domingo, fevereiro 18, 2007

A mother's hidden memory for a son who lost his father

The Age - Saturday, February 17, 2007
Chris Johnston

As a coroner examines the death of one of the Balibo newsmen, the widow of fellow victim Greg Shackleton tells Chris Johnston about a private memorial in Albert Park.

THE plaque is there, but it's hidden. Not prominent, and not polished either. But it's nice; the broad leaves of the weeping tree above it cast lovely dappled shadows when the sun is right. Sometimes people leave flowers, which is appreciated. But mostly it goes unnoticed.

"Greg Shackleton, journalist," it reads, simple and direct and unflinching. "Died Timor. Aged 29 years." It was put in Albert Park's St Vincent Gardens by his widow, Shirley Shackleton, just after he was believed to have been murdered by Indonesian soldiers in Timor in October 1975. They lived nearby with a young son. Evan Shackleton was eight when his father, one of the so-called Balibo five, died. They used to play in the gardens; throw balls, run around, hide and seek.

Mrs Shackleton wanted Evan to have somewhere to go to mourn his father. The Balibo five, all Australian-based news men, were killed with knives and guns. They were possibly burned, possibly tortured. Their remains were then buried in Jakarta without the families' consent. Mrs Shackleton wanted a memorial of some kind - and, apart from a more formal one in Canberra, the Albert Park plaque remains the only physical memory of her husband. It's a de facto grave.

Yet she doesn't want to draw attention to it. In fact, with regard to the plaque, Mrs Shackleton is uncharacteristically shy. She hasn't talked about it before, she's never wanted to. She hasn't been photographed at it and didn't want to be this time. And she certainly doesn't want to elaborate on her son's grief and the plaque's central relationship to it. "The young ones in this - the children - all suffered terribly," she says. "There's no need to bring it all up in public. I'm sorry I can't make it all gooey for you but I never wanted it to be a big thing or to be over-emotional."

Mrs Shackleton, now 75, has been a major player in the long campaign to prove her husband and his colleagues were murdered by war criminals. She has also long tried to prove a cover-up by Australian officials for diplomatic and trade reasons. The journalists were covering the story of Indonesia's looming invasion of Portuguese East Timor. Greg Shackleton was working for Channel Seven. Indonesia has either maintained they were caught in crossfire between opposing East Timorese factions or were communists with sympathy for the East Timorese.

Mrs Shackleton's role as a prominent Balibo five activist and campaigner for East Timorese issues has made her something of a Melbourne identity. She has been a prolific letter writer to newspapers. She has visited Timor and talked about the deaths all over Australia. And she has never tempered her words. It has been pointed out in The Age before that Indonesia's biggest mistake at Balibo was killing a man loved by someone as bloody minded as Shirley Shackleton.

In Sydney at the moment there is a coronial inquest being held into the death of one of the five, cameraman Brian Peters. Some kind of truth is finally, slowly, emerging. It is the first formal inquest into any of the deaths. Mrs Shackleton flies up on Tuesday; ill health prevented her going earlier. Doubtless she will speak her mind, she will make her presence felt.

The plaque, however, is essentially a secret. The City of Port Phillip has no record of it. There's no indication at the site who put it there. Three of the trees planted above it have died. Mrs Shackleton originally requested a red flowering tree "so there was a resurgence of life every spring" but she never got that. Over the years the plaque has been damaged by council mowers.

Evan Shackleton, just a boy when his father never came home, is now a 39-year-old lawyer in Perth. When he visits his mother, he also goes into the park and visits his father. If this was the humble plaque's purpose, then it has been served.

"I've never wanted to insert myself into this," Mrs Shackleton says. "I'm not a widow looking for sympathy. It was for Evan, there was no grave, there was nowhere for a boy to go. We were never mawkish about it. I never said to him 'are you going to go over and talk to your Dad?' We never talked about it, it was too painful. "He just takes himself over there like he always did, quietly. I don't give a hoot if no one else ever sees the plaque."
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1 comentário:

Anónimo disse...

Tradução:
A memória escondida de uma mãe para um filho que perdeu o pai
The Age - Sábado, Fevereiro 17, 2007
Chris Johnston

Quando um investigador examina a morte de um dos jornalistas de Balibo, a viúva da vítima seu colega Greg Shackleton conta a Chris Johnston sobre um memorial privado em Albert Park.

A placa está lá, mas está escondida. Nem proeminente, e nem sequer polida. Mas é bonita; as folhas largas da árvore chorosa por cima espalham lindas sombras quando o sol brilha. Umas vezes as pessoas deixam flores, o que é apreciado. Mas a maior parte das vezes passa desapercebida.

"Greg Shackleton, jornalista," lê-se, simples e directo e resoluto. "Morto Timor. Idade 29 anos." Foi colocada nos Jardins de St Vincent, no Parque Albert pela sua viúva, Shirley Shackleton, logo depois de se acreditar que tinha sido assassinado por soldados Indonésios em Timor em Outubro de 1975. Viviam perto com um filho pequeno. Evan Shackleton tinha oito anos quando o seu pai, um dos chamados cinco de Balibo, morreu. Costumavam brincar nos jardins; a atirar bolas, a correr, às escondidas.

A Srª Shackleton queria um sítio onde Evan pudesse lembrar o pai. Os cinco de Balibo, todos jornalistas com base na Austrália, foram mortos com facas e armas. Possivelmente foram queimados, possivelmente torturados. Os seus restos foram depois enterrados em Jacarta sem autorização das famílias. A Srª Shackleton queria um a memorial de qualquer tipo - e, fora um mais formal em Canberra, a placa do Parque Albert permanece a única memória física do seu marido. É um túmulo de facto.

Mas ela não quer chamar atenção para isso. De facto, em relação à placa, a Srª Shackleton é tímida de maneira invulgar. Nunca falou disto antes, nunca o quis fazer. Não tem sido fotografada perto dela e não o quis ser desta vez. E não quer de certeza elaborar sobre o desgosto do seu filho e sobre a relação com a placa. "Os jovens neste caso – as crianças – sofreram todos terrivelmente," diz. "Não há necessidade de trazer isto para o público. Lamento não os ajudar mas nunca quis que isso fosse uma grande coisa ou super emocional."

A Srª Shackleton, agora com 75, tem tido um grande papel na longa campanha para demonstrar que o seu marido e os seus colegas foram assassinados por criminosos de guerra. Há muito tempo tem ainda tentado provar o encobrimento por funcionários Australianos por razões diplomáticas e comerciais. Os jornalistas estavam a fazer a cobertura da invasão Indonésia que se aproximava do Timor-Leste Português. Greg Shackleton trabalhava para o Channel Seven. A Indonésia tem ou mantido que foram apanhados num fogo-cruzado entre facções opostas Timorenses ou que eram comunistas com simpatia com os Timorenses.

O papel da Srª Shackleton de activista proeminente dos cinco de Balibo e das questões Timorenses tem feito dela uma personalidade de Melbourne. Tem sido uma fértil escritora de cartas para jornais. Tem visitado Timor e falado sobre as mortes em toda a Austrália. E nunca tem temperado as palavras. Isso tem sido antes apontado no The Age que o maior erro da Indonésia em Balibo foi ter morto um homem amado por alguém tão persistente como Shirley Shackleton.

Em Sydney nesta altura realiza-se um inquérito à morte de um dos cinco, o operador de câmara Brian Peters. Finalmente algum tipo de verdade está, vagarosamente a emergir. É o primeiro inquérito formal a qualquer das mortes. A Srª Shackleton voa para lá na Terça-feira; questões de saúde impediram-na de ir mais cedo. Sem dúvida que falará, que fará sentir a sua presença.

A placa, contudo, é essencialmente um segredo. A Cidade de Port Phillip não tem nenhum registo dela. O local não está assinalado nem de quem lá a pôs. Três das árvores por cima dela morreram. Originalmente, a Srª Shackleton pedira uma árvore de flores vermelhas "para que houvesse um renascimento da vida em cada primavera " mas nunca a obteve. Durante anos a placa tem sido danificada por cortadores de relva municipais.

Evan Shackleton, um simples rapaz quando o seu pai nunca regressou a casa, é agora um advogado em Perth, de 39 anos. Quando visita a mãe, também vai ao parque e visita o pai. Se este era o propósito da modesta placa, então tem cumprido.

"Nunca me quis envolver nisto," diz a Srª Shackleton. "Não sou uma viúva à procura de simpatia. Foi por Evan, não havia nenhum túmulo, não havia nenhum sítio onde um rapaz pudesse ir. Nunca fomos sentimentais sobre isso. Nunca lhe disse 'vais lá e falas com o teu pai?' Nunca falámos disso, era demasiado doloroso. "Ele simplesmente vai lá, como sempre fez, calmamente. Estou-me marimbando se mais ninguém vê a placa."
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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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