terça-feira, agosto 22, 2006

Violência juvenil marca ruas de Díli

DN
21.08.2006

Grupos de jovens voltaram, ontem, a queimar casas e a apedrejar automóveis na capital timorense sem fazer vítimas. Fonte da GNR revelou, entretanto, à Lusa que esta força deteve quatro jovens que estavam ligados aos distúrbios e procuraram enfrentar os militares da GNR.

O capitão Gonçalo Carvalho, que se encontra no bairro de Comoro a chefiar as operações de busca para deter os autores dos incêndios, disse haver indicações de que duas habitações foram queimadas, sublinhando que "só mais tarde será possível apurar" a extensão de mais uma noite de violência nas ruas de Díli.

Os novos actos de vandalismo ocorrem quando o Conselho de Segurança das Nações Unidas discute ainda o formato da nova missão da ONU em Timor-Leste, que incluirá uma força de segurança.

Na sexta-feira, o Conselho de Segurança decidiu adiar por uma semana a votação da resolução sobre a nova missão da ONU em Timor-Leste por a Austrália, que tem o apoio dos EUA e Reino Unido, reivindicar o comando da respectiva componente militar, exigência a que se opõem alguns países.

O primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, manifestou ontem o seu desagrado face à decisão do Conselho de Segurança. "Não me agrada, não é do interesse de Timor-Leste que haja mais adiamentos e espero que o mais tardar, no dia 25, uma decisão seja tomada", disse, à Lusa, o chefe do Governo.

Ao criticar o adiamento, o sucessor de Mari Alkatiri salientou já existir um acordo sobre a força policial da futura missão, pedindo aos membros do Conselho de Segurança que se "debrucem sobre esse ponto". E precisou: "Não existindo [ainda] acordo sobre a força de paz, este não deve ser motivo para adiar o acordo sobre a força policial, já que se podia deixar para mais tarde uma decisão sobre a componente militar."

Na sua opinião, é "essencial" que a missão policial chegue rapidamente, para evitar que novos incidentes continuem a ocorrer em Díli, como aconteceu sábado, quando grupos de jovens incendiaram sete casas e apedrejaram vários automóveis.

No mesmo dia em que também assinalou o 31.º aniversário das Falintil e apelou "à unidade e ao cerrar de fileiras" dos seus militares, Ramos-Horta confirmou que o processo de "reactivação" da Polícia Nacional de Timor- -Leste (PNTL) será liderado pelo comissário da PSP Antero Lopes, ao serviço da ONU.

Apesar de Ramos-Horta sublinhar que ainda não é possível falar "em comando", fonte da ONU em Díli afirmou à Lusa que Antero Lopes, que no passado participou na formação da PNTL e na criação da Academia de Polícia de Timor-Leste, "irá assumir temporariamente o comando" da próxima missão policial das Nações Unidas no país.

21 comentários:

Anónimo disse...

Eu acho piada ao pudor de todos os jornais que só falam em quem concorda com a posição da Austrália mas que se esquecem de dizer que os membros do Conselho de Segurança que discordam e que apoiam a proposta do Secretário-geral da ONU são a China, a Rússia e a França, que por sinal são membros permanentes...

Bere-Key disse...

Os americanos costumam dizer que "quem paga a banda é quem escolha as músicas". Opinião dos Esatdos Unidos, neste momento, conta muito mais que qualquer outro país, seja ou não membro Permanente do Conselho de Segurança.
A situação geo-estratégica de Timor implica preocuparmo-nos com a opinião dos americanos e australianos (e estes, acredite, custa muito) do que com a opinião dos chineses, russos ou franceses.
Esta ingenuidade, em 75, custou-nos bem cara.

Anónimo disse...

Ai de ti Timor, se fores muito na cantiga da Margarida.

Anónimo disse...

Bere-Key: O Ramos-Horta parece que tem a mesma opinião e a madame também. Presumo que a sua é idêntica, "sigamos atras dos aussies". Depois quando descobrir que afinal quem pagou a factura foram os recursos naturais de TL, não se queixe. Já esquecia, para você tanto faz, aliás nem está em TL.

Anónimo disse...

Aqui convém ler a posição francesa com cautela. A França está-se nas tintas para Timor. Presumo que esta posição seja apenas para forçar os EUA nas negociações da da força de paz no Líbano. E, coseguido o intento, deixam cair a posição deles quanto a Timor.
Por outro lado, a França não pode correr o risco de hostilizar a Austrália, que pode ser uma grande ajuda na questão dos independentistas da Nova Caledónia.

Restam a China e a Rússia.
A China está a fazer o seu jogo no interesse da expansão da sua influência e a Rússia aproveita para se pôr contra o Japão (que alinha no eixo EUA-Austrália, como forma de conter a crescente influência da China), com quem mantém um contencioso sobre as Ilhas Curillas desde o fim da II guerra, quando as abarbatou a título de compensação por danos de guerra.

Como se vê, de entre o 5 membros permanentes do CS, Timor não tem amigos, tem aliados por interesse.

É na utilização inteligente desse jogo de interesses que o Parlamento de Timor pode fazer passar uma resolução a expôr a sua preferência. Se é que a FRETILIN está interessada....

Anónimo disse...

Anónimo das 2:53:59 AM: Mas eu falei em aliados? Foi palavra que nem usei. O que defendo nesta questão é que TL não se deve deixar enredar com nenhum dos vizinhos poderosos que tem e antes já tinha frisado que felizmente que TL tem amigos no mundo e parece que fora os USA e os britânicos mais ninguém acompanha os Australianos na questão do comando separado nem sequer os neo-zelandezes, o que me parece bastante positivo. Por mim parece-me que a “preferência” deve ser uma missão integralmente comandada pela ONU.

Anónimo disse...

Engana-se, os japoneses estão ao lado dos EUA, pelas razões que já acima expus.

Timor não se pode deixar enredar por nenhum poderoso, seja vizinho, seja longínquo.
Ou acha que Chineses e Russos apoiam a pretensão de Timor por gostarem do tom de pele dos timorenses?
Veja lá se se importaram com as Ilhas Salomão?

São todos iguaizinhos. Quais amigos.

E mesmo da CPLP, o Brasil só apoia agora (sempre se absteve nas votação da assembleia geral da ONU sobre Timor antes de 1999), porque a Petrobrás concorre aos blocos de petróleo e gás.

Não sejamos ingénuos. Leia com mais atenção o que escrevi acima.

Essa teoria da "Internacional" dos países amigos é conversa da treta.
Onde se lê "amigos" deve ler-se aliados ou com governos ideológicamente alinhados que nos podem ajudar a expandir a ideologia e a influência.

O resto são cantigas.
E nesse aspecto, nunca escondi a minha concordância com a diversificação de dependências (não existe independência económica absoluta) que Mari tentava alcançar.
Foi pena ter deixado (ou mesmo por iniciativa sua), que a FRETILIN tentasse ser o estado, o povo, as pedras, as árvores, tudo em Timor.

Essa psicose ML é que deitou tudo a perder e está a causar grande sofrimento ao povo. Como sempre acontece nos regimes totalitários ou que o intentam.

Anónimo disse...

Anónimo das 4:27:19 AM: sim tem razão, esqueci-me que o Japão faz parte do Conselho de Segurança até ao fim do ano. Mas repare nos outros há cinco que pertencem ao Movimento dos países Não Alinhados: Congo, Ghana, Peru, Qatar, e Tanzânia e nos restantes só vejo problemas talvez com a Eslováquia, parece que com a Argentina, a Dinamarca e a Grécia não haverá assim tantos. É que essa ideia de neo-protectorismo dos Australianos não é muito bem vista noutra partes do mundo.

E lembre-se que o actual Presidente do Movimento dos Não Alinhados é o actual PM da Malásia. De facto foi uma boa jogada do Alkatiri ter convidar a Malásia quando convidou Portugal… quem sabe, sabe!

Anónimo disse...

Os EUA têm um argumento de pêso que ninguém ousa contrariar nestas questões.
Basta-lhes dizer: Se é assim que querem, paguem vocês.

E ficam o Ghana, o Congo, o Peru, o Qatar e a Tanzania a coçar a cabeça e sem saber o que fazer.

E sendo o dinheiro, dos impostos dos cidadãos americanos, é natural que seja utilizado conforme melhor lhes sirva os interesses, ou não?

E não é interesse dos EUA, obviamente, deixar que a China estenda a sua influência, não acha?

Timor é apenas um tabuleiro onde todos os grandes jogam o seu xadrez de estratégias e influências. Tal como o Líbano, o Iraque, o Afeganistão ou a RDC.

Acha alguém que os 5 com poder de veto querem minimamente saber de Timor?

Utilizarão o voto em relação a Timor como moeda de negociação de outros tabuleiros.

Mas alguém acredita em não alinhados?

Quem iniciou esse movimento não foi Fidel? E quando o iniciou havia alguém mais alinhado com Moscovo?

Santa ingenuidade.

Anónimo disse...

Anónimo das 5:37:48 AM: e eu a pensar que todos – todos! – pagam as suas quotas à ONU e a lembrar-me que os USA é que estiveram uma série de anos armados em caloteiros sem pagar… e mesmo assim a ONU funcionou. Aliás, só há pouco é que os USA reentraram na UNICEF porque como não pagavam tiveram de sair.
Não seja tão seguidista, informe-se um pouco mais, descobrirá que eles “pesam” muito porque têm muitas armas, aliás, qualquer dia, pelo caminho que as coisas levam, só fabricam mesmo armas. Olhe que nem valem assim tanto como pinta, nem os outros são assim tão de desprezar. E como vê pelas minhas contas, não é por acaso que tiveram de adiar a votação sobre TL mais uma semana.

Anónimo disse...

Pois todos pagam, mas se não sabe devia saber que nem todos pagam na mesma proporção da população que têm.

Vá ao site da UN e procure os dados.

Veja lá quem paga sozinho quase 30% de todas as despesas da ONU.

Há uma expressão em americanês que diz: " Put your money where your mouth is".

Eu não sei como eles fazem, mas que estão a crescer quase 4% ao ano, é verdade.
E crescer significa produzir e exportar.

Eu nem sou um especial adepto da política externa dos EUA, mas como diz um amigo meu: " They are the ones who bring the toys to the game".

Eu bem sei que tiveram que adiar a votação, mas como no futebol, previsões só mesmo no fim do jogo.

Anónimo disse...

Eles estao a crescer 4% por ano e voce nao sabe como eles fazem?
Que ingenuo? E o oleo que vao gamando do Iraque e dos outros paises pequenos mas produtores de oleo, aonde eles tem a garra, e que os fazem crescer os 4%!
Another Yankee arse licker, deve ser irmao do Horta!

Anónimo disse...

Se a ignorância fizesse crescer os dentes, você havia de fazer inveja aos elefantes.

Anónimo disse...

Duas observações:

1 - Os EUA são os maiores devedores da ONU (aqui já lembrado por outro colega). Neste caso eu diria: "Put your IOU where your mouth is".

2 - A França é a primeira interessada na independência da Nova Caledónia. Já fez vários referendos, na esperança de se ver livre desse "transatlântico" francês, mas os independentistas perdem sempre.

Anónimo disse...

O que nao se apercebe e que eh precisamente com essa divida que os EUA exercem mais influencia sobre a ONU (se nao for como nos queremos nao pagamos).

Anónimo disse...

Mas afinal estão todos a dar-me razão.
Os EUA são um contribuidor tão grande que a simples ameaça de não pagamento pôe a ONU sobre pressão.

Eu acho mal uma organização como a ONU ficar refém de um país, mas isso só se resolve com a reforma do sistema de quotas.
Claro que isso vai custar muito mais dinheiro a muitos países, mas a vida é assim mesmo.
Brincar com o dinheiro dos outros é fácil.

Anónimo disse...

a este "comentador - anónimo" da Quarta-feira, Agosto 23, 2006 6:55:42 PM e anteriores, para além do seu seguidismo que não consegue disfarçar, desafio-o a ver quem fundou o movimento dos não alinhados e que divulgue aqui os nomes dos países fundadores...
ganhe juízo pf e não acuse os outros daquilo que praticou: um fundamentalismo bacoco bolorento e um desenterrar de velhos chavões....

Anónimo disse...

Anonimo das 9:03:47: E por isso e que voce tem a tromba tao grande!

Anónimo disse...

st:
Cuba fez parte como membro da I conferência de Chefes de estado e de governo dos países não alinhados que aconteceu em 1961 em Belgrado.
E quer dizer-me que não era um país mais que alinhado?
Então a que se deveu a crise dos mísseis?

Parece-me que seguidismo....

Anónimo disse...

Anónimo das 11:32:01 AM: esquece-se que os primeiros mísseis foram os que os USA instalou na Turquia e que depois da "crise", os russos tiraram-nos de Cuba, e os USA da Turquia. Claro que se fez muito barulho com os que estavam em Cuba para não se ver o que se passava na Turquia, mas a crise saldou-se com a retirada desses mísseis todos, da Turquia e de Cuba.

Anónimo disse...

E cá vai a lista dos países Não Alinhados:

http://www.e-nam.org.my/main.php?pg=map
NAM Member States


A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z

A
Afghanistan
Algeria
Angola
Antigua and Barbuda

B
Bahamas
Bahrain
Bangladesh
Barbados
Belarus
Belize
Benin
Bhutan
Bolivia
Botswana
Brunei Darussalam
Burkina Faso
Burundi

C
Cambodia
Cameroon
Cape Verde
Central African Republic
Chad
Chile
Colombia
Comoros
Congo
Côte d’Ivoire
Cuba

D
Democratic People's Republic of Korea
Democratic Republic of the Congo
Djibouti
Dominica
Dominican Republic

E
Ecuador
Egypt
Equatorial Guinea
Eritrea
Ethiopia

F

G
Gabon
Gambia
Ghana
Grenada
Guatemala
Guinea
Guinea Bissau
Guyana

H
Honduras

I
India
Indonesia
Iran
Iraq

J
Jamaica
Jordan

K
Kenya
Kuwait

L
Lao Peoples' Democratic Republic
Lebanon
Lesotho
Liberia
Libyan Arab Jamahiriya

M
Madagascar
Malawi
Malaysia
Maldives
Mali
Mauritania
Mauritius
Mongolia
Morocco
Mozambique
Myanmar

N
Namibia
Nepal
Nicaragua
Niger
Nigeria

O
Oman

P
Pakistan
Palestine
Panama
Papua New Guinea
Peru
Philippines

Q
Qatar

R
Rwanda

S
Saint Lucia
Saint Vincent and the Grenadines
Sao Tome and Principe
Saudi Arabia
Senegal
Seychelles
Sierra Leone
Singapore
Somalia
South Africa
Sri Lanka
Sudan
Suriname
Swaziland
Syrian Arab Republic

T
Thailand
Timor Leste
Togo
Trinidad and Tobago
Tunisia
Turkmenistan

U
Uganda
United Arab Emirates
United Republic of Tanzania
Uzbekistan

V
Vanuatu
Venezuela
Vietnam

W

X

Y
Yemen

Z
Zambia
Zimbabwe

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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