Por Jeremy Ballenger – colocado Segunda-feira, 24 Julho, 2006
Online Opinion
Com a situação presente, vagarosamente a dirigir-se para uma resolução politica, chegou a altura de considerar os próximos passos do nascente governo do mais novo vizinho da Austrália.
Muiros teóricos e comentadores argumentam que o desenvolvimento em Timor está inexoravelmente ligado ao crescimento do PIB. Este argumento salienta que o desenvolvimento com sucesso não ocorrerá sem o aumento dos níveis de rendimento, deixando-nos a imaginar como é que Timor pode ter a esperança de tirar um coelho económico da cartola do desenvolvimento. Com o fiasco persistente que é o acordo do Mar de Timor, aumentos nos rendimentos reais demora um tempo para começar a correr, se alguma vez acontecer: tempo que Timor não tem se quer evitar um regresso do recente desassossego.
Como se pode conseguir isso num país onde se argumenta estar à beira de não ter um tostão? O parlamento Timorense está no processo de aprovar um orçamento de US$415 milhões, o qual nas palavras do antigo Ministro dos Estrangeiros José Ramos-Horta é igual ao “orçamento duma universidade ou duma pequena cidade na Austrália”.
Em relação a Timor, o primeiro objective deve ser melhorar a qualidade de vida duma população que subsiste com aproximadamente US$1 por dia. De acordo com a sabedoria do desenvolvimento convencional, isto requer dinheiro e recursos, e este facto apoia o argumento que o rendimento deve crescer antes de se dar às pessoas serviços essenciais. Muitas vezes, este argumento é alargado, com teóricos a aconselharem um adiamento completo até haver capital disponível para investimento social pelo governo. Primeiro as galinhas, os ovos seguir-se-ão.
Neste ponto parece um problema insuperável. Que tal as economias de custos relativos? Pela sua própria natureza, serviços sociais tais como aqueles que os Timorenses necessitam desesperadamente precisam de mão-de-obra intensiva no seu aprovisionamento. Num país com salários médios de menos de um dólar, esses serviços são relativamento baratos.
Pode haver menos dinheiro, mas com os níveis salariais existentes significa que Timor não precisa de tanto dinheiro para fornecer tais serviços que utilizam muita mão-de-obra. Dito simplesmente, custa muito menos do que providenciar serviços similares no mundo desenvolvido com sindicatos e “salários de vida””. Por isso, não há necessidade de esperar.
Tendo como base iniciativas dirigidas ao apoio, em vez do mais popular crescimento dirigido ao rendimento, deve ser dada uma consideração séria a esta abordagem. Não resultaram particularmente bem outros rendimentos dirigidos por iniciativas de negócios. Veja-se o exemplo do café.
A Fairtrade, Oxfam, Community Aid Abroad e mesmo USAID e a CNN trombetearam as delícias do café Timorense bem e alargadamente, com os cafés a obrigarem-nos a pagar uma taxa para saborear o deliciosamente doce sabor. Mais do que uns tantos poderosos argumentaram que o café, ao lado do petróleo e do gás levará à regeneração económica dos Timorenses. Deixando de lado o petróleo e o gás, até à data o café não resolveu nada. É tempo de reconhecermos que o falhanço do café se deveram a sólidas razões económicas.
O café não é um bem escasso. Parafraseando o economista Tim Harford, cultiva-se o café em todo o mundo, requer trabalho duro mas pouca habilidade para o produzir. Para complicar mais a material o comércio de café bruto está relativamente livre de barreiras económicas, sujeito a forças de mercado livre. A falta de subsídios de protecção ou de preços também não o torna atractivo para os agricultores nos países desenvolvidos, que deixam, para ser cultivado pelos pobres do mundo, o café e outros bens como o arroz.
O café é também um negócio onde se entra com facilidade, e iniciativas como as da Fairtrade só o tornam mais atractivo para gente pobre que se quer alimentar. Tais iniciativas aquecem os corações dos filantropos e consumidores éticos do mundo desenvolvido, mas só beneficiam um pequeno grupo de produtores de café.
A questão é que a existência da Fairtrade e outras iniciativas similares não altera um facto muito importante – globalmente, está a ser produzido demasiado café. Tanto quanto gostamos de o beber, está bastante claro que somente nestes factos, o desenvolvimento económico Timorense com sucesso baseado no grão de café é tão provável como qualificarem-se para o próximo Campeonato Mundial.
São necessárias alternativas ao café, petróleo e gás. Ao mesmo tempo que não advogo a desistência da indústria do café, a relatividade da economia que mencionei anteriormente sugerem várias outras áreas para o desenvolvimento que contrabalançam eficientemente os níveis de salários relativamente mais baixos e o uso de indústrias com mão-de-obra intensiva.
Deixando de lado a energia e os cuidados de saúde, alternativas possíveis de preencher estes requirementos incluem a pesca comercial, a aquacultura e a agricultura. Todas têm ainda acrescidos benefícios de escala.
Apesar de ter sido horrivelmente devastada durante a retirada Indonésia, o ambiente natural de Timor é de cortar a respiração tanto na terra como no mar. A ilha está situada num precipício à beira dum canal de 3.5km de profundidade no Estreito de Wetar, habitat de atuns, cobras de água profundas e uma grande colecção de vida marinha que refrescam continuamente o habitat marinho da costa.
Um aspecto da infra-estrutura chave que não foi destruída pelos Indonésios na retirada nem pelas milícias são os portos de águas profundas. A costa norte de Timor-Leste está bem servida por excelentes instalações de água profunda, inicialmente destinadas a servir os navios de guerra Indonésios. Com esta infra-estructura largamente intacta, será necessário um investimento mínimo para essas instalações apoiarem uma indústria de pesca comercial. A pesca e a subsequente embalagem e exportação requerem, mão-de-obra intensiva e portanto de baixo custo, o que a torna difícil ignorar.
Alternativas de agricultura ao café são também necessárias. Também não tem resposta dizer-se que os pobres do mundo cultivarão o nosso café e arroz. É pouco conhecido que os campos de arroz têm como alternativa a utilização na aquacultura como maternidades na criação de peixes. Já começaram trabalhos nesta área, assistidos pela UN Volunteers and the Department of Fisheries and the Marine Environment (DFME) mas são necessários mais investimentos do governo e do desenvolvimento, providenciando tanto benefícios económicos como da saúde.
A malária é endémica em Timor-Leste. Na estação das chuvas, os campos de arroz tornam-se campos de reprodução do mosquito da malária. Métodos integrados de cultivo como a aquacultura levam os peixes a comer as larvas dos mosquitos, um passo economicamente eficiente para reduzir os mais de 130,000 casos de malária tratados nos hospitais de Timor-Leste cada ano.
Uma outra opção é a baunilha. Uma cultura alternativa de valor ao café, a baunilha tem rendimentos e mão-de-obra de cultivo comparáveis ao café, e os aspectos económicos são difíceis de ignorar. A cultura do café abrange quarto vezes mais campos por hectare, mas nos preços, os rendimentos da baunilha são seis vezes superiores para o agricultor mesmo com preços historicamente baixos da baunilha. Dito mais simplesmente – os preços de café em bruto por quilograma são de cerca de US$2 num dia bom. Num dia mau, a baunilha vale cerca de US$50 por quilograma. Um investimento na expansão desta cultura multiplica o retorno para a economia e aumenta a velocidade do desenvolvimento.
Haverá com certeza compreensível resistência ao crescimento da pesca comercial Timorense, da aquacultura e de indústrias da agricultura, especialmente quando elas competem para dólares de exportação com os negócios Australianos. Ninguém gosta de competição.
Mas a indústria Australiana deve enfrentar a realidade que esta é uma eventualidade sem escapatória.
Negar ou resistir a mudanças para aumentar o crescimento económico da economia de Timor-Leste convida a um futuro muito menos saboroso – a necessidade continuada de soldados e polícias Australianos manterem a paz num Estado vizinho empobrecido.
segunda-feira, julho 24, 2006
O que fazer em seguida em Timor? - Tradução da Margarida
Por Malai Azul 2 à(s) 20:08
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
5 comentários:
CONCORDO PLENAMENTE COM ESTE PONTO DE VISTA E QUE BELAS SUGESTOES.ALERTO NO ENTANTO PARA O FACTO DE TIMOR TER DE MUDAR A MENTALIDADE DE PENSAMENTO E A NECESSIDADE DE ACCAO PRO-ACTIVA DA POPULACAO EM VEZ DE ESPERAREM QUE TUDO CAIA DO CEU.OS POLITICOS?
QUAIS POLITICOS?VISTE-OS POR UM CANUDO.MAS ESTOU POSITIVAMENTE ESPERANCOSO QUE EM 20 ANOS TUDO ISTO SE MUDE OU NAO E VERDADE QUE QUEM ESPERA SEMPRE ALCANCA NEM QUE SEJE UM XUTO NA PANCA?
UM ABRACO
BORRA BOTAS DE DILI
Aconselho estudarem a produção de alcool combustível para automóveis,motos, geradores de energia e até para motores de avião. O açucar para exportação poderia contribuir para melhorar a balança de pagamentos de TL.
O Brasil(EMBRAPA) tem larga literatura sobre esses assuntos.
Alfredo
Br.
Concordo com alguns pontos de vista, mas parece-me a mim, que o autor não "pesca" a mínima sobre a realidade do território, sobre a actual situação sócio económica e ainda muito menos sobre a capacidade laboral das populações, que se encontra a anos luz dos mínimos desejáveis, é muito fácil (e é um lugar comun) responsabilizar a antiga administração indonésia acerca da inépcia do povo...
As sugestões implícitas neste texto são excelentes. Seria bom que responsáveis do Ministério de Desenvolvimento e do Ministério da Agricultura o pudessem ler...
Caminhante
Margarida querida!
Qual e a tua opiniao sobre este assunto que e mais importante que o Mari.
Bota faladura docura!
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