Lisboa, 08 Jun (Lusa) - O bispo de Baucau, D. Basílio do Nascimento, af irmou hoje estar "mais tranquilo" com a situação em Timor-Leste e criticou aquel es que atribuem a crise a diferenças entre "loromonu" e "lorosae", que disse ser em "uma novidade".
"Neste momento estou mais tranquilo e é por isso que não regressei de i mediato [a Timor-Leste], como cheguei a considerar", disse D. Basílio do Nascime nto aos jornalistas, à saída de um encontro com o ministro dos Negócios Estrange iros português, Diogo Freitas do Amaral.
O bispo de Baucau encontra-se em Lisboa para exames médicos desde 25 de Maio, dia em que pelo menos 10 polícias foram mortos em Díli, num ataque de mil itares ao respectivo quartel.
Há cerca de duas semanas, em entrevista à Lusa, o bispo de Baucau manif estara-se "muito triste, preocupado e apreensivo" com a onda de violência em Tim or-Leste, que já provocou mais de 20 mortos e levou as autoridades timorenses a pedirem a intervenção de uma força militar e policial de Portugal, Austrália, No va Zelândia e Malásia, já em Díli.
Desde então, também o presidente timorense, Xanana Gusmão, assumiu pode res em matéria de defesa e segurança e demitiram-se os ministros da Defesa (Roqu e Rodrigues) e do Interior (Rogério Lobato), pastas que passaram a ser assegurad as, respectivamente, por José Ramos-Horta e Alcino Baris.
Nas declarações que fez hoje, D. Basílio do Nascimento manifestou por o utro lado a sua estranheza quanto a uma origem étnica do actual conflito - entre "loromonu" (naturais dos dez distritos ocidentais de Timor-Leste) e "lorosae" ( naturais dos três distritos orientais) -, avançada como razão da deserção de cer ca de 600 militares das forças armadas e incluída nas palavras de ordem das mani festações em Díli.
"Para mim, [esse conflito étnico] é novidade. E os vossos colegas [jorn alistas] que estiveram em Timor também nunca ouviram falar disso. Manifestaram a sua estranheza e eu também manifesto a minha", disse.
"Em todas as sociedades há injustiças que são cometidas (...). Mas, faz er disso um conflito e invocar esse pretexto para se afirmarem ainda mais essas diferenças, creio que é descabido", acrescentou.
Questionado sobre o papel da Igreja Católica timorense na actual crise, o bispo da segunda maior cidade timorense disse que é "um papel discreto, mas a ctivo" e acrescentou que "sempre foi assim, embora nem sempre tenha sido entendi do dessa forma".
às críticas do primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, que acusou a Igreja de interferência no conflito, D. Basílio do Nascimento reagiu dizendo qu e "a observação não é nova", mas que "neste momento não vale a pena alimentar po lémicas".
"Neste momento, o que importa é a calma em Timor (...). Todos os timore nses devem estar unidos e remar na mesma direcção", disse.
Alkatiri, contestado pelos revoltosos e manifestantes que exigem a sua demissão, tem reiterado a sua determinação para permanecer no cargo e aludido a centenas de milhares de apoiantes do seu partido, a FRETILIN, que estão do seu l ado.
Questionado sobre se, na sua perspectiva, esse apoio é real, o bispo de Baucau sublinhou que "a FRETILIN é o partido maioritário e que governa", pelo q ue "para o primeiro-ministro lá estar [no cargo], evidentemente deve ter o apoio da maioria".
"Agora, o primeiro-ministro é que sabe qual o apoio que tem no seu part ido", disse o bispo de Baucau, recusando fazer quaisquer comentários sobre "prob lemas internos da FRETILIN".
Basílio do Nascimento defende, aliás, que as eleições legislativas, pre vistas para 2007, devem ser mantidas e não antecipadas.
"É preferível deixar as coisas seguirem os seus trâmites. Timor vai pre cisar de muita tranquilidade para crescer (...). Somos nós, o povo, quem cria os problemas e é o povo que é capaz de os resolver", disse.
Sobre os incidentes registados entre a GNR e as forças militares austra lianas no terreno, que obrigaram hoje à assinatura de um acordo técnico segundo o qual, numa primeira fase, a força portuguesa fica responsável apenas por um ba irro de Díli, o bispo de Baucau sublinhou tratar-se de "um arranjo provisório" q ue, espera, "não fique por aí".
MDR.
Lusa/Fim
sexta-feira, junho 09, 2006
Bispo de Baucau diz-se mais tranquilo com a situação no país
Por Malai Azul 2 à(s) 00:38
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
9 comentários:
Gosto é das declarações de Francisco Louçã à TSF.
Aí vai:
Líder do BE diz que situação é grave
O líder do Bloco de Esquerda, em reacção ao bloqueio nas negociações entre as autoridades portugueses e a Austrália, diz que este conflito diplomático é grave, mas acrescenta que não ficou surpreendido.
( 23:59 / 07 de Junho 06 )
Francisco Louçã considerou que este «conflito é extraordinariamente grave, mas infelizmente não é surpreendente».
O líder bloquista lembra que «há duas semanas, numa segunda-feira, o Governo timorense anunciou a concessão de novos poços de petróleo e a Austrália não tinha ganho nenhum deles, na terça-feira começaram os conflitos, na quinta-feira tropas australianas já estavam em Timor e sabemos agora que estão a proteger os revoltosos, militares e polícias, que têm uma parte das armas e têm provocado este ambiente de instabilidade e de crise».
Louçã criticou ainda a «vertigem colonial» da Austrália que, na opinião de Francisco Louçã, se traduz em «conflitos extremamente graves, porque é como se o presidente timorense não tivesse nenhuma palavra para decidir o que só eles podem e devem decidir sobre as actuações de segurança no seu país».
ai-manas
Parece que o Louçã anda a ler o timor-online...lamentável é que só agora tenha mandado estes bitaites. Mas mais vale tarde que nunca, não é verdade?
E de repente.... FEZ-SE LUZ! E o D. Basílio surge em todo esplendor da suprema sabedoria, qual estrela guiando o seu povo pelso caminhos da justiça e sensatez. Não, não estou a ser irónico. Esta é uma das imagens, talvez a mais conhecida do D. Basílio, mas o que se terá passado para ainda às escassos estar a dizer rpecisamente o contrário e a atirar lenha para a fogueira, e também o que fez agora enveredar por esta atitude responsável e sábia. Alguma súbita iluminação (agora estou a ser irónico). Que a Luz o acompanhe sempre que ele é, e pode ser, um homem muito importante na história de Timor-Leste independente. Apoiado «velho» D. Basílio!
Não vi, ouvi, li, as opinoões do Louça, mas está mais que claro que a Austrália não dá ponto sem nó, e isto já deste 1999, quando por lá passei. E é claro que estão em jogo cartadas muito altas, resta saber qual fala mais alto, se a ganância (e as vistas curtas), ou perspectiva civilizada (vistas longas). Porque se foram os anglo-saxónicos que inventaram o capitalismo, também foram eles que mais cultivaram o sentido ético do negócio como elemento fundamental para o sucesso do mesmo sistema. Bem sei que se diz que a Austrália foi formada a partir dos «indesejáveis» das Ilhas Britânicas, mas... nevertheless, e apesar das críticas do Louça parecerem fazer imenso sentido, hoje até que nem foi um dia muito mau! Mas é preciso continuar vigilante e denunciar o que tiver de ser denunciado, até às últimas consequências, porque «o lobo não há-de comer o cordeiro» (que aliás, de qualquer forma, acho que é mais um porco espinho).
Coitado de ti, Timor Leste, em que até a maioria dos teus dirigentes --- civis, militares ou religiosos --- não conseguem traçar uma linha de rumo "às direitas" e segui-la, antes dizendo hoje uma coisa e outra amanhã... Confusionistas!... (isto também é para si, sr. Bispo!, que tão depressa diz que está mais satisfeito como deita achas para a fogueira)
Esta situação em Timor Leste deixa-me cada vez mais enojado..
Nojo de dirigentes que dizem uma coisa hoje e fazem outra amanhã --- ou no próprio dia...; nojo de comentadores, verdadeiros "treinadores de bancada", que não sabem nadica de nada e se permitem largar "bitaites" a cada momento; nojo, principalmente, de certos timorenses que lançam o caos e o ódio entre o seu povo e que "posam para a fotografia" como se fossem grandes senhores --- e os 'media' sabujando uma declaração, uma foto...; nojo do governo e da imprensa australiana, que tresandam a colonialismo e arrogância; nojo, nojo, nojo!...
Que mal terás feito na outra encarnação, povo de Timor Leste?!...
Penso que a pergunta correcta é: qual o valor do petróleo do Timor Gap?
Parabens D. Basilio. Mostrou o seu espirito de justica e e assim um representante digno da Igreja Catolica em TL.
Vejam lá afinal quem, quando e como apoiam as coisas... as únicas obras que se viam em Baucau eram as do sr. Bispo... Talvez agora a igreja tenha mais umas verbas adicionais devido ao apoio aos refugiados... até aposto já.
Enviar um comentário