terça-feira, novembro 07, 2006

Xanana Gusmão acusa Fretilin de falta de honestidade política

Presidente timorense escreve artigo polémico
06.11.2006 - 19h12 Lusa, PUBLICO.PT

O Presidente timorense, Xanana Gusmão, acusou hoje a Fretilin e o seu Comité Central de "total falta de honestidade política", considerando que um documento aprovado na última reunião daquele órgão partidário representa um "insulto" à inteligência.

A acusação de Xanana Gusmão é feita na primeira parte de um artigo intitulado "A teoria das conspirações" que o Presidente publica no "Jornal Nacional Diário" de Díli.

Com a data da passada sexta-feira, o longo artigo assinado por Xanana Gusmão – com uma segunda parte prometida para a edição de amanhã do jornal –, analisa ponto por ponto o documento aprovado na última reunião do Comité Central da Fretilin, a 29 de Outubro. No texto, a direcção do partido concluiu que a crise no país visou "pôr em causa a ordem constitucional", envolvendo "actores internos e externos" que, todavia, não identifica.

Face a estas acusações, que lhe serão dirigidas, Xanana escreve: "Imploro, rogo, peço ao CC da Fretilin para apresentar com melhores detalhes o plano urdido de golpe e de conspirações, com a identidade de todos os actores, internos e externos".

Para o partido maioritário, liderado pelo ex-primeiro-ministro, Mari Alkatiri, a crise assenta "essencialmente num conflito de natureza política, onde o desrespeito pela ordem constitucional democrática e os meios e formas de agir reflectem o carácter profundamente antidemocrático e golpista".

Segundo esta tese, a conspiração terá começado logo em 2002, com "a tentativa de forçar a criação de um governo de unidade nacional", tendo assumido diversas formas até à crise actual.

"Durante estes quatro anos, um plano bem traçado de contra-inteligência foi sendo implementado" e dele fizeram parte a exploração de alegadas rivalidades e de um "clima de suspeição mútua" entre as forças armadas e a polícia nacional, segundo o partido maioritário.

Para o Presidente timorense esta tese sugere “a total falta de honestidade política” da liderança timorense e representa “um insulto às mentes comuns das pessoas comuns”.

Mais à frente, Xanana Gusmão acusa a liderança da Fretilin de “hipocrisia política” por sugerir que em 2002 se registaram tentativas para derrubar o Governo de Alkatiri e de “falta de esperteza”, criticando-a por tentar deturpar a história.

Xanana publica o longo artigo duas semanas depois da divulgação do relatório da comissão independente criada pela ONU para investigar a onda de violência registada na última Primavera em Díli.

O documento confirma a progressiva erosão da relação entre o Presidente e o Governo de Alkatiri e recomenda a abertura de processos criminais contra vários dirigentes. Ao contrário de vários antigos membros do Governo, Xanana é ilibado de envolvimento em actos criminosos, mas é criticado por algumas atitudes adoptadas durante a crise, como o desrespeito pelos canais institucionais ou falta de comedimento em momentos de maior tensão.

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1 comentário:

Anónimo disse...

http://jornal.publico.clix.pt/noticias.asp?a=2006&m=11&d=07&uid=&id=106085&sid=11711

Xanana polemiza com Fretilin na imprensa de Díli
Adelino Gomes, Público, 7 Novembro 2006
"Porta-vozes da
teoria da conspiração em Timor-Leste
estão em Portugal
e na Austrália"
Os adeptos timorenses da teoria da conspiração têm os seus porta-vozes espalhados em países "como a Austrália e em Portugal", acusa o Presidente de Timor-Leste, Xanana Gusmão, na primeira parte de um artigo publicado ontem num jornal diário de Díli, em resposta a acusações que lhe foram formuladas em 29 de Outubro passado pelo comité central da Fretilin (CCF).
A iniciativa, inédita, põe termo a longos meses de silêncio de Xanana, perante os media, sobre a crise que sacode o país há sete meses, e que originou a morte de mais de cinco dezenas de pessoas e mais de 150 mil deslocados.
Através do Jornal Nacional Diário, Xanana faz um longa, detalhada e irónica contestação à tese da teoria da conspiração, subjacente à análise feita pelo CCF acerca da crise. "Há pessoas que gostam de apresentar teorias de conspiração para poderem aparecer como as vítimas injustas... dos seus próprios actos", acusa, dizendo há "essa teoria de conspiração", conta com "porta-vozes espalhados em muitos países, como a Austrália e Portugal".
Xanana acusa o CCF de "total falta de honestidade política", em particular nas referências ao "desrespeito pela ordem constitucional democrática" e ao "carácter profundamente antidemocrático e golpista" de acções em que ele próprio teria estado envolvido.
"Estou a gostar imenso da expressão "carácter profundamente anti-democrático e golpista", expressão que revela a suma sapiência de doutores formados em países democráticos, durante 24 anos, enquanto o povo resistia, sem doutores, para ganhar a guerra!", escreve, irónico.
O líder timorense pede que a Fretilin apresente "o plano urdido de golpe e de conspirações, com a identidade de todos os actores, internos e externos", e promete abordar, hoje, outra passagem do documento acerca de "um plano bem traçado de contra-inteligência" elaborado durante os últimos quatro anos - tantos quantos leva Xanana na Presidência da República.
Artigo na íntegra em: http://www.publico
.clix.pt/docs/internacional/xananaGusmao.pdf

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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