domingo, junho 18, 2006

Jacarta sensível a presença forças internacionais - MNE Ramos Horta

Denpasar, Indonésia, 17 Jun (Lusa) - A Indonésia "está sensível e aceita" a presença de forças internacionais em Timor-Leste, designadamente a presença, caso a ONU o decida, de forças de manutenção de paz, disse hoje à Lusa o chefe da diplomacia timorense.

Contactado telefonicamente a partir de Díli, José Ramos Horta acrescentou ter aproveitado o encontro que manteve hoje em Denpasar com o seu homólogo indonésio, Hassan Wirajuda, para que Jacarta sensibilizasse os restantes Estados membros da ASEAN a "participarem numa eventual futura missão da ONU em Timor-leste".

"Ele concordou em falar com os restantes Estados membros da ASEAN", disse.

O encontro de Ramos Horta com Hassan Wirajuda antecedeu o encontro, a sós, entre os presidentes timorense, Xanana Gusmão, e indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, em que o principal ponto da agenda é a situação actual de crise em Timor-Leste.

Ao encontro, que se iniciou às 13:45 horas de Lisboa, seguir- se-á uma conferência de imprensa, precisou Ramos Horta.

Relativamente ao encontro com o seu homólogo, Ramos Horta disse que a Indonésia "está também sensível quanto à possibilidade de relaxar o controlo da fronteira terrestre comum aos dois países".

Jacarta encerrou no passado dia 26 de Maio a fronteira terrestre na sequência dos actos de violência registados em Díli.

"Esta decisão, executada para impedir que desordeiros pudessem entrar em Timor-Leste e tentar tirar partido da situação de violência, afectou, contudo o abastecimento das nossas zonas de fronteira e também as tradicionais relações entre as populações que vivem dos dois lados", frisou Ramos Horta.

"A Indonésia está muito sensível para esta questão, que prejudica grandemente as trocas comerciais e os contactos entre as populações. Vão ver, com prudência, de que forma podem permitir a circulação de produtos e pessoas", acrescentou.

"Até Agosto vamos abrir os mercados de fronteira e também implementar os chamados passes, que são equivalentes a passaportes mas que não necessitam de visto, e que possibilitarão às populações dos dois lados cruzar a fronteira, reatando laços familiares e de boa vizinhança e reactivando o comércio local", explicou.

Relativamente à situação actual em Timor-Leste, Ramos Horta disse ter explicado "as razões e a origem da actual crise, a que Hassan Wirajuda correspondeu com total compreensão".

"Ele respondeu que a Indonésia compreende o que se está a passar pois, salientou, Timor-Leste está a atravessar uma fase semelhante à que eles passaram, e que é a construção da nação", disse.

"Nós, sendo indonésios e tendo tido essa experiência histórica, compreendemos perfeitamente", revelou Ramos Horta à Lusa, citando Hassan Wirajuda.

Nesse sentido, adiantou, Jacarta apoia a presença em Timor- Leste dos contingentes militares e policiais enviados pela Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal e também apoia o eventual envio de uma força de manutenção de paz, caso o Conselho de Segurança das Nações Unidas assim o decida, frisou.

A actual crise em Timor-Leste começou com o despedimento de cerca de 600 militares que se queixaram de alegada discriminação étnica por parte da hierarquia das forças armadas e cujo protesto, em finais de Abril, em Díli, terminou com uma intervenção do exército.

Na repressão da manifestação foram mortas cinco pessoas, segundo o governo, mas os ex-militares e outros elementos das forças armadas que entretanto abandonaram a instituição afirmam que morreram cerca de 60 timorenses.

Desde então, mais de duas dezenas de pessoas foram mortas em confrontos entre grupos rivais, incluindo nove polícias timorenses abatidos por soldados, a 25 de Maio, durante um ataque ao seu Quartel General, em Díli.

Para restabelecer a segurança no país, as autoridades timorenses pediram a intervenção de uma força militar e policial a Portugal (que enviou 127 efectivos da GNR), Austrália, Nova Zelândia e Malásia.

A onda de violência nas últimas semanas provocou cerca de 130 mil deslocados que, segundo o governo timorense e as Nações Unidas, se encontram em diversos campos de acolhimento, sobretudo na zona de Díli.

Xanana Gusmão e Ramos Horta regressam domingo a Díli.

EL.

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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