Díli, 20 Fev (Lusa) O Palácio do Governo em Timor-Leste foi encerrado hoje de manhã por ordem do primeiro-ministro, José Ramos-Horta, devido a uma manifestação de estudantes universitários, num dia "em que houve muita gente na rua", segundo a polícia da ONU.
José Ramos-Horta deu ordens de encerramento dos serviços do Governo que funcionam no complexo administrativo principal, no centro de Díli, onde se localiza também a ala do Ministério dos Negócios Estrangeiros e o edifício do Parlamento.
A decisão foi provocada por uma pequena mas ruidosa manifestação do grupo de estudantes Universidade da Paz à porta do gabinete do primeiro-ministro.
"Não quero manifestação nenhuma em frente ao Palácio", explicou José Ramos-Horta horas depois, no Hotel Timor, à margem do seminário sobre a integração de Timor-Leste na ASEAN e depois do anúncio da candidatura presidencial de Francisco Guterres "Lu'Olo" pela Fretilin.
"Não aceito trabalhar sob pressão de quem quer que seja", acrescentou o primeiro-ministro. "Fechei as portas e vou para casa. E vou fazê-lo mais vezes. Se durar um dia é um dia. Se durar uma semana é uma semana".
O chefe de Governo comentou mesmo que, a repetir-se a situação, encerra o Palácio "por 365 dias se for preciso".
Um assessor de José Ramos-Horta adiantou à Lusa que o encerramento do Palácio "é um sinal de que não é possível ter qualquer complacência por qualquer perturbação da ordem pública", em época de eleições presidenciais.
Durante a madrugada, manhã e tarde, vários confrontos e incidentes estalaram em diferentes zonas da capital, havendo a registar um morto, vários feridos e situações de grande tensão junto a dois armazéns de arroz.
Um dos focos de agitação surgiu junto ao Ministério da Agricultura, de onde o ministro Estanislau da Silva (e vice-primeiro-ministro) e o número dois da pasta, Francisco Benevides, foram discretamente retirados por um oficial da GNR.
José Ramos-Horta sublinhou que "a UNPol foi avisada várias vezes" para não permitir manifestações junto à sede do Governo.
O primeiro-ministro, que chamou ao Palácio um dos responsáveis da missão integrada das Nações Unidas, não gostou que "uma manifestação que não estava autorizada" - por não ter respeitado o prazo mínimo de notificação - pudesse reunir-se à porta do seu gabinete.
"Se querem governar o país, eu entrego as chaves", declarou o primeiro-ministro agastado. "Não gostam, eu resigno".
"A última vez que houve uma manifestação à porta do Governo houve violência e houve mortos", recordou José Ramos-Horta numa referência aos acontecimentos de Abril de 2006.
Ao fim da manhã, quando o gabinete do primeiro-ministro foi encerrado, o Parlamento prosseguia o debate sobre a ratificação e aprovação do principal tratado de partilha dos recursos petrolíferos entre Timor-Leste e a Austrália.
PRM Lusa/Fim
terça-feira, fevereiro 20, 2007
Manifestação estudantil leva Ramos-Horta a encerrar Palácio Governo
Por Malai Azul 2 à(s) 23:31
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
1 comentário:
Por causa de “uma pequena mas ruidosa manifestação”, de estudantes o PM amua, confessa que "Não aceito trabalhar sob pressão de quem quer que seja". "Fechei as portas e vou para casa. E vou fazê-lo mais vezes. Se durar um dia é um dia. Se durar uma semana é uma semana", ameaça encerrar "por 365 dias se for preciso", chama a ONU a pretexto de "uma manifestação que não estava autorizada", chantageia "Se querem governar o país, eu entrego as chaves", "Não gostam, eu resigno".
Este PM é a mesma pessoa que em Abril passado garantia que os desertores tinham todo o direito de se manifestarem EXACTAMENTE no mesmo local, apesar de a manifestação do dia 28 desse mês NÃO estar autorizada.
É também exactamente a mesma pessoa que em finais de Maio/princípios de Junho passado, quando do saque não só do arroz (mas também doutros bens, equipamentos, veículos, mobiliário) de vários armazéns incluindo estatais, apareceu nas redes televisivas mundiais (BBC, CNN, Sky, Euronews) escoltado pelas tropas australianas acabadas de desembarcar, de lágrima ao canto do olho, armado em humanitário a dizer “se fosse meu, dava-lhes tudo”, minando ostensivamente a autoridade do seu governo numa mistura populista de Evita&Karzai de gosto intragável.
E é também a mesma pessoa que na altura em reportagens da ABC garantia que se tivesse alguma vez 10 por cento das críticas que tinha o seu então PM resignaria sem necessidade de alguém lhe pedir para o fazer. Mas lembro que nessa altura, o então PM teve visão e capacidade para organizar e planear a distribuição de alimentação de emergência para toda a população incluindo as muitas dezenas de milhares deslocadas.
Hoje é com um misto de tristeza e de revolta que leio que afinal…não há arroz em Dili. Tanta viagem pelo mundo, tanto paleio pseudo-desenvolvimentista, tantos amigos que ele se gaba de ter no estrangeiro e afinal nem arroz conseguiu comprar? Bem diz o velho ditado: se queres conhecer o vilão mete-lhe a vara na mão! Quase oito meses depois temos a prova provada que ele é mesmo um vilão enfatuado, mal-formado e pior organizado. Um vilão-bufão! Uma trágica anedota para a população principalmente de Dili. E afinal nesta hora de aflição parece que acaba por ser a China quem vai (mais uma vez!) ajudar na solução da falta de alimentação...que venha então depressa o arroz chinês!
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