terça-feira, setembro 25, 2007

Timor-Leste: Julgamento F-FDTL: "Não tínhamos intenção de matar", diz arguido

Lusa - 24 de Setembro de 2007, 08:54

Díli - Os militares acusados da morte de oito polícias timorenses a 25 de Maio de 2006 "não tinham intenção de matar", afirmou hoje em tribunal um dos arguidos das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL).

"Não tínhamos intenção de matar", afirmou o primeiro-sargento Paulino da Costa na segunda audiência do processo relativo ao acontecimento mais violento da crise política e militar de Abril e Maio de 2006.

Paulino da Costa era o militar mais graduado no grupo que, na manhã de 25 de Maio de 2006, disparou sobre uma coluna da Polícia Nacional (PNTL) sob escolta das Nações Unidas, diante do ministério da Justiça, em Caicoli, no centro de Díli.

"Tenho todo o respeito pela bandeira das Nações Unidas mas naquele caso concreto sempre tive desconfiança de qualquer coisa, de um ataque da PNTL", repetiu hoje Paulino da Costa.
"Aquele sítio era uma zona de operações militares e os polícias deviam ter-se deslocado por outros meios ou por outro lado", acrescentou o arguido.

O primeiro-sargento afirmou também em tribunal que, "embora a PNTL tivesse feito várias operações contra as F-FDTL nos dias anteriores, não havia intenção de actuar contra eles", nem sequer como vingança pela morte de um soldado das F-FDTL nessa mesma manhã.
"Não havia uma ordem mas eu fui lá para dar apoio e não recebi nenhuma ordem para abandonar o local", explicou o militar.

"Se abandonasse o local, aconteceria um ataque" da PNTL, disse, justificando: " A situação era de pânico".

O tiroteio sobre a coluna escoltada e desarmada da PNTL aconteceu após um primeiro incidente na mesma área de Caicoli, com rajadas e lançamento de granadas entre o quartel-general da Polícia e o quartel-general das F-FDTL, situados em terrenos contíguos.

No edifício das F-FDTL encontravam-se nessa manhã o comandante-geral das Forças Armadas, brigadeiro-general Taur Matan Ruak, o coronel Lere Anan Timur e o então ministro da Defesa, Roque Rodrigues, confirmou hoje o primeiro-sargento Paulino da Costa, que se encontrava no piso superior do imóvel quando começaram os tiros.

"Sei da presença do ministro da Defesa mas como sargento não sabia o que ele estava a fazer", explicou o militar diante do colectivo de juízes, presidido pelo magistrado português Ivo Rosa.
Insistindo obedecer sempre a "ordens superiores" e a "obrigações táctico-estratégicas de autodefesa e defesa do quartel", Paulino da Costa acabou por declarar em tribunal que nessa manhã as ordens partiram "dos comandantes" e, em concreto, do coronel Lere Anan Timur.
Paulino da Costa declarou não ter disparado um único tiro sobre a coluna de PNTL e os elementos das Nações Unidas, ao contrário dos colegas.

Ao mesmo tempo, insistiu que o tiroteio dos F-FDTL foi uma reacção a "um tiro no meio da coluna" dos polícias e a provocações com gestos de elementos no fim da coluna.
Além de Paulino da Costa, outros onze arguidos estão sentados no banco dos réus no processo do ataque à coluna de polícias.

Os PNTL foram atingidos quando marchavam cantando o hino nacional timorense, sob escolta internacional, numa coluna de cerca de 120 pessoas.

Um memorial aos polícias mortos foi inaugurado no aniversário do massacre pelo Presidente da República, José Ramos Horta.
PRM-Lusa/Fim

1 comentário:

Anónimo disse...

Felizmente que este processo já está a ser julgado. Que se apure a verdade e se castiguem os criminosos.

Porém, e para vergonha das autoridades de TL, Reinado continua a gozar de total impunidade e protecção do PR e do PM-multiusos.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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