sábado, março 15, 2008

Timor-Leste receberá doação do Ministério do Esporte

Vermelho
13 DE MARÇO DE 2008 - 13h49

Quando chegar ao Timor-Leste, no início de abril, Edson Duarte Monteiro Marinho assume o cargo de novo embaixador do Brasil naquele país. O diplomata levará em sua bagagem uma importante ferramenta de promoção da paz e de resgate social. Trata-se de um lote de 300 itens esportivos - entre bolas, redes e jogos de xadrez - que foram produzidos e doados pelo Ministério do Esporte brasileiro.

O "presente esportivo", confeccionado por meio dos programas Pintado a Liberdade e Pintando a Cidadania, conta com 250 bolas, sendo 50 bolas para cada modalidade - vôlei, basquete handebol, futebol de campo e futsal. O lote inclui ainda redes de vôlei e de futebol de campo e diversos jogos de xadrez (kit com tabuleiro e peças), acompanhados de cartilhas que ensinam as técnicas do esporte aos futuros enxadristas timorenses.

Representando o ministro do Esporte do Brasil, Orlando Silva, o chefe da Assessoria Internacional, José Leite de Assis Fonseca efetuou a doação. A cerimônia de entrega foi prestigiada pela ministra Vera Cíntia Alvarez, chefe da Coordenação Geral de Intercâmbio de Cooperação Esportiva (CGCE), no Palácio do Itamaraty.

"A exemplo dos acordos de cooperação internacional que compõem a Política Pública do Esporte essa coordenação, a CGCE, é mais uma inovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o esporte ganhou na área da diplomacia brasileira", explica José Leite.

Resgate

Consciente das dificuldades que enfrentará, o embaixador Edson Marinho lembrou a situação social do Timor-Leste que tem o português como língua oficial. "Após longo período de crises, o Timor conta com poucos recursos e necessita promover a educação, a saúde e o desenvolvimento social de seu povo", admite. Confiante, ele ressalta que "o Brasil tem um importante papel de resgate social a desempenhar junto aos países de língua portuguesa no âmbito da cooperação esportiva".

De acordo com o embaixador, o Timor-Leste se inspira nas experiências brasileiras de inclusão social por meio do esporte, principalmente, no que se refere ao futebol, modalidade que já começa a se popularizar naquele país. "Atualmente, no centro da capital Dili já existe uma área onde se vêem jovens jogando futebol e muita gente em volta assistindo e torcendo", conta Edson Marinho.

Segurando uma bola de futebol, o embaixador brasileiro afirmou que com essa doação do Ministério do Esporte "já chego ao Timor com a bola cheia". E, em seguida, frisou que o presidente Ramos Horta, durante sua recente visita ao Brasil declarou, em conversa pessoal, que a exemplo do que tem acontecido, o próprio presidente fará pessoalmente a distribuição do material esportivo brasileiro à população carente.

Material

As bolas e redes doadas ao Timor-Leste foram confeccionadas por 630 detentos do Presídio Estadual Odemir Guimarães, em Goiânia (GO) e das cadeias municipais de Niquelândia, Goianésia, Itaberaí e Uruaçú. O processo de confecção de bolas inicia na penitenciária com o processo de corte e de serigrafia da matéria prima conhecida como laminado sintético para a aplicação das marcas dos governos federal e estadual. Nas cadeias, elas são costuradas a mão e retornam ao presídio, onde são moldadas na prensa e, por fim, passam pelo controle de qualidade.

Redes e jogos de xadrez

No caso das redes esportivas, estas são costuradas de forma artesanal, no mesmo estilo de confecção de redes de pesca. Porém, a montagem, o corte e o acabamento final são diferenciados, seguindo os padrões de redes das modalidades. Já os kits de xadrez (kit com tabuleiro e peças) foram confeccionados por 49 trabalhadores de comunidades carentes, por meio da Associação Cultural Jacuipense, em Conceição do Jacuípe (BA). As Cartilhas de Xadrez foram produzidas pelo Ministério do Esporte.

No Brasil, os programas Pintando a Liberdade e Pintando a Cidadania abastecem escolas públicas e programas sociais do próprio Ministério do Esporte. Programa de ressocialização de presos, o Pintando a Liberdade envolve penitenciárias de todos os estados e do Distrito Federal e conta com a participação de 12,8 mil detentos. Eles aprendem uma profissão, recebem por produção e a cada três dias trabalhados tem um dia abatido na pena. Já no Pintando a Cidadania, o trabalho é feito por moradores de comunidades reconhecidamente carentes por meio de cooperativas de trabalhadores.

Timor-Leste

Atualmente com um milhão de habitantes e localizado entre a Indonésia e a Austrália, o Timor Leste era uma antiga colônia portuguesa conhecida como Timor Português, até 1975, época em que se tornou independente e foi invadido pela Indonésia. Em 30 de agosto de 1999, a esmagadora maioria dos timorenses votou pela separação da Indonésia. Em resposta, grupos de milícias, apoiados por elementos das forças armadas indonésias, empreenderam campanhas de incêndio, pilhagem e violência que só terminaram com a força de intervenção.

Grande parte da infra-estrutura do Timor Leste foi destruída e o país quase que totalmente devastado. Finalmente, em 30 de Agosto de 2001, dois anos após o referendo popular, os timorenses foram novamente às urnas para eleger a Assembléia Constituinte. O objetivo era redigir e adaptar a nova Constituição, criando condições para a realização de eleições e a transição para a total independência, que foi formalmente oficializada no dia 20 de maio de 2002, quando assumiu o presidente Xanana Gusmão (2002 a 2007).

Em 2006, ocorreu uma situação de conflito em decorrência da demissão de 600 militares. Os demitidos entraram em confronto com os militares ativos e uma força de intervenção, liderada pela Austrália, ainda encontra-se atuando no país. Como nação independente, em 2007 ocorreram também as primeiras eleições presidenciais e legislativas. O atual presidente é Ramos Horta, o ex-primeiro ministro do governo de Xanana Gusmão.

Fonte: Ministério dos Esportes.

3 comentários:

José Antonio Rocha disse...

Para ajudar os amigos lusófonos, formatei o Dicionário
Tétum-Português-Indonésio da Buka Hatene para o Babylon Translator.

http://meiradarocha.jor.br/news/2008/03/15/o-homem-que-falava-timores/

Também há uma versão no Google Spreadsheet para edição colaborativa.

Abraços!

Anónimo disse...

Obrigado ao colega Prof. Meira da Rocha pela sua excelente iniciativa.

Obrigado também ao Ministro do Esporte, ao embaixador Edson Marinho e aos presos de Goiás, pela sua oferta ao povo de Timor-Leste. Assim, muitos jovens poderão ocupar os tempos livres praticando desporto.

Apraz-me ver o carinho com que o Brasil continua a tratar os timorenses. Não é preciso oferecer muitos milhões para demonstrar amizade. O Brasil também tem os seus problemas, mas não deixa de ter um gesto muito mais significativo do que um cheque com muitos cifrões.

Esta bonita iniciativa envolve e representa todo o Brasil, com destaque para os presos que cumprem pena, o que lhe dá ainda mais significado.

Exportar esses excelentes programas "Pintando a Liberdade" e "Pintando a Cidadania" para Timor será certamente uma boa ideia. Espero que este intercâmbio dê frutos e que possa continuar por muitos... milénios!

Anónimo disse...

O futebol está na massa do sangue dos timorenses, que já o jogavam sem saber, quando dançavam o "tebe" com as cabeças dos inimigos...

Nos meus tempos de criança, o futebol jogava-se todas as tardes no campo anexo à igreja de Motael, onde hoje está a célebre ex-piscina e o ex-futuro "zoológico" dos indonésios, do qual só "restou" o famoso crocodilo do padre Alberto. Aquilo era a sério, com mais espectadores do que jogadores, o que mostra bem a qualidade do jogo.

Em Dili havia 3 clubes: o Sporting Clube de Timor, com a sua magnífica sede, que incluia cinema / salão de baile, o Sport Dili e Benfica, seu grande rival, e o União. Xanana era então um promissor guarda-redes. Que me perdoem os torcedores, mas é tudo o que a minha memória ainda retém.

Para além do futebol, outros desportos eram muito populares: o basquete, no qual se salientaram atletas como João Carrascalão e Lopes da Cruz. Eram famosas as corridas de cavalos do Suai. Poucos anos antes da invasão, a Mocidade Portuguesa tinha instalado uma escola de Vela entre a ponte-cais de Díli e a igreja de Motael, onde estava a famosa "beach house". Parece que chegou a haver uma regata Dili-Darwin, com promessas de se repetir. Mas o "desporto" nacional, sem rival à altura, era - e continua a ser - sem dúvida a luta de galos. Esse sim, mobilizava jogadores e apostadores desde a Tutuala até Oe-Cusse.

Parece que, depois da independência, Alkatiri tentou proibir este desporto-espectáculo. Sem êxito, claro...

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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