Diário Económico, 30/03/07
Timor 2007-03-30 00:05
A poucos dias de deixar a presidência de Timor, Xanana lança duras críticas ao seu antigo partido.
Por: John Aglionby, em Díli
Xanana Gusmão, Presidente de Timor Lorosae, acusou ontem a Fretilin de corrupção, arrogância e má gestão, e responsabilizou o partido no poder pela violência e estagnação económica que grassam no país desde a sua independência em 2002.
Xanana, cujo actual papel é meramente simbólico, declarou em entrevista ao “FT” que o desempenho da elite governativa só tem comparação com o regime brutal que a Indonésia impôs ao território durante 24 anos, e que culminou na sua quase total destruição em 1999, após o referendo sobre a independência. “A Indonésia mentia e matava, mas a economia continuava a funcionar”, diz Xanana. “Agora somos uma nação independente, mas a economia estagnou. As estradas continuam por reparar e as escolas estão a funcionar, mas a construção não é a melhor. E os edifícios que se constroem são para abrigar os ministérios, ou seja, o povo continua a sofrer”.
Explica ainda que a estrada junto a sua casa “tem de ser reparada duas vezes por ano, todos os anos. Tapam um buraco e, três meses depois, está maior do que estava inicialmente, Se tivéssemos um governo sério, isto não seria assim”.
Xanana Gusmão termina o seu mandato em Maio. As eleições presidenciais são a 9 de Abril e o sucessor será escolhido entre os oito candidatos que se perfilam. José Ramos-Horta, actual primeiro-ministro, será muito provavelmente o sucessor.
Xanana, que abandonou a Fretilin no início da década de 80, anunciou esta semana que tenciona formar um novo partido e que está preparado para enfrentar a Fretilin já nas próximas eleições parlamentares, no final do ano. Para o Presidente, o seu antigo partido “está totalmente corrompido: as mãos pedem dinheiro e a boca limita-se a dizer “Sim, senhor…Sim, senhora”. Se Xanana Gusmão ganhar as parlamentares tudo indica que manterá melhores relações com a ONU do que a Fretilin. O ex-líder da guerrilha timorense dez questão de dizer que a presença da missão das Nações Unidas, enviada para o território após a vaga de violência no ano passado, só se justifica até meados de 2008. O mesmo não se aplica a agências especializadas da ONU: “Estas serão necessárias no terreno durante largos anos para ajudar Timor”, declara. A ONU governou Timor durante três anos, na sequência da retirada da Indonésia em 1999.
O líder da Fretilin, Mari Alkatiri, foi obrigado a demitir-se do cargo de primeiro-ministro em Agosto, após uma nova vaga de violência que provocou a morte de, pelo menos, 37 pessoas, obrigando 150 mil a abandonar as suas casas e ditando o fim da estrutura militar e policial. Foram então enviados para o terreno 2,500 efectivos militares estrangeiros para impor a ordem.
Ontem, Alkatiri qualificou o futuro partido de Xanana – Conselho Nacional de Reconstrução de Timor – de “bando de mentirosos” e acusou-os de fomentarem a violência que acabou por ditar a sua saída. “Xanana Gusmão nunca concretizará o sonho de ser primeiro-ministro. A Fretilin vencerá as eleições quaisquer que sejam os seus adversários”
Tradução Ana Pina
Exclusivo DE/”Financial Times”
sexta-feira, março 30, 2007
Xanana Gusmão acusa Fretilin de estar “totalmente corrompida”
Por Malai Azul 2 à(s) 21:03
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
1 comentário:
Quais os embasamentos científicos (sondagens, dados oficiais, etc) que suportam a afirmação feita pelo Financial Times (um jornal com credibilidade e respeito internacional) quando diz "José Ramos-Horta, actual primeiro-ministro, será muito provavelmente o sucessor de Xanana"? Se é isto que chamam de jornalismo sério pelo mundo fora...eu continuo de fora
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