Tradução:
A demissão do PM Alkatiri não resolveria a crise, dizem peritos
Abdul Khalik, The Jakarta Post, Jakarta
Peritos e activistas concordam que Timor-Leste precisa de se manter no caminho para a democracia em vez de derrubarem o Primeiro Ministro Mari Alkatiri, e que deve primeiro tratar do seu passado antes de se mover para o futuro.
O líder da Associação de Jornalistas de Timor-Leste, Virgilio Guterres, disse que a maioria dos media tinha erradamente acusado Alkatiri de ser a causa dos problemas correntes em Timor-Leste. E apontou que não foi o primeiro ministro quem despediu quase metade das forças armadas do país.
"Foi o ministro da defesa quem os despediu simplesmente porque deixaram de aparecer durante mais de dois meses. E obviamente o primeiro ministro e o presidente concordaram com a decisão. Contudo, todos os media apontaram Alkatiri como o que os despediu," disse na quinta-feira durante um seminário aqui em Timor-Leste.
O país mergulhou no caos depois de cerca de 600 soldados terem sido despedidos em Março. Os soldados queixaram-se de discriminação porque vieram do oeste do país.
Vinte e uma pessoas morreram em Maio quando esporádicas batalhas entre soldados rivais e entre soldados e polícias se transformaram em lutas de gangs. No final do mês passado o governo requereu ajuda estrangeira e agora mais de 2,000 tropas estrangeiras prontas para combate, a maioria da Austrália, estão destacadas em Dili.
Guterres disse que o problema inicial problema não era agudo, pois menos de 200 soldados tinham assinado uma petição queixando-se de discriminação leste-oeste. Os outros 400 soldados tinham abandonado os seus quartéis há meses.
"Os casos eram diferentes. Infelizmente, o ministro da defesa despediu-os a todos na mesma altura, o que criou uma ideia de unidade entre eles. Teria sido muito diferente se eles tivessem sido despedidos separadamente," disse.
Guterres, o activista de direitos Johnson Panjaitan do Centro de Ajuda Legal Indonésio e Haryadi Wiryawan, líder do Departamento de Relações Internacionais da Universidade da Indonésia, todos concordaram que destituir Alkatiri não trará a paz a Timor-Leste.
Muitos media relataram a pressão que se montou contra Alkatiri, cujo partido Fretilin ganhou as últimas eleições, para se demitir antes das próximas eleições gerais. Até agora, o Presidente Xanana Gusmão e o parlamento recusaram ceder à pressão.
"Timor-Leste deve primeiro resolver os seus problemas do passado, incluindo levar à justiça as pessoas responsáveis por grandes abusos de direitos humanos e julgar os criminosos. A não ser que lidem com estes problemas, não serão capazes de se moverem para a frente porque os conflitos e a injustiça re-emergem sempre," disse Johnson.
Johnson propôs que a ONU ajudasse Timor-Leste a aumentar as suas capacidades.
"Deviam ajudar a levar à justiça os grandes violadores de direitos humanos e os criminosas, e ajudar o país a construir capacidades para a democracia e a governação. Se não, então o conflito continuará a re-emergir," disse.
Haryadi disse que apesar de não ter evidências concretas, acreditava que o corrente conflito em Timor-Leste não era um caso isolado.
"Deve ser lembrado que a Austrália tem interesses políticos e económicos em Timor-Leste. Eles querem ter influência no país, e não querem que a Indonésia tenha mais peso. O perfil socialista de Alkatiri é visto como não estando em linha com o que querem que Timor-Leste venha a ser," disse.
Haryadi disse que a Austrália tem o objectivo também de evitar que Timor-Leste se torne demasiado próxima da China, que é muito agressiva a aumentar a sua influência no Pacifico.
Johnson também disse que seria ingénuo pensar-se que o conflito em Timor-Leste se construiu sem uma grande maquinação.
domingo, junho 18, 2006
Obrigado, Margarida.
Por Malai Azul 2 à(s) 13:06
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Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
4 comentários:
Queridos,
Democracia é uma coisa mal vendida...."se manter no caminho para a democracia ...."isso talvez...um estado destes não preçisa de uma democracia agora...essa história de democracia é para os ocidentais se sentirem mais confortáveis...Timor Leste precisa de alguém que tem muito carinho de preferencia timorense a mandar nesta coisa até que gerações se percebam que o voto pode ser util ... até lá vendem só coisas ... sejam práticos ... na minha opinião e até motivo em contrário ...encontrei um homem ... apesar de ser eleito .. . honesto e sobre qual recaiem todas as culpas ... de facto deve ter as costas largas ...se o não aproveitam ... perdem ... e todas as pessoas e estados novos tem defeitos e coisas a corrigir .. ele para mim deixou que o governo se deitasse e julgasse que sem fazer nada se construia um país ... mas tem a plena consciência que não é assim ... a inércia é lichada ... sabem bem que me refiro a Mario Alkatiri
Anónimo das 7:25 PM: acusa o governo de não fazer nada e o PM de inércia. São acusações graves e sem substância. Chamo-lhe pois a atenção para este naco da intervenção do PM Mari Alkatiri, na REUNIÃO DE TIMOR-LESTE COM OS PARCEIROS DE DESENVOLVIMENTO, em 4 de Abril de 2006, que NINGUÉM desmentiu sobre algumas das realizações do governo, e de que destaco algumas:
"(...) A percentagem de jovens que frequentam a escola primária é agora de 86,2 por cento. Dos 246 mil estudantes do ensino não superior público, 19 mil (serão 75 mil em breve) recebem desde este ano lectivo uma refeição quente todos os dias, como resultado de um programa-piloto assistido pelo Programa Alimentar Mundial. O número de escolas primárias cresceu de 835, no ano fiscal de 2003/04, para 862, em 2004/05; as pré-secundárias de 120 para 129, e as secundárias de 55 para 76. O número total de professores é agora de 7792 (eram 6667 no ano fiscal anterior).
Ao nível da saúde, temos conseguido melhorar fortemente os cuidados prestados à população, facto que começa a ser notório nos indicadores mais recentes: a taxa de mortalidade à nascença foi reduzida de 88 por cada mil (em 2002) para 60 em cada mil nascimentos; e a mortalidade infantil (crianças até cinco anos de idade) decresceu exponencialmente de 125 em cada mil, em 2002, para 83, no ano passado. Neste momento, temos, em média, um médico para cada 3400 pessoas; e uma cama hospitalar por cerca de cada 2400 cidadãos. Para a melhoria destes valores em muito contribuiu a cooperação cubana, que nos fez chegar já 250 médicos (de um número acordado de mais de 300) que se encontram a trabalhar nos 13 distritos do país e que constituem parte substancial do corpo docente da recém-criada Faculdade de Medicina da Universidade Nacional.
A percentagem da população que tem acesso a água canalizada cresceu de 32,5 por cento, em 2003/04, para 37,1 por cento, no ano seguinte (em 2002 apenas 17 por cento tinha acesso a água potável!). Trinta vírgula cinco por cento das pessoas usufruem já de saneamento básico.
Em termos gerais, o crescimento económico do país foi de 2,3 por cento, em 2005, contra 0,4 por cento, em 2004. (Referimo-nos aqui, simplesmente à economia não petrolífera). Para este valor muito contribuiu a melhoria do desempenho do sector agrícola de Timor-Leste. Depois da seca pronunciada de 2002/03, o último ano fiscal revelou que a agricultura cresceu de forma considerável: o peso do sector agrícola e das pescas no PIB subiu de 81,5 milhões de dólares norte-americanos (USD), em 2000, para 105,2 milhões de USD, em 2005 - sendo que destes 7,6 milhões de USD são o saldo da exportação de café.
O salto ostentado pela produção de alimentos contribuiu para melhorar as condições de vida dos timorenses mas também para ajudar os indicadores da economia. A inflação doméstica manteve-se baixa, e as importações, devido ao aumento da produção agrícola, foram menores. Atente-se só nestes números mais: em 2005 produzimos cerca de 40 mil toneladas de arroz e 100 mil toneladas de milho - um aumento de 19 e de 22 por cento, respectivamente, em relação ao ano fiscal anterior. (…)
Em suma, os progressos são indiscutivelmente assinaláveis mas ninguém de boa fé poderia esperar milagres e ajuizar honestamente que nos poderíamos encontrar melhor. Logo a seguir à Restauração da Independência, Timor-Leste "sofreu" com a "debandada", natural, de alguns milhares de estrangeiros que nos vieram ajudar a garantir a institucionalização do novo Estado. Esses expatriados, que com a sua inestimável experiência contribuíram para erguer as estruturas que constituem os pilares da soberania timorense, auxiliaram e muito a economia. E fizeram-no um pouco por todo o país - basta lembrar a presença dos contingentes militares espalhados pelos vários distritos, que, através da frequência do restaurante local ou da compra aos miúdos na rua de DVD's, contribuíam de uma forma decisiva para a artificialidade da nossa economia.
Coube, pois, ao Governo que chefio fazer erguer a economia do país de um nível bem abaixo do zero. Reparem bem, não digo, fazer "renascer" ou "ressuscitar" a economia de Timor-Leste, e não o digo por convicção e formação; não o digo porque na gestão de um Estado os milagres não acontecem, tudo se alcança através da indução. E de uma forma lenta. Seguramente mais lenta do que aquilo que imaginaram os que de entre nós julgaram que a soma da Independência à Democracia teria como resultado imediato o Desenvolvimento. Não teve. E nunca poderia ter tido. Como as senhoras e os senhores bem sabem, em Timor-Leste primeiro foi preciso erguer o Estado, profundamente desarticulado pelos acontecimentos de 1999 - da Administração anterior a 1999 herdámos cinzas. Da UNTAET, uma amálgama de serviços. Mas, justiça seja feita, herdámos a paz e o sentido de respeito pela lei. Foi preciso pois lançar as bases da Administração Pública. Da Administração da UNTAET, erguida de uma forma fragmentada, sem uma visão integrada e sistémica, com 90 por cento da sua direcção dependente de expatriados, lançámos, com o apoio da própria ONU e da comunidade internacional, em geral, os alicerces de uma Administração moderna garantida cada vez mais por timorenses.
Não se julgue que foi pouco. Em três anos atingimos o que muitos outros Estados demoraram décadas a alcançar, e, por vezes, apenas de forma tímida: temos a estrutura do Estado a funcionar e a consciência do respeito pela lei está disseminada. Em duas palavras: temos Estado! E temos Governo que se assume como escola de governação. Um Estado que já fez aprovar muitas das leis essenciais para a existência saudável da vida de todos em sociedade; um Estado que dá garantias aos cidadãos para reclamarem contra eventuais arbitrariedades cometidas pelos vários poderes; um Estado que se renova na sua legitimidade através de eleições democráticas e na capacidade de fazer participar as populações nas decisões fundamentais; um Estado que procura garantir a universalidade do acesso à saúde e à educação e está apostado em generalizar a distribuição de luz eléctrica e de água canalizada; um Estado que procura proteger os seus mais desfavorecidos e honrar os que fizeram a luta da libertação nacional; um Estado que quer acautelar o futuro das gerações vindouras, permitindo que os nossos filhos e os nossos netos tenham também a possibilidade de usufruir de uma vida estável, promovendo uma política de poupança no que diz respeito aos recursos oriundos da exploração do petróleo e do gás natural timorenses. Apresentado muitas vezes como a "coqueluche" deste Governo, devido aos vários elogios internacionais que tem recebido, o Fundo Petrolífero de Timor-Leste, que começou a entrar em funcionamento a 1 de Julho, já soma mais de 510 milhões de USD (dados de 31 de Março), e permitirá, sem se prejudicar o seu contínuo aumento de receitas, que possamos vir a aprovar este ano um Orçamento do Estado com um valor total superior a 230 milhões de USD. Sim, de facto orgulho-me de ter estado na base do sucesso das difíceis negociações sobre os recursos do Mar de Timor e de ter realizado o sonho pessoal que foi a criação do Fundo Petrolífero. Estou convencido que graças a este resultado Timor-Leste poderá atingir mais facilmente o objectivo de melhorar o nível de vida dos seus nacionais. E isto tudo num país de características únicas que ostenta imaculada a sua folha de averbamento de dívidas ao estrangeiro…(…)"
PS: Acha ainda que fazer tudo isto e SEM acumular uma única dívida é não fazer nada e inércia? Honestamente?
Bem colocado, Margarida.
Mais uma vez, temos 'palpites' de quem sabe tanto! A propósito, a ignorância atinge o limite de criticar uma pessoa cujo nome não conhece ... demasiado euro-centrismo para que possa ser credível!
IC
Os dirigentes polítcos no Poder, eleitos democraticamente para a Assembleia Constituinte são os únicos responsáveis pela implementação das suas próprias políticas governativas - para o bem e para o mal.
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