cosmopolita das notícias e gostava de acentuar a importância da memória nas redacções - convicto de que um jornalismo sem memória está longe de servir os leitores. Conceitos que pôs em prática nas diversas funções que desempenhou no DN: além de editor político, foi editor das secções de Internacional e Media. Era redactor principal desde 2004.
O Armando deixou-nos: em Setembro aceitou um convite de António Costa - de quem era amigo de longa data - para chefiar o seu gabinete na Câmara Municipal de Lisboa. Foi nesse mesmo gabinete que morreu subitamente, na noite de sexta-feira. Já era tarde nesse dia, mas era ainda muito cedo para partir.
Hoje, às 14.30, será rezada missa em sua memória na Igreja de São João de Deus, à Praça de Londres, em Lisboa. O funeral realiza-se pelas 17.00 para o Cemitério do Alto de São João. Muitos dos que o acompanhámos em várias etapas pessoais e profissionais não faltaremos à despedida. Mesmo assim, ainda levará muito tempo até nos habituarmos a olhar sem estranheza para o lugar que era o dele neste espaço afectivo que é sempre uma redacção de jornal. Esse lugar está agora absurdamente vazio, estupidamente vazio. Ninguém devia partir para sempre aos 44 anos. |
http://dn.sapo.pt/2007/11/11/media/obituario_armando_rafael_19632007_ni.html
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