segunda-feira, março 31, 2008

Fretilin insiste em eleições antecipadas em 2009

Serviço também disponível em áudio em www.lusa.pt

Díli, 30 Mar (Lusa) - A Fretilin mantém a exigência de eleições legislativas antecipadas em Timor-Leste em 2009, afirmou hoje o secretário-geral do partido, Mari Alkatiri.

"É uma exigência nossa que não vamos deixar de fazer", declarou Mari Alkatiri após um encontro com o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação português, João Gomes Cravinho.

"A melhor forma de chegar a essas eleições antecipadas é através de um acordo para que se possa transmitir para o eleitorado e o povo em geral uma mensagem clara de democracia", acrescentou Mari Alkatiri aos jornalistas.

A concretização desse acordo político, explicou o líder da Fretilin, permitirá "não usar outros meios, do chamado poder popular".

"Se não, é um ciclo vicioso. Quem vier a governar, sempre estará à espera de poder enfrentar manifestações de toda a ordem", explicou o ex-primeiro-ministro timorense, que se demitiu em Junho de 2006 na sequência de uma grave crise política e militar.

"Queremos pôr fim a este ciclo de violência e tudo o que nós fizermos será na base da busca de consensos e de entendimento, mas sempre na base de tudo o que é legal e legítimo", declarou Mari Alkatiri.

"O mais importante é defender a integridade do Estado, que queremos que seja um estado de direito. Pautamos a nossa acção por isso, não obstante manter a posição clara que este governo não tem legitimidade para governar", acrescentou.

A Fretilin, que venceu as eleições legislativas de 30 de Junho de 2007 sem maioria absoluta, lidera a oposição no Parlamento à aliança de quatro partidos que sustenta o IV Governo Constitucional, chefiado por Xanana Gusmão.

Segundo Mari Alkatiri, as eleições antecipadas deviam acontecer em 2009.

"Antes também não queríamos. Vamos dar um pouco mais de tempo a este governo para se enterrar completamente", declarou o secretário-geral da Fretilin.

Portugal "naturalmente apoiaria as eleições antecipadas se esta for a solução encontrada aqui em Timor-Leste pela maioria dos timorenses", respondeu Mari Alkatiri quando questionado sobre a posição portuguesa.

Mari Alkatiri sublinhou que a Fretilin espera a concretização de um acordo político que inclua o maior partido timorense na gestão do país.

O acordo estava a ser discutido antes dos ataques de 11 de Fevereiro contra o Presidente da República e o primeiro-ministro.

"O Presidente está determinado (a avançar com o acordo) e nós também. Se houver bom-senso do outro lado, é esse o caminho mais consensual", adiantou Mari Alkatiri.

"A crise não são os peticionários, não é o falecido (major) Alfredo Reinado, (nem Gastão) Salsinha, nem os deslocados. A crise é crise política que vem do topo".

"Ou se consegue ultrapassar esta diferença que vem do topo, com convenções que surgem de consensos, ou a crise não acaba", declarou o secretário-geral da Fretilin.

Mari Alkatiri acusou o Governo de "fazer tábua-rasa" de uma resolução do Parlamento para a criação de uma comissão internacional de inquérito.

"Espero que a investigação se aprofunde. Se eu fosse governo, e tendo consciência tranquila, seria o primeiro a defender uma investigação internacional, como fiz aliás em 2006", disse Mari Alkatiri.

"Xanana Gusmão devia fazer o mesmo, devia ser ele a defender a comissão internacional. Não é um problema de acreditar ou não na actual investigação, mas ninguém é bom juiz em causa própria", frisou o líder da Fretilin.

"A justiça é a ponte mais segura para se chegar a uma verdade global", afirmou também Mari Alkatiri sobre a forma como as autoridades têm lidado com os suspeitos do 11 de Fevereiro.

"Não podemos exigir mais resultados e estou satisfeito pela parte positiva da operação 'Halibur', de não ter havido mais mortes, nem mais tiros".

"O que não estou de acordo é que as pessoas quando se rendem vão fazer reuniões com o primeiro-ministro antes de serem apresentados à justiça", ressalvou o ex-primeiro-ministro.

"Nós somos pela captura do Gastão Salsinha vivo", declarou Mari Alkatiri, que considerou o antigo líder dos peticionários uma peça essencial no esclarecimento dos ataques de 11 de Fevereiro.

No encontro que teve com João Gomes Cravinho, Mari Alkatiri diz ter falado "da má governação, para não dizer a desgovernação, do estado de sítio, que não se justifica (e é) um caminho aberto para a ditadura".

O ex-primeiro-ministro timorense falou também "de coisas positivas" com o governante português, dando o exemplo da"postura de Estado que a Fretilin tem mostrado".

PRM
Lusa/fim

2 comentários:

Anónimo disse...

O que Mari Alkatiri não disse aos jornalistas, por ser um verdadeiro diplomata, é que João Cravinho falou-lhe da "importância de um gesto da FRETILIN no reconhecimento do governo de Xanana Gusmão, legitimando o poder ilegitimo do actual governo". João Cravinho, imagem da melhor mordaça portuguesa à FRETILIN, achou que tem peso suficiente para alterar a verdade histórica de um golpe de Estado promovido por alguns portugueses - recordamos que um dos assessores de Xanana Gusmão está requisitado à RTP por força de um despacho do próprio Cravinho onde se considera que o ex adido de imprensa sa embaixada de Portugal em Díli "é um caso de interesse do Estado português".

Cravinho saíu da FRETILIN como entrou com cara de parvo e manchando uma vez mais o bom nome de Portugal junto dos timorenses.

Cravinho... vai pra casa, idiota!

Anónimo disse...

Se alguma vez em timor leste existe o verdadeiro diplomata de timor, este diplomata é Mari Alkatiri.O que ele fala e diz,são coisas que correpondem a realidade,ele fala da razão,no meu ver é o homem que quer trazer de volta a estabilidade ao país,o que ele não teve oportunidade de o fazer quando lhe derubaram inconstitucionalmente.
Pois,é o único que fala e nós comprendemos enquanto os outros (xanana,lasama,longuinos)já nem sabem o que vão fazer ao país.

Maubere Lian

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.