Díli, 26 Fev (Lusa) - O Governo de Timor-Leste “abriu uma investigação” para apurar a origem de condecorações exibidas pelo líder integracionista Eurico Guterres, afirmou hoje à Agência Lusa em Díli uma fonte oficial.
“É completamente falso que Eurico Guterres tenha sido condecorado como herói da luta de libertação”, afirmou à Lusa o secretário de Estado da Cultura, Virgílio Simith.
“Abrimos uma investigação para apurar onde é que ele conseguiu as duas medalhas que diz ter recebido, mas que não são dele”, acrescentou aquele membro do Governo.
Virgílio Simith é também o presidente da Comissão de Homenagem, Supervisão do Registo e Recursos (CHSRR, na dependência do gabinete do primeiro-ministro).
A imprensa timorense de hoje reproduzia em primeira página uma fotografia de Eurico Guterres, comandante das milícias integracionistas em Timor-Leste em 1999, com duas medalhas.
Eurico Guterres foi condenado por crimes da campanha violenta que provocou mais de um milhar de mortos no território em 1999, mas acabou posteriormente por ser absolvido em 2008 pelo Supremo Tribunal indonésio.
A notícia da “condecoração” do ex-criminoso, que reside habitualmente em Kupang, Timor Ocidental, foi comentada e criticada durante o dia em Díli.
“É uma notícia sensacionalista porque é falsa”, assegurou Virgílio Simith à Lusa.
Um familiar de Eurico Guterres em Kupang, contactado pela Lusa por telefone, explicou que uma das medalhas “é do pai que foi um dos heróis da libertação de Timor-Leste”.
No entanto, Virgílio Simith afirmou que “nenhum parente de Eurico Guterres está inscrito na base de dados” da CHSRR, a lista de nomes dos heróis tombados durante a ocupação.
Por lei, não há condecoração ou homenagem a quem não tiver sido previamente registado pelos seus descendentes ou familiares.
“Verifiquei hoje mesmo a base de dados e não consta ninguém da família do Eurico Guterres. E telefonei para Uatolari (distrito de Viqueque, na costa sul), a terra da família dele, e garantiram-me que nunca ninguém permitiu que o pai do Eurico fosse registado como um mártir da libertação”, explicou Virgílio Simith à Lusa.
“O pai do Eurico foi da resistência mas morreu na vila. Não morreu no mato”, adiantou o secretário de Estado, ele próprio ex-prisioneiro político e um dos veteranos mais conhecidos da resistência timorense.
A notícia da “condecoração” de Eurico Guterres motivou uma reunião de Virgílio Simith e outro ex-prisioneiro político, Marito Reis, actual secretário de Estado para os Assuntos dos Veteranos no Governo de Xanana Gusmão.
Na fotografia que a imprensa timorense republicou hoje da imprensa de Kupang da véspera, Eurico Guterres exibe uma medalha da ordem honorífica de Funu Nain, para os timorenses tombados no período das Bases de Apoio (1975 a 1978), e outra da ordem Falintil, a distinção para o período da guerrilha.
Outras ordens honoríficas homenageiam as vítimas do Massacre de Santa Cruz, de 12 de Novembro de 1991 e os cidadãos que actuaram mais de oito anos no mato ou na montanha, como militares ou quadros políticos da Frente Armada.
O reconhecimento da resistência timorense e do contributo dos que lutaram pela independência está inscrito na Constituição da República.
PRM
Lusa/fim
segunda-feira, março 02, 2009
Governo abre investigação a "condecorações" de Eurico Guterres
Por Malai Azul 2 à(s) 09:53
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
1 comentário:
Caros amigos,
Não sei Virgilio Smith contactou com quem em Uatu-Lari. Mas a fonte que lhe ofereceu a noticia de que o pai do Eurico na vila foi uma grande mintira. O pai do Eurico era Falintil e foi morte no combate nos arredores de Uatu-Lari em 1975, no primeiro assalto dos militares Indonesios para aquele sud-distrito Ele foi apanhado numa emboscada e a seguir foi assassinada. O pai do Eurico não pode responsabilisar o crimi do filho.
Devia abrir uma investigação para saber exactamente a situação como o pai do Eurico morreu. Não é bom proclamar herois para alguns traidores da Fretilin e insultar os outres que deram o seu corpo e alma para a libertação de TL.
Obrigado wa'in
Litik
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