domingo, junho 18, 2006

"Rogério Lobato devia ser mais prudente" - MNE José Ramos Horta

Denpasar, Indonésia, 17 Jun (Lusa) - O ex-ministro do Interior de Timor-Leste Rogério Lobato "devia ser mais prudente", defendeu hoje em declarações à Lusa, a partir de Denpasar, Indonésia, o ministro de Estado José Ramos Horta, referindo-se às acusações proferidas pelo antigo colega no governo.

O governante, que acumula as pastas dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, comentava assim as acusações formuladas por Rogério Lobato e publicadas hoje no semanário Expresso, em que implicou o Presidente Xanana Gusmão, o comandante da Polícia Nacional de Timor- Leste, superintendente Paulo de Fátima Martins e sectores da Igreja Católica num alegada tentativa de golpe de Estado para derrubar o governo de Mari Alkatiri.

"Seria preferível que ele mostrasse alguma prudência, porque a verdade é que foi graças ao Presidente da República, e a mais ninguém, que o conflito não se agravou", sustentou Ramos Horta à Lusa, que o contactou telefonicamente a partir de Díli.

"Posso salientar que foi graças à intervenção do nosso Presidente que gradualmente, ainda no auge do conflito, polícias foram sendo afastados para fora do conflito", reforçou.

Quando Xanana Gusmão proclamou a 25 de Maio o controlo das áreas de defesa e segurança de Timor-Leste, que formalizou após a reunião de dois dias do Conselho de Estado (29 e 30 de Maio), "dezenas de polícias começaram a sair de Díli e a pouco e pouco abandonaram a violência e muitos refugiaram-se em Balibar, perto da casa do Presidente".

"Xanana Gusmão também travou dezenas de 'lorosae' (timorenses naturais dos três distritos da parte leste do país) que queriam vir a Díli para combater", destacou.

"O Presidente usou de toda a sua influência", frisou Ramos Horta.

Já hoje, em declarações à Lusa, Francisco Guterres "Lu-Olo", presidente do Parlamento Nacional e também presidente da FRETILIN, partido no poder em Timor-Leste, rejeitou as alegações de Rogério Lobato.

"Não acho (que Xanana esteja envolvido). Não acho, porque a posição do Presidente foi muito clara. Há dias dirigiu uma mensagem ao Parlamento e foi claro na sua posição", disse à Lusa Francisco Guterres "Lu-Olo".

As acusações de Rogério Lobato, ex-ministro do Interior que se demitiu do cargo no passado dia 01 de Junho, depois de uma sugestão do chefe de Estado ao primeiro-ministro Mari Alkatiri, foram feitas quando confrontado com indícios de uma investigação do Expresso que o apontam como responsável de uma tentativa de golpe.

Na mensagem que dirigiu há três dias aos deputados, Xanana Gusmão convidou todos os actores políticos timorenses a fazer um "rigoroso exame de consciência".

"Não temos outra alternativa senão medir os actos políticos que viemos praticando, consciente ou inconscientemente, e que contribuíram para que o povo viesse a sofrer mais uma vez com o resultado da nossa falta de capacidade política para resolver os problemas e que não pudemos, ou não quisemos, decifrar com o nosso conhecimento sobre a realidade de Timor-Leste", sublinhou então.

Francisco Guterres "Lu-Olo" recusa-se, contudo, a falar mais sobre a questão, salientando que a Fretilin está a fazer "todo o possível no sentido de contribuir para a estabilidade deste país e defender a ordem constitucional existente".

"O que se prevê é que virá aqui (a Timor-Leste) uma Comissão da ONU para investigar. Eu não quero tomar partido de nenhuma acusação, mas sim resolver a situação de crise, para que a população afectada regresse aos seus bairros e distritos", acrescentou.

O próprio Ramos Horta disse hoje ao princípio da tarde (hora local) à imprensa, à partida para Denpasar, que a distribuição de armas por parte de elementos ligados ao governo deve ser "exaustivamente investigada".

"A controversa questão da distribuição de armas por parte de certos elementos ligados ao governo deve ser exaustivamente investigada", frisou.

Na entrevista que a edição de hoje do Expresso publicou, Rogério Lobato reconheceu ter constituído um grupo de antigos combatentes.

"Eles eram pisteiros que ensinavam os homens da nossa Unidade de Reserva da Polícia (URP) para poderem actuar numa situação de guerrilha", respondeu Rogério Lobato ao Expresso acerca da alegação de que teria criado esse grupo paramilitar.

EL.

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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