segunda-feira, março 24, 2008

Entrevista 3 - Embaixador defende aumento da presença militar brasileira no Timor

Agência Brasil
23 de Março de 2008

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Na terceira parte da entrevista à Agência Brasil, o novo embaixador brasileiro no Timor Leste, Édson Monteiro, defende a participação brasileira na Missão Integrada das Nações Unidas no Timor Leste (Unmit) e a manutenção das tropas militares no país. O diplomata também comenta a presença militar australiana no país.

O presidente do Timor Leste, José Ramos-Horta, teve alta esta semana depois de mais de um mês internado em um hospital da Austrália. Nas próximas semanas, deve reassumir o comando de seu país.

ABr - O Brasil mantém contingentes militares no Timor Leste, como faz no Haiti?

Monteiro - Temos apenas alguns policiais do Exército e policiais militares treinando policiais timorenses, e quatro observadores militares brasileiros dentro da estrutura das Nações Unidas. Num primeiro momento, quando saiu a independência, o Brasil teve o maior contingente de tropa, cerca de 180, que ficaram lá até a independência. Eu adoraria realmente que se aumentasse a presença brasileira. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso aqui ao presidente Ramos-Horta, disse que o Brasil também estava disposto a cooperar mais na área de segurança e na área militar. Ainda não sei como isso vai ser traduzido, mas tenho esperança.

ABr - Até quando será necessária a presença de tropas militares no Timor Leste?

Monteiro - O Timor vai ter que criar novas Forças Armadas. Não sabemos quanto tempo isso vai levar. Eles ainda não têm o projeto, mas já nos disseram que vão criar uma força terrestre moderna, despolitizada, para cuidar apenas da segurança, e já nos disseram que gostariam muito de contar com o apoio brasileiro para isso.

ABr - A Missão Integrada das Nações Unidas (Unmit), que está no Timor Leste desde 2002, acaba de ser estendida até fevereiro de 2009...

Monteiro - Nossa posição é de que esse mandato tem que ser prorrogado por prazo ainda indefinido. Não adianta sair correndo se não tiver certeza de que há uma estrutura que possa funcionar sozinha. A situação é avaliada a cada ano por um grupo de países do qual o Brasil faz parte. Nossa palavra tem sido sempre de que é preciso manter.

ABr
- A Austrália mantém no Timor um contingente militar maior que o das Nações Unidas. Essa presença maciça não pode atrapalhar a criação de uma identidade nacional?

Monteiro - Criou-se essa situação, que não é a ideal. O Brasil preferiria que houvesse tropas das Nações Unidas para atender as necessidades de segurança, mas o governo se sentiu ameaçado com o conflito de 2006 porque havia dissidências de militares, pessoas armadas e treinadas. O governo do Timor então fez um apelo emergencial à Austrália, país mais próximo, e também à Nova Zelândia e a Portugal para que enviassem tropas. Não há dúvida de que a ajuda era necessária, mas a quantidade de militares, o tipo de armamento que levaram nos deixa muito preocupados porque são militares de ataque. O que havia era uma situação de insegurança, deveriam ter sido enviados policiais militares, como fez Portugal. Enviaram o Exército, e está lá. Deixa uma impressão preocupante, deve estar causando uma reação negativa no povo, não temos como medir. Isso acabou resultando em uma cordo entre Austrália, o Timor e as Nações Unidas pelo qual ficou reconhecida a cooperação australiana nos moldes em que ela foi oferecida. Não podemos dizer que isso significa uma tutela, um controle, o governo do Timor atua de forma independente. Mas traduz, certamente, uma preocupação estratégica da Austrália com a situação do Timor, que é o país mais próximo de seu território. É óbvio que a Austrália vai continuar mantendo, tanto quanto possível, uma presença muito forte lá.

ABr
- O interesse maior da Austrália é político ou econômico?

Monteiro - A Austrália faz a exploração do petróleo, mas acho que é mais do que isso. O Timor é uma área que estava conturbada e é muito próxima. Não pode haver ali um governo que seja hostil à Austrália.

ABr - Há uma aliança entre o governo de Ramos-Horta e a Austrália?

Monteiro
- Não podemos dizer que seja uma aliança. É um reconhecimento, de fato, de que este parceiro é incontornável, é necessário. Mas Ramos-Horta também está buscando parceria com a Indonésia. A primeira visita que fez depois de eleito foi à Indonésia, onde levou uma mensagem muito clara de que é preciso apagar o passado, fazer a reconciliação e entender a realidade de que eles estão juntos, umbilicalmente ligados, e a parceria entre os dois é muito natural.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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