quinta-feira, janeiro 24, 2008

Timor-Leste/Cuba: "Não estou a gostar nada das brincadeiras dos nossos amigos americanos", diz Ramos-Horta

Lisboa, 22 Jan (Lusa) - O Presidente timorense afirmou hoje que não está nada satisfeito com a política dos Estados Unidos em relação a Cuba, "ditada", no seu entender, "pelo eleitorado cubano na Flórida".

Em declarações à Agência Lusa, José Ramos-Horta comentava o recente episódio ocorrido em Timor-Leste, em que quatro médicos cubanos pediram asilo político aos Estados Unidos, alegando que a "brigada sanitária" em que estão inseridos reproduz no país o controlo e repressão do regime de Havana.

Os médicos, que há três meses vivem escondidos em locais diferentes em Díli, acusam a sua embaixada de gerir a "exportação da tirania" de Cuba para Timor-Leste.

"Não acredito nada nesta história de asilo político. Com toda a franqueza, pessoalmente, não acredito nada no argumento do pedido de asilo", frisou o Presidente timorense a partir de Milão (Itália), depois de contactado pela Lusa via telefone.

"Há uma lei, passada pelo Congresso (norte-americano) que garante a qualquer médico cubano, quer esteja em Cuba ou noutro país a trabalhar, que se quiser ir para os EUA sem tratamento especial é automaticamente aceite", acrescentou.

No seu entender, torna-se, assim, "natural" que, havendo um país, como Cuba, onde os médicos "ganham pouco", se surgirem os EUA a "oferecer privilégios de médico", tal "incentive e encoraje qualquer um".

"Não estou a gostar nada dessa brincadeira dos nossos amigos americanos", afirmou Ramos-Horta, para quem a política norte-americana em relação a Cuba "é absurda" e "ditada pelo eleitorado cubano na Flórida".

"Andam a aproveitar-se de um país pobre, como Cuba, que ajuda imenso países pobres da América Latina e Timor-Leste, com centenas de médicos, tudo a expensas deles. E vêm os americanos, por trás, a acenar dólares para tentar fazer fugir médicos cubanos.

Não tem nada a ver com política, é sim oportunidade económica. Não tem nada a ver com o regime em Cuba", salientou.

Ramos-Horta, que pensa deslocar-se a Washington em Abril próximo, a convite de "amigos senadores e de (o cantor e compositor) Paul Simon", adiantou à Agência Lusa que, nessa altura, repetirá em solo norte-americano o que pensa sobre a política dos Estados Unidos sobre Cuba.

"Em Washington repetirei o que, para mim, constitui a política norte-americana em relação a Cuba, que é um absurdo e ditada pelo eleitorado cubano na Flórida", insistiu.

Segundo Ramos-Horta, a questão do pedido de asilo político "deixa, assim, de fazer sentido".

"(Os médicos cubanos) estão em Timor-Leste, que é um país democrático, livre e sem quaisquer problemas. Vieram com contrato e alguns deles até vão passar férias a Cuba.

Vão e voltam a Timor-Leste. Depois, alegadamente, pedem asilo político?", questionou.

Um contingente de quase 230 médicos, a que Havana dá o nome de brigada, está desde 2005 em Timor-Leste, constituindo o pilar do sistema de saúde do país.

Do quotidiano da brigada fazem parte sessões de autocrítica, fixadas em acta, avaliações ideológicas permanentes e uma reunião mensal do PCC em Lahane, na periferia da capital.

JSD/PRM.

Lusa/Fim

1 comentário:

Anónimo disse...

Este assunto é demasiado complexo para uma análise superficial.

No entanto, independentemente de ter ou não razão, gostava de ver o "Presiden" Ramos Horta envolver-se de forma tão entusiasmada nos assuntos de Timor-Leste como está nos assuntos de Cuba.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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