Voltamos dia 18 de Abril.
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Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
14 comentários:
E porque dia 14 (ontem) Mau Hunu (Antonio Manuel Gomes da Costa)completou 59 anos de idade, não posso deixar em claro esta data para me inclinar perante um dos homens da Resistência. A minha singela homenagem escrita a 26 Fev 2002.
Mau Hunu
sabes Mau Hunu
encontrei-te naquela tarde,
cheia de sol.
a tua farta cabeleira
transportou-me para longe...
muito longe
a dois dias de viagem.
Conversámos.
e tu ali estavas
a contar Timor
a viver Timor.
Sofreste muito mas sobreviveste!
Quanto a mim
o que me faz sobreviver
é pensar que
“Timor e timorenses isolados”
como diz Rui Cinaty
sobreviveram a tanta crueldade!
Resta-nos aguardar
e esperar...
um futuro sem mais vítimas!
Palmira Marques
Coimbra
Mario V. Carrascallao nao esta envolvido nas manobras do Xanana. Ele tem uma opiniao reservada em relacao ao incidente de 11/2. A verdade peruturbar o actual status quo.
Timor Leader Says Rebels Had Support – Associated Press (AP)
SYDNEY, Australia (AP) — East Timor's president said he believed "external elements" were supporting the rebels who tried to assassinate him in the hope his country would be plunged into chaos and be declared a failed state.
In an interview with CNN on Monday, Jose Ramos-Horta did not identify the outsiders he believed were trying to destabilize his country or elaborate on what help he thought they had been doing to support such efforts.
Ramos-Horta, 58, has been recuperating in the northern Australian city of Darwin since February, when mutinous soldiers shot him outside his home in East Timor's capital, Dili. Prime Minister Xanana Gusmão escaped an ambush on his motorcade the same day.
The motive for the attacks, which followed more than a year of political turmoil and violence, remained unclear.
"An investigation has been ongoing, and there is increasing evidence pointing a finger at external elements that were supporting the renegade Alfredo Reinado," Ramos-Horta said, referring to the rebel leader who was killed during the Feb. 11 attack. "These are elements interested in destabilizing East Timor, plunging it into an endless civil war so it could be declared a failed state."
East Timor broke from decades of often-brutal Indonesian rule in 1999 in a U.N.-sponsored referendum. Three years later, it became Asia's newest nation, but the euphoria quickly evaporated amid the challenges of governing a divided, impoverished people.
The Sydney Morning Herald reported Tuesday that investigators found that Reinado was involved in 47 telephone calls to and from Australia in the hours before the February attacks. It said Timorese authorities have asked Australian agencies to provide the names of the telephone subscribers and to release any recorded conversations.
In the days following the attacks, a number of people were detained in Dili, including an Australian-Timorese woman who authorities said had hosted Reinado and his accomplices at her house the night before the attacks.
Reinado and another rebel were killed in a clash with Ramos-Horta's guards during the attack. An unknown number of rebels escaped.
In his interview with CNN, Ramos-Horta said it was imperative that the assassination attempt was properly investigated.
"Our country will need to get to the bottom of these events to heal from them," Ramos-Horta said.
The Nobel Peace Prize winner also said the attempt on his life had made him more resolved to help improve the lives of the impoverished Timorese.
"I would say that it has, primarily, reaffirmed my personal conviction and my ambition to lift people out of extreme poverty," he said. "Today, I have no other goal or ambition. The recent events have only served to reaffirm my lifelong commitment to helping the poor."
Ramos-Horta plans to return to East Timor on Thursday.
Timor:«Precaridade paz é problema complexo» - D. Ximenes Belo
D. Ximenes Belo considerou hoje que a precariedade da paz em Timor-Leste «é um problema complexo».
«É importante haver uma boa gestão dos recursos para a consolidar«, disse o Prémio Nobel da Paz 1996, para quem o novo país «está a fazer a sua aprendizagem como nação independente».
«Tem apenas seis anos, o que é pouco tempo», frisou o prelado. Disse também que Timor-Leste «está a adquirir experiência como país» e sustentou que «a paz também significa desenvolvimento».
«Para isso é preciso que os recursos sejam geridos de forma a contemplar as classes mais desfavorecidas», frisou.
D. Ximenes Belo, hoje homenageado por iniciativa da Escola Profissional de Aveiro, participou numa conferência interreligiosa promovida por aquele estabelecimento de ensino, juntamente com Faranaz Keshavjee, da Fundação Agha Khan, e de Joshua Ruah, ex-presidente da Comunidade Judaica de Portugal.
D. Ximenes Belo atribuiu grande importância ao diálogo ecuménico e ao papel das religiões na construção da paz, ao participar naquele encontro de diálogo interreligioso.
«Enquanto não se resolver a guerra entre religiões não haverá paz», disse D. Ximenes sustentando que «as religiões podem ajudar os povos a viver em tolerância».
Segundo defendeu, «o diálogo interreligioso é sempre importante para abrir os corações, pois é com abertura a outras culturas que é possível entrar em diálogo, para trabalhar pela paz e pela justiça».
«A paz depende dos Estados, dos governos, mas também de cada um», disse o prelado.
A visita do Papa aos Estados Unidos foi também comentada por D. Ximenes Belo que disse tratar-se de «uma visita pastoral para avivar a fé dos norte-americanos».
«Espero que contribua para a paz internacional», disse.
Confrontado com o facto do número de muçulmanos ultrapassar já o dos cristãos, o bispo emérito de Díli atribuiu este facto a vários factores, nomeadamente demográficos.
«Deve-se à limitação da natalidade no Ocidente e também à falta de educação religiosa», acentuou.
Faranaz Keshavjee, da Fundação Agha Khan, considerou que «é necessário avançar para projectos conjuntos tendo por base a ética comum».
«Tem-se organizado vários eventos para o diálogo interreligioso mas poucos ou nenhuns passos na prática», disse.
Joshua Ruah, ex-presidente da Comunidade Judaica de Portugal, defendeu que «os agnósticos não podem ser excluídos« da base ética comum a que alude Faranaz.
«É no plano ético que tem de haver entendimento, para um patamar acima dos credos, o credo da Humanidade», acrescentou.
Sustentou ainda que «as religiões são formas sociais de organização por princípios de fé e a Humanidade tem de se organizar por princípios éticos, que respeitem a pessoa humana».
«As religiões têm o papel pedagógico de ensinar aos seus crentes que o outro tem de ser respeitado com as suas diferenças», sublinhou Ruah.
Diário Digital / Lusa
15-04-2008 18:56:00
Presidente timorense quer que partidos discutam hipótese de eleições antecipadas em 2009
Ramos-Horta regressa com “dores persistentes” mas “fisicamente preparado”
Público, 16.04.2008 - 19h28
Adelino Gomes
Mal chegue a Timor-Leste, amanhã, às 08h00 (início da madrugada em Lisboa), José Ramos-Horta assumirá, de imediato, as funções presidenciais, detidas interinamente, desde o atentado de 11 de Fevereiro, pelo Presidente do Parlamento, Fernando “Lasama” de Araújo. “Fisicamente estou preparado, eu diria, a 80/90 por cento. Ainda tenho dores persistentes, resultado dos nervos que foram afectados e que levam tempo a sarar. Emocionalmente, só posso dizer depois de regressar”, declarou ao PÚBLICO, num contacto telefónico horas antes de partir de regresso a Díli.
A sua prioridade, no regresso à chefia do Estado timorense, é a de continuar o diálogo com todas as forças parlamentares, interrompido há oito semanas por um atentado que o obrigou a submeter-se a várias intervenções cirúrgicas, primeiro num hospital de campanha do contingente australiano estacionado em Timor-Leste e posteriormente num hospital em Darwin.
“Vou continuar o diálogo e tenho a certeza de que chegaremos a um consenso”, disse referindo-se em concreto à exigência de eleições antecipadas, feita pela Fretilin à AMP (Aliança para a Maioria Parlamentar, no poder].
Interrogado sobre o que dirá ao povo timorense e aos deputados timorenses, quando chegar a Díli, Horta disse que felicitará, em primeiro lugar, o Presidente interino “pela dignidade e serenidade com que assumiu as rédeas do país”, bem como “os deputados e partidos políticos que têm sabido manter-se unidos, apesar de umas trocas de insinuações, e em particular o povo timorense”.
Ramos-Horta salientou que “ao contrário do que aconteceu em muitos países, que imediatamente caíram em guerra civil, as instituições do Estado em Timor-Leste continuaram a funcionar” e que “não houve qualquer incidente desde a tentativa de assassinato” de que foi alvo.
Díli em festa
O Governo de Timor-Leste deu tolerância de ponto até às 10h30 e convidou a população a ir para a rua, para saudar o regresso de José Ramos-Horta. A capital timorense preparou-se para receber o presidente “condignamente”, disse uma moradora ao PÚBLICO. Para além de “grandes cartazes com foto a desejar-lhe bom regresso”, as ruas “esburacadas” estavam a ser reparadas. “especialmente a estrada da Areia Branca [onde se situa a residência privada do chefe do Estado], que está a ser asfaltada de novo.” No local, a segurança era “apertada”, com a casa a ser “passada a pente fino”, assim como as redondezas.
“Amanhã, ninguém vai lembrar-se que ainda vigora o estado de emergência na cidade! É dia de festa”, disse a mesma moradora.
À chegada, Ramos-Horta dará uma conferência de imprensa de 30 minutos no aeroporto Nicolau Lobato, devendo deslocar-se depois ao Parlamento Nacional, para uma intervenção de 5 minutos, a anteceder outra maior na próxima segunda-feira.
Antes de partir para Díli, Horta jantou com familiares, depois de, ao almoço, ter orado com o bispo luterano norueguês e membro do Comité Nobel, Gunnar Stalsett, informou o enviado da agência Lusa, Pedro Rosa Mendes.
Timor-Leste: Ramos-Horta regressa da Austrália
O presidente de Timor-Leste regressa hoje ao seu país, partindo dentro de momentos da Austrália, onde recebeu tratamento médico, depois de ter sido alvo de um atentado a 11 de Fevereiro, que quase lhe custou a vida.
O avião de José Ramos-Horta deverá partir de Darwin às 6:30 de quinta-feira (22:00 de quarta-feira em Lisboa).
O presidente é acompanhado por 24 pessoas, incluindo os embaixadores da Austrália em Dili e de Timor-Leste na Austrália.
O bispo norueguês Gunnar Stalsettgg, o filho Loro Horta, o médico pessoal, Rui Araújo, jornalistas e familiares acompanham também o Presidente de Timor-Leste.
No ataque à sua residência pelo grupo do major Alfredo Reinado, José Ramos-Horta foi ferido com balas que lhe rebentaram a parte inferior do pulmão direito «e abriram um buraco negro de quase um palmo nas costas», como recorda uma das irmãs do Presidente, Rosa Horta Carrascalão.
«O anestesista da clínica australiana do heliporto disse-me mais tarde que, quando mudaram o meu irmão da sala de anestesia para a sala de operações, ele estava a morrer. A cara estava toda azul», contou Rosa Horta Carrascalão à Lusa.
«Se a ambulância tivesse demorado mais uns minutos ou se o tivessem levado para o hospital central, o Presidente estaria morto», acrescentou.
«Tenho duas costelas soltas, a décima e a décima primeira do lado direito, que foram separadas da coluna por uma bala», contou hoje Ramos-Horta à agência Lusa.
«Também fiquei com três estilhaços cá dentro. Um dia, talvez sejam expulsos naturalmente pelo corpo», disse Ramos-Horta ao explicar as dores que ainda sente, «um desconforto» para o qual continua a ser medicado.
As costelas suspensas e, sobretudo, o facto de as balas terem atingido dois nervos vitais na região abdominal acentuam as dores na posição sentada.
«Não posso estar muito tempo sentado», explicou o Presidente antes de uma das últimas sessões de fisioterapia em Darwin.
José Ramos-Horta tem estado quase sempre em traje desportivo nesta semana de despedida de Darwin: calções, sapatos de «jogging», t-shirt branca.
Quando se senta, os calções deixam ver uma enorme mancha púrpura, rectangular, na coxa direita.
«Fizeram um enxerto da pele na perna para fechar a ferida nas costas. Fazem isso quase como daquela maneira de cortar queijo com uma lâmina», explicou o Presidente sem sinal de incómodo.
O atentado tem ainda contornos por esclarecer.
Ramos Horta disse hoje à Lusa que «Não foi mão timorense», repetindo a sua convicção de envolvimento estrangeiro.
Marcelo Caetano, o militar que o Presidente reconheceu como sendo o autor dos disparos que o atingiram, é, assim, «uma mão que teve uma mão por trás».
«Alfredo Reinado e Angelita Pires (assessora legal do major) tinham uma conta em conjunto, com um milhão de dólares, aqui na Austrália», disse, citando a informação que lhe foi prestada pela Polícia Federal Australiana.
Acredita também que «elementos ligados aos Kopassus indonésios», as forças especiais com uma longa história durante a ocupação de Timor-Leste, estiveram ligados ao 11 de Fevereiro.
José Ramos-Horta volta a um país ainda com rebeldes à solta mas diz que não tem medo que alguém lhe faça mal.«Nunca tive. Mesmo em 2006 (ano da crise institucional e de segurança em Timor-Leste), ia a todo o lado, até onde havia tiros. Às vezes diziam-me, depois, que tinha sido uma loucura», contou.
O Presidente vai voltar para a casa onde tudo aconteceu, em Metihaut, e diz ter consciência de que o que se passou a 11 de Fevereiro pode voltar a acontecer.
«Pode. Mas eles não voltam duas vezes ao mesmo sítio», rematou.
Diário Digital / Lusa
16-04-2008 22:02:00
Timor: «Deixe-se de aventuras», disse Ramos-Horta a Salsinha
No seu regresso a Timor-Leste, o Presidente da República, José Ramos-Horta, ordenou ao ex-tenente Gastão Salsinha para se entregar e acabar com a sua «aventura».
«Deixe-se de aventuras. A vossa aventura e irresponsabilidade ao longo de meses já custou vidas», afirmou José Ramos-Horta na conferência de imprensa que deu no aeroporto internacional Nicolau Lobato, em Díli, dirigindo-se ao líder dos fugitivos ligados aos ataques de 11 de Fevereiro.
O Presidente da República, falando em português, tétum e inglês, fez uma intervenção emocionada mas dura contra Gastão Salsinha e o major Alfredo Reinado, responsáveis pelos ataques contra José Ramos-Horta e o primeiro-ministro Xanana Gusmão.
José Ramos-Horta ficou gravemente ferido, o major Reinado morreu no ataque e o ex-tenente Salsinha fugiu com um grupo que agora está reduzido a cerca de 15 homens.
«Entregue-se ao pároco em Gleno ou Maubisse. Confio totalmente nesta igreja timorense. Ela saberá como contactar as autoridades«, pediu o chefe de Estado a Salsinha no regresso de mais de dois meses de convalescença em Darwin, Austrália.
«Apesar de eu ter sido atingido, eu não queria que Salsinha ou qualquer outro timorense perdesse a sua vida.
Demasiados timorenses perderam as suas vidas», acrescentou José Ramos-Horta num momento em que, embargado, interrompeu as suas palavras.
«Desculpem. Estou um bocado emocionado«, explicou o Presidente da República, antes de dar mais explicações sobre Salsinha e Reinado.
«Talvez eu tenha sido extremamente ingénuo ao acreditar que podia convencer alguém a entregar as armas. Até contei a Alfredo como tínhamos chegado à independência. Sem armas», explicou José Ramos-Horta.
«Eu não tinha armas em Nova Iorque ou na Europa para convencer os dirigentes ou os senadores. Nós ganhámos a independência apenas a nossa inteligência, os nossos sentimentos e a nossa honestidade«, afirmou o Presidente da República.
«Ele nunca me ouviu», acusou também o chefe de Estado sobre o major Reinado, repetindo-a para o ex-tenente Salsinha.
«Se antes de 11 de Fevereiro não havia mandado de captura, agora Salsinha é acusado de cumplicidade nos atentados. É culpado? É inocente? O tribunal vai decidir«, sublinhou o chefe de Estado.
«Salsinha tem que se entregar. Ele disse que esperava pelo meu regresso para se entregar. Eu prefiro que ele procure a igreja. Depois ele tem que ir ao Procurador-geral da República, ou ao tribunal, não sei o processo, e enfrentar a justiça», insistiu o Presidente.
«Durante mais de dois anos tentei e tentei persuadir Alfredo e Salsinha. Uma vez eu disse ao Alfredo: 'Alfredo, tu tens mulher e filhos. Brincas com armas, brincas com o fogo, vais queimar-te'«, contou José Ramos-Horta.
«Reinado disse-me: 'Não me interessa a minha família, interessa-me apenas o meu povo'. E eu respondi-lhe uma palavra que não posso repetir à frente das câmaras, começada por 'b'» («bullshit»), acrescentou o Presidente num tom severo.
«Alguém que me diz que não se importa com a família nem com os filhos e apenas com o povo, está a mentir-me. Quem não tem sentimentos pela família não pode ter sentimentos pela nação«, acusou José Ramos-Horta.
«Quando Reinado veio (dia 11 de Fevereiro), não havia nenhum encontro combinado. E eu nunca me encontraria com ele em Díli, mas em Ermera ou Maubisse. E nunca às sete da manhã», disse José Ramos-Horta, dirigindo-se «aos apoiantes de Reinado e Salsinha que dizem que havia uma reunião combinada em minha casa».
José Ramos-Horta recordou que «há alguns meses, Reinado devia vir encontrar-se com Fernando »La Sama« e com Xanana Gusmão» em Díli.
«Reinado não apareceu. Eu recusei-me a encontrar-me com ele«.
«Quando tinham fome em Gleno, dei-lhes o meu dinheiro e pedi ao Ministério da Reinserção Comunitária que os incluísse na distribuição alimentar, o que foi concretizado», recordou também José Ramos-Horta. «Porque os tratei como seres humanos, fui ouvi-los. Nunca hesitei em interessar-me por eles.»
José Ramos-Horta contou um episódio sucedido durante a crise de 2006, quando ele ocupava ainda o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros timorense.
«O peticionário veio ao meu escritório. Tinha uma bala e estava ferido e queria ser operado. Eu perguntei-lhe o que lhe tinha acontecido. Ele estava envergonhado e não quis dizer-me, mas era óbvio que tinha participado no ataque de Tasi Tolu (contra o quartel-general das Forças Armadas). Mas mandei o meu chefe de gabinete arranjar assistência para ele.«
O Presidente da República contou outro episódio de Maio de 2006, »antes de Alfredo Reinado ser rico«.
«Pediu-me dinheiro para a família. Eu não tinha muito, peguei em 50 ou 100 dólares e disse-lhe: 'Isto é o que tenho'. Não sei se o deu a alguém ou não».
«Não queria que Reinado morresse«, repetiu o chefe de Estado perante uma sala com dezenas de jornalistas.
«Quem é responsável pelo que aconteceu? Só Reinado e Salsinha podem explicar».
Após a conferência de imprensa, José Ramos-Horta saiu para um banho de multidão. Milhares de pessoas enchiam a avenida que atravessa Díli e que liga ao centro da capital, onde fica situado o Parlamento Nacional.
«Salsinha já não é o líder dos peticionários«, afirmou o Presidente da República na sua curta intervenção perante os deputados e a comunidade diplomática.
Diário Digital / Lusa
17-04-2008 7:00:00
Ramos-Horta defende legislativas e presidenciais antecipadas
DN, 18/04/08
PEDRO ROSA MENDES, Díli
A realização de eleições antecipadas em Timor-Leste "pode ter vantagens para todas as partes", declarou ontem à Lusa o Presidente da República timorense, José Ramos-Horta.
"Sempre disse que não tenho objecções a eleições antecipadas desde que resulte(m) de um consenso do Parlamento, de todos os partidos", afirmou Ramos-Horta na sua residência em Díli, onde regressou depois de tratamento na Austrália, na sequência do atentado de 11 de Fevereiro. "A Fretilin quer as eleições antecipadas, talvez no Verão de 2009. O Governo diz que sim, diz que não, ainda não se pronunciou", afirmou em entrevista conjunta à Lusa e RTP.
Para o Presidente, as eleições antecipadas "podem trazer vantagens para todas as partes". "Se o Governo fizer um bom trabalho este ano, as eleições resultam numa vitória do Governo e a Fretilin perde". Mas "se o Governo faz um trabalho miserável, não consegue cumprir as promessas (...), até eu prefiro ter eleições antecipadas porque não temos que os ter mais de três anos", sublinhou.
"O ano de 2008 é um grande teste para o Governo. Se fizer bom trabalho, a Fretilin estará em desvantagem". Se for medíocre, "o povo quererá eleições antecipadas", disse. Ramos-Horta reconheceu que olha para si, hoje, como factor de união da sociedade timorense.
"Parece que sim. É o que revela a explosão popular em me acolher. É o que revela os partidos todos tenham estado no aeroporto". É com esse apoio que o Presidente quer "insistir no diálogo" iniciado no regresso da visita oficial ao Brasil, em Janeiro, incluindo a reunião entre a aliança partidária no Governo e oposição, poucos dias antes do 11 de Fevereiro.
"Tivemos dois diálogos e correram de forma muito salutar e com propostas construtivas. O único ponto por discutir era a exigência de eleições antecipadas. Mas podemos chegar a um compromisso em que ninguém perde a face", afirmou Horta.
"Se houver legislativas antecipadas, eu quero também presidenciais antecipadas", declarou Ramos-Horta, acrescentando que, nesse caso, não seria candidato, conforme a Constituição. "Não sou melhor que os outros. Os outros não são melhores que eu. Vamos testar com o povo", explicou o Presidente. "Disse também [em Julho de 2006] que a minha preferência não era ser primeiro-ministro. Fui empurrado, sobretudo por Xanana Gusmão. E paguei um preço muito grande como primeiro-ministro porque assumi a responsabilidade numa situação muito difícil", considerou Horta. "Aceitei, tentei ser leal à Fretilin, respeitando a sensibilidade do partido nessa altura. Depois fui empurrado para presidenciais e não me senti bem tendo como adversário o Francisco Guterres" o presidente da Fretilin, referiu. "Hoje, chego à conclusão que Fernando 'La Sama', por exemplo, seria um bom Presidente, pela forma como agiu" nos meses em que ocupou interinamente a chefia do Estado, afirmou Ramos-Horta.|
Jornalista da Lusa
Eurico Guterres e Xanana encontram-se dia 28 em Díli
JN, 18/04/08
O ex-chefe da milícia pró-Indonésia em Timor-Leste, Eurico Guterres, anunciou ontem que se reunirá este mês com o primeiro-ministro e seu antigo inimigo, Xanana Gusmão, para procurar a reconciliação entre indonésios e timorenses. Guterres disse à edição digital do diário "The Jakarta Post" que se reunirá no próximo dia 28 em Díli, com Xanana Gusmão, contra quem combateu durante anos quando a Fretilin lutava contra a ocupação militar da Indonésia. O ex-chefe da milícia pró-Indonésia, que há 11 dias foi absolvido de uma condenação a dez anos de prisão pelo assassinato em 1999 de 12 pessoas em Timor-Leste, assinalou que o processo de reconciliação passa pela Comissão da Verdade e Amizade, encarregada de investigar a onda de violência que ocorreu naquele ano. Eurico Guterres, antigo líder do grupo paramilitar Aitarak, era o último dos 18 condenados pela violência de 1999 que ainda não tinha sido posto em liberdade pelo Supremo Tribunal da Indonésia. A Aitarak foi uma das milícias organizadas pelo Exército indonésio em Timor-Leste para fazer com que a população apoiasse a anexação à Indonésia no referendo organizado pela ONU em 30 de Agosto de 1999.
Correio da Manhã, 18 Abril 2008 - 00h30
Ramos-Horta regressou a Timor
“Salsinha tem de se entregar”
O presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, regressou ontem ao seu país após dois meses na Austrália, onde foi tratado aos ferimentos sofridos num atentado contra a sua vida. À chegada a Díli, o chefe de Estado timorense ordenou ao ex-tenente Gastão Salsinha para se entregar e acabar com a "aventura".
No aeroporto de Díli, Ramos-Horta era aguardado, entre fortes medidas de segurança, pelo primeiro-ministro, Xanana Gusmão, e pelo antigo chefe do governo Mari Alkatiri. Populares saudaram o seu regresso com aplausos e danças tradicionais. "Salsinha tem de se entregar. Disse que esperava pelo meu regresso para se entregar. Prefiro que procure a Igreja. Depois tem de ir ao procurador-geral da República ou ao tribunal e enfrentar a Justiça", declarou o presidente timorense, dirigindo-se ao líder dos fugitivos ligados ao atentado de 11 de Fevereiro.
"A sobrevivência ao atentado só pode ser explicada pela teologia. É algo que só os bispos e Sua Santidade [o Papa] ou os teólogos podem explicar", afirmou quando questionado sobre a leitura que faz ao facto de ter sobrevivido. Ramos-Horta declarou ainda que a realização de eleições antecipadas"pode ter vantagens para todas as partes".
Timor-Leste: Ramos-Horta agradece «apoio inestimável» da GNR
O Presidente José Ramos-Horta agradeceu em Díli «o apoio inestimável» da GNR em Timor-Leste e recordou a intervenção do contingente português a 11 de Fevereiro.
«Os médicos aconselharam-me a ter calma nas minhas actividades», afirmou José Ramos-Horta aos jornalistas no quartel do Subagrupamento Bravo da GNR, em Caicoli, Díli, na primeira cerimónia pública após regressar ao exercício das funções de chefe de Estado.
«Por recomendação médica, eu não viria, mas em relação à GNR eu não podia deixar de fazer um esforço especial para estar presente, para agradecer a toda a corporação o apoio inestimável que tem dado ao povo timorense desde Maio de 2006», explicou o Presidente da República.
«Creio que, até agora, não faltei a uma cerimónia de despedida de cada contingente que cá tem estado», acrescentou o chefe de Estado timorense.
José Ramos-Horta participou da cerimónia de condecoração dos 141 militares da GNR e da equipa de três elementos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) com a Medalha de Mérito Liberdade e Segurança na União Europeia.
A condecoração é atribuída pelo ministério da Administração Interna português e na cerimónia esteve presente o comandante-geral da GNR, tenente-general Mourato Nunes.
«Embora a situação de anarquia ou violência de 2006 tenha sido a pior», José Ramos-Horta sublinhou «o significado dos incidentes do 11 de Fevereiro, com a agressão contra o Presidente da República e o primeiro-ministro».
«Foi o incidente mais grave e que poderia ter desembocado numa situação muito mais grave à escala de todo o país», declarou José Ramos-Horta.
O chefe de Estado timorense foi atingido a tiro no exterior da sua residência em Díli e teve que ser evacuado para Darwin, Austrália, de onde regressou quinta-feira.
«Foi um enfermeiro da GNR que chegou a mim quando eu estava ainda no chão. Eu vi-o na ambulância, reconheci-o», recordou hoje José Ramos-Horta, referindo-se ao enfermeiro do INEM.
«A nossa ambulância não tinha qualquer enfermeiro ou médico a bordo. Foi ele que saltou para dentro e veio», acrescentou o Presidente da República.
A GNR participa, desde o regresso de José Ramos-Horta, na segurança pessoal do Presidente.
Quinze elementos da Secção de Operações Especiais da GNR asseguram, em permanência, 24 horas por dia, a escolta pessoal de José Ramos-Horta, mesmo na sua residência, em complemento à segurança da Polícia Nacional timorense.
«Creio que é um exagero eu ter tanta segurança mas não sou eu que decido em relação a isso, ou já não me vão deixar decidir, já não me vão ouvir, porque no passado eu mandava-os embora», afirmou o Presidente da República.
Diário Digital / Lusa
18-04-2008 7:51:00
"Não quero mais mortes"
Ramos-Horta pediu que o dinheiro do petróleo seja para dar de comer aos pobres
Milhares de timorenses saudaram a chegada a casa do presidente Ramos-HortaA segurança foi apertada para evitar complicações com a chegada do presidente
JN, 18/04/08
Orlando Castro
M ilhares de pessoas saudaram ontem o regresso, ao fim de dois meses de recuperação na Austrália, do "presidente herói", José Ramos-Horta, a Timor-Leste.
Depois de um emocionado abraço a Xanana Gusmão e dos cumprimentos das principais figuras que o aguardavam, caso do líder da Fretilin, Mari Alkatiri, e do presidente interino, Fernando "Lasama" de Araujo, Horta falou da reconciliação, apelando quase em lágrimas ao rebelde Gastão Salsinha para que se renda porque, disse, "não quero que mais ninguém morra".
Ramos-Horta falou da situação política, considerando que pode haver vantagens em antecipar as eleições, mas deu especial realce à debilidade económica do país, apelando ao Governo e ao Parlamento para que utlizem as receitas do petróleo "para comprar comida para os pobres".
Ovacionado no Parlamento como nas ruas, Ramos-Horta voltou depois ao lugar do crime, a sua casa, entretanto exorcizada dos maus espíritos que, de acordo com as tradições locais, ali habitavam desde o ataque protagonizado pelo major Alfredo Reinado.
Antes do regresso a Timor-Leste, Ramos-Horta afirmara que a acção de Alfredo Reinado fora planeada por elementos externos "interessados em desestabilizar o país e lançá-lo numa guerra civil".
Satisfeito por estar em casa, Ramos-Horta garante que não vai mudar o seu estilo de ser e de estar, avisando que voltará em breve aos "banhos públicos, ao encontro com as pessoas comuns".
"Não serei demovido, sejam quais forem as ameaças, de estar com as pessoas pobres. No fim das contas, sou presidente para servir aos pobres deste país, não me vou esconder no meu escritório ou na minha casa," afirmou Ramos-Horta.
Sobre a ameaça que constitui Gastão Salsinha, o presidente recordou afirmações recentes do tenente rebelde em que dizia que se renderia logo que Ramos-Horta voltasse ao país.
Criticando os que, "de um lado e do outro", respondem com violência às tentativas de diálogo, Ramos-Horta disse "Eu já cá estou e, portanto, espero que como é sua vontade, Salsinha se renda pessoalmente a mim".
"Estive envolvido em diálogos com os rebeldes durante 18 meses. Nunca hesitei em ir ter com elas à floresta ou às montanhas. Devo ser o único presidente do Mundo que fez isso para se reunir com os seus dissidentes, com os rebeldes", recordou Horta.
Timor: 3 suspeitos ataques contra Horta e Xanana detidos
A polícia da Indonésia prendeu três suspeitos dos ataques ao Presidente e ao primeiro-ministro Timorenses em Fevereiro, anunciou o chefe de Estado indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono.
A notícia, divulgada pela australiana ABC News, dá conta da prisão dos três suspeitos, ex-militares nas Forças de Defesa de Timor-Leste, mas não avança detalhes em relação à sua identidade nem ao local onde foram detidos.
O governo indonésio pediu ao Presidente timorense, entretanto, provas sobre o alegado envolvimento de cidadãos indonésios no ataque de que foi alvo na sua resiência em 11 de Fevereiro e que o deixou ferido com gravidade.
Ramos-Horta disse à Agência Lusa na quarta-feira que «elementos ligados aos Kopassus indonésios», as forças especiais com uma longa história durante a ocupação de Timor-Leste, estiveram ligados ao 11 de Fevereiro.
«São gente vingativa e a linha dura de alguns militares não aceita a independência», explicou José Ramos-Horta sobre essa suspeita.
«Nós precisamos que a acusação esteja suportada pela substância», respondeu hoje o ministro de Negócios Estrangeiros do Governo de Jacarta, Hassan Wirajuda, em declarações à agência indonésia ANTARA.
Wirayuda considera que se o governo de Timor-Leste conseguir fornecer as provas, não só o ministro dos Negócios Estrangeiros da Indonésia poderá investigar o assunto, mas também outras instituições do Governo Indonésio.
Diário Digital / Lusa
18-04-2008 15:05:00
Timor: Militares detidos na Indonésia tinham mandado captura
A detenção de três militares timorenses na Indonésia por suspeita de envolvimento nos atentados de 11 de Fevereiro foi feita ao abrigo de mandados de captura emitidos pelo governo de Timor-Leste, disse hoje o presidente indonésio.
«Ontem de manhã (quinta-feira) e esta manhã, a polícia indonésia conseguiu deter três timorenses. Eles foram interpelados à luz de mandados de captura difundidos pelo governo timorense», declarou Susilo Bambang Yudhyono aos jornalistas em Jacarta.
«Trata-se de três soldados timorenses, não de indonésios«, frisou o presidente indonésio, referindo que os detidos são suspeitos de envolvimento nos ataques de 11 de Fevereiro, em Díli.
O presidente indonésio escusou-se a dar mais informações, »por agora«, sobre as detenções.
Os ataques de 11 de Fevereiro tiveram como alvos o presidente timorense, José Ramos-Horta, ferido a tiro com gravidade, e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, que escapou ileso.
Susilo Bambang Yudhyono declarou ainda ter ficado surpreendido com »declarações em Díli do presidente Ramos-Horta, segundo as quais pessoas na Austrália e na Indonésia estavam implicadas« nos atentados.
«Fiquei um pouco surpreendido», declarou.
Ramos-Horta disse à Agência Lusa na quarta-feira que «elementos ligados aos Kopassus indonésios», as forças especiais com uma longa história durante a ocupação de Timor-Leste, estiveram ligados ao 11 de Fevereiro.
«São gente vingativa e a linha dura de alguns militares não aceita a independência«, explicou José Ramos-Horta sobre essa suspeita.
A agência indonésia Antara noticiou hoje que o Governo de Jacarta pediu provas a Ramos-Horta sobre o alegado envolvimento de indonésios nos ataques de 11 de Fevereiro.
«Nós precisamos que a acusação esteja suportada pela substância», disse o ministro de Negócios Estrangeiros da Indonésia, Hassan Wirajuda.
Diário Digital / Lusa
18-04-2008 19:32:00
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