28.02.2009
António Guterres
Timor-leste caminha “rumo ao desenvolvimento e à estabilidade”, diz Ramos Horta (Presidente de Timor-leste).
Por: António Guterres
É muito bom ouvir o nosso Presidente falar do desenvolvimento e da estabilidade, até compreendo que esta afirmação é mais diplomática do que a análise da real situação em que o país se encontra. Com toda a sinceridade, digo que o nosso regime político não contribui em nada para o desenvolvimento e a estabilidade, como afirma o Dr. Ramos Horta.
Tenho um especial respeito pelo Dr. Ramos Horta. Foi fundamental na diplomacia externa, em busca de apoios internacionais para a luta de libertação. Nunca me esqueço disso. Como Presidente da República, creio que o Dr. Ramos Horta ainda está à procura de um papel.
Entendo que o Chefe de Estado quer reforçar a capacidade institucional e a política do governo, mas, pelo que tem vindo a demonstrar, julgo que está longe de ser um bom Presidente para o país.
Os problemas de Timor-leste são muitos, mas parecem esquecidos pelo nosso Presidente. Faço questão de lembrar apenas algumas verdades: a taxa de mortalidade infantil é apenas superada a nível mundial pelo Afeganistão; cada timorense vive com menos de 60 cêntimos de euro por dia. Destes, metade são crianças. Mas há mais: o nepotismo e a corrupção são, infelizmente, duas realidades que caracterizam este governo. A política interfere na justiça a seu bel-prazer e dá-se ao luxo de despedir juízes que não vão ao encontro das vontades dos actores políticos. O governo mostra-se incapaz de atrair investimento estrangeiro, o que contribui para agravar o grande problema do desemprego, a pobreza invade de uma forma generalizada a sociedade timorense. Á semelhança de outros países, a injustiça e a impunidade são valores seguros em Timor-Leste. E, em face de todo este cenário desesperante, o governo decide aumentar as remunerações dos respectivos ministros e deputados.
Após a restauração da independência de Timor, o povo esperava um futuro mais risonho para as suas vidas. Mas a evolução não foi a que todos desejavam. Em face da situação actual, é preciso discutir ideias, avaliar problemas, apresentar propostas. E é igualmente necessário que o Chefe de Estado, com todas as responsabilidades que lhe são inerentes, diga a verdade ao povo e não caia na tentação das análises simplistas.
É preciso que o Estado promova a justiça, a igualdade de oportunidades e a coesão social.
Ora, uma sociedade mais justa e com coesão social deve basear-se num sentido de iniciativa e responsabilidade das pessoas e organizações numa sociedade civil participativa. Apostar na formação de capital humano é prioritária. Mas não basta. É igualmente urgente reforçar os meios de apoio do capital social. Neste sentido, a pobreza e exclusão são inaceitáveis e torna-se necessário o fomento de políticas activas que evitem a extensão desses problemas e que permitam a sua irradiação no futuro.
Até ao momento, eu continuo a assistir a um Presidente que fala muito e diz pouco. Cada vez que fala, diz tudo errado.
A evolução tecnológica faz com que o mundo seja cada vez mais pequeno. O mundo está de olho em Timor-leste, Dr. Ramos Horta. Por isso, as declarações de um Chefe de Estado devem ser pensadas e ditas com base na realidade. Senão, todas as aspirações do Senhor Presidente não passam apenas de uma utopia.
segunda-feira, março 02, 2009
UM PRESIDENTE EM BUSCA DE UM PAPEL
Por Malai Azul 2 à(s) 09:37
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
1 comentário:
Senhor Antonio Guterres,
o seu analise do contexto real em TL me parece profundo e justo. Mas estas vagas de opinoes exprimidas neste blogue e além... ( desde a criacao de um pais independente )com criticas e de suspicoes negativas contra e sobre os orgaos de soberaniau me parece ser um dos elementos decisivo e contra produtivos : para atrair investimento estrangeiro, com este imagem de um pais sem capacidades humamos em todo nivél.
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