sexta-feira, dezembro 14, 2007

Austrália manterá tropas no Timor-Leste até o fim de 2008

14/12 - 04:12 - EFE

Díli, 14 dez (EFE).- O novo primeiro-ministro australiano, o trabalhista Kevin Rudd, disse hoje às autoridades timorenses que seu país manterá tropas no Timor-Leste pelo menos até o fim de 2008.

Em sua primeira visita oficial ao Timor desde que assumiu o cargo, após as eleições gerais de 24 de novembro, Rudd se reuniu com o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, e com o presidente do país, José Ramos Horta.

Rudd disse que a Austrália espera que o Timor-Leste possa assumir logo a responsabilidade sobre sua própria segurança.

"Mas estou de acordo com José Ramos Horta quando ele diz que é preciso progredir com calma e aos poucos, para garantir a segurança e a estabilidade para os timorenses", opinou Rudd.

O primeiro-ministro voltará hoje à Austrália, após visitar o Timor-Leste e a ilha indonésia de Bali, onde participou da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática.

A Austrália enviou tropas ao Timor em 2006, quando o país pediu ajuda internacional para conter a onda de violência devido ao conflito nas forças de segurança. EFE mg mf

1 comentário:

Anónimo disse...

"Rudd disse que a Austrália espera que o Timor-Leste possa assumir logo a responsabilidade sobre sua própria segurança."

Esta frase resume aquilo que qualquer pessoa séria e de bom-senso poderá pensar.

Sem dúvida que seria um disparate manter tropas estrangeiras em Timor, sem se saber muito bem para quê - lembro que o comandante australiano confessou abertamente que não respeitaria o despacho do tribunal de Dili, relativamente à captura de Reinado.

A presença das tropas australianas torna-se ainda mais insustentável sabendo-se que o SG da ONU já garantiu a continuação do apoio desta organização a Timor-Leste. Se necessário, a própria ONU fornecerá apoio militar.

Para além disso, o prolongamento da presença das tropas australianas só ajudará a desresponsabilizar ainda mais os líderes timorenses e contribuirá para uma cómoda dependência crónica da muleta estrangeira (principalmente armada).

Por outro lado, do ponto de vista da Austrália nada justifica o arrastamento desta situação, por várias razões:

Em primeiro lugar, a imagem desse país está a desvalorizar-se progressivamente aos olhos dos timorenses, dada a sua ingerência na política interna de TL e a parcialidade demonstrada no seu posicionamento em relação aos problemas vigentes na sociedade timorense, contra os interesses do povo.

Em segundo lugar, não faz sentido gastar uma fortuna diária para manter um exército em Timor-Leste, sabendo que ele não está lá a fazer nada e que o povo não beneficia nada com a sua presença.

Em terceiro lugar, não existe justificação para essa influência sobre um país soberano, a não ser que se assuma claramente uma intenção neo-colonialista. Porém, seria um atentado à inteligência humana enveredar por esse caminho, completamente anacrónico desde a guerra fria.

Hoje em dia, a competição geo-política reveste-se muito mais de carácter económico e cultural, disso beneficiando os países mais pequenos, como é o caso de Timor-Leste. Por outro lado, é possível influenciar outros países de uma forma pacífica e construtiva, sem necessidade de recorrer a blindados e helicópteros para (im)pressionar os outros.

Portanto, parece-me que todos teriam a ganhar com uma inflexão na política australiana relativamente a Timor-Leste.

A Austrália tem muito que fazer, se quiser ajudar TL. Trata-se de um país que fez muitos progressos em vários sectores e pode compartilhar a sua valiosa experiência com outros que ainda estão dando os primeiros passos.

A Conferência de Bali mostrou que é absolutamente necessário que os vários países trabalhem em conjunto para solucionar problemas comuns e não se percam em lutas hegemónicas só para satisfazerem egos mal resolvidos.

Timor-Leste já tem problemas que cheguem. Não é preciso arranjar mais, mas ajudar a resolver os que já existem. E há tanta coisa para resolver...

Assim, as palavras de Kevin Rudd são de aplaudir, embora quase inevitáveis, dada a sua lógica e realismo. Esperemos que, também neste caso, RH e XG percebam a mensagem.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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