Lisboa, 18 Fev (Lusa) - Um ex-comandante das antigas milícias que operaram em Timor-Leste admitiu hoje que o exército indonésio forneceu armas aos seus homens em 1999, durante a campanha que antecedeu o referendo sobre a independência.
Em declarações feitas na primeira sessão das audiências da Comissão de Verdade e Amizade (KPP), Mateus Carvalho, que admitiu ter tido 1.500 homens sob seu comando, sublinhou que as milícias Aitarak, chefiadas por Eurico Guterres, eram coordenadas à distância pelo exército indonésio.
Na sessão, que decorre em Bali, Indonésia, Mateus Carvalho justificou ter pedido armas ao exército indonésio dado que os seus homens necessitavam de garantir a sua segurança e a das suas famílias.
Por seu turno, o antigo chefe da a diplomacia indonésia Ali Alatas, que também depôs hoje perante a comissão, afirmou que a segurança do referendo em Timor-Leste foi garantida pela polícia e não pelo exército.
Mateus Carvalho reforçou as suas declarações sublinhando que, como antigo soldado do exército indonésio, era-lhe mais fácil obter armas através das Forças Armadas e não da polícia.
A KPP foi criada em Agosto de 2005 para apurar responsabilidades na violência em Timor-Leste nos meses que precederam o referendo sobre a independência e nas semanas que se seguiram ao anúncio da vitória do "sim".
Perante a KPP, Ali Alatas afirmou também que foi uma carta do primeiro-ministro australiano, John Howard, que esteve na origem do referendo de Agosto de 1999.
O antigo chefe da diplomacia indonésia explicou que a missiva de John Howard enfureceu o então Presidente da Indonésia, Bacharuddin Jusuf Habibie, levando-o a decidir pela realização imediata do referendo em Timor-Leste, em vez de uma transição progressiva sob controlo de Jacarta.
A comissão ouviu também hoje um antigo chefe de um grupo de aldeias (suco) que foi comandante da Companhia D da milícia Aitarak ("espinho"), acusado de atacar a residência do Bispo D. Ximenes Belo, a 06 de Setembro de 1999, e uma das vítimas do ataque à igreja de Liquiçá, a 06 de Abril do mesmo ano.
O comandante das milícias disse que em 1999 tinham armas emprestadas por um órgão do Exército indonésio, o CODIM do distrito de Díli.
Terça-feira, a comissão ouvirá o embaixador da Indonésia em Lisboa, Francisco Lopes da Cruz.
O presidente timorense, Xanana Gusmão, e o ex-chefe de Estado indonésio, BJ Habibie, indicaram já que não tencionam comparecer nas audiências.
A KPP espera poder ouvir os testemunhos de cerca de 70 pessoas, incluindo o antigo comandante das Forças Armadas Indonésias (TNI), general Wiranto, e o líder das milícias integracionistas timorenses, Eurico Guterres.
JSD/PRM-Lusa/Fim
terça-feira, fevereiro 20, 2007
Exército indonésio armou milícias - diz ex-comandante das Aitarak
Por Malai Azul 2 à(s) 08:44
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
1 comentário:
A distribuição de armas pelos militares e polícias indonésios ficou demonstrada em frente ao Hotel Timor e em Maliana aos olhos de jornalistas. Vários livros que falam sobre o acontecido em 1999, escritos por jornalistas de diversas nacionalidades, são claros no testemunho dos autores nessas entregas.
Mais longe até poderíamos ir pois é fácil falar de outros factos que até hoje têm sido ignorados pela comunidade internacional.
Ninguém fala dos militares que assassinaram o jovem timorense na zona do Audian, antes da ponte, onde uma sequência fotográfica mostra o rapaz a ser executado a tiro pelo bravos indonésios. Também o jornalista Sanders do FTimes foi executado esquartejado em Bécora, sabemos quem foi mas ninguém actua. São apenas dois exemplos e um terceiro das freiras e do jornalista católico em Lautem com testemunhas que viram quem matou.
1999 é uma anedota na condenação aos assassinos indonésios com os seus amigos timorenses - alguns dos quais hoje são ilustres figuras da oposição em Timor-Leste. No entanto, muitos destes senhores estão a fazer o que podem para atacar a soberania promovendo e pagando para que os jovens destruam o património e ceifem vidas.
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