sexta-feira, junho 01, 2007

Indonésia ameaça rever relações com a Austrália

Jornal de Notícias – Quinta-feira, 31 de Maio de 2007
Orlando Castro

As relações entre a Indonésia e a Austrália conheceram ontem um momento de crispação cujas consequências podem ser ainda mais graves. Um alto responsável indonésio, o ex-general Sutiyoso, afirma ter sido ofendido por polícias australianos que terão invadido o seu quarto, num hotel de Sydney, para o obrigar a prestar declarações sobre a morte em Timor-Leste de cinco jornalistas, em 1975, quando o território foi invadido pela Indonésia.

O tribunal australiano, que investiga a morte dos jornalistas, concluiu que existem provas suficientes para um julgamento por crimes de guerra.
O advogado Mark Tedeschi, conselheiro da juíza Dorelle Pinch, que investiga os factos, concluiu que os indícios apresentados na investigação, iniciada em Fevereiro, demonstram que os cinco jornalistas foram assassinados pelo Exército indonésio.

Tedeschi afirmou que o caso pode constituir um crime de guerra de acordo com as convenções de Genebra e que os possíveis responsáveis poderiam ser julgados na Austrália.

Sutiyoso, ex-general e governador de Jacarta, diz que descansava no hotel depois de uma visita oficial à Austrália, quando os polícias invadiram violentamente o quarto para lhe entregar uma citação para prestar declarações no âmbito de um inquérito sobre o assassinato de cinco jornalistas em Timor-Leste. Nessa data, Sutiyoso fazia parte do Exército que invadiu a ex-colónia portuguesa. Sutiyoso, que antecipou a ida para Jacarta, diz-se ofendido pela actuação das autoridades australianas, exigindo desculpas de Camberra. "Se não pedirem desculpa, serei obrigado a questionar o meu Governo sobre a oportunidade da Indonésia manter relações com a Austrália", diz Sutiyoso.

O presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, declarou-se "surpreendido" e acrescentou "não poder de forma alguma aceitar o incidente que envolveu Sutiyoso na Austrália"
Por outro lado, o embaixador da Indonésia na Austrália enviou um protesto formal ao Governo em Camberra, enquanto centenas de indonésios se manifestaram em frente da Embaixada da Austrália em Jacarta, gritando "Austrália fora".

"Fez-se justiça"

As provas apresentadas num tribunal australiano que investiga a morte de Brian Peters, um dos cinco jornalistas mortos em Timor-Leste há mais de 30 anos, demonstraram que todos eles foram assassinados pelo Exército indonésio.

Além do jornalista português Adelino Gomes, que não foi apanhado pelas tropas de Jacarta, os britânicos Brian Peters e Malcolm Rennie, os australianos Greg Shackleton e Tony Stewart e o neozelandês Gary Cunningham foram as vítimas.

Adelino Gomes afirmou que assim "foi feita justiça". "Fez-se justiça. Tardia, muito tardia... mas justiça, o que é sempre reconfortante para a cidadania", afirmou o jornalista português.

Naquela altura, em Outubro de 1975, Adelino Gomes encontrava-se destacado pela RTP para cobrir uma previsível invasão de Timor-Leste, tendo tido contacto, na véspera, com os cinco jornalistas.

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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