domingo, setembro 23, 2007

Ramos-Horta diz que "não há alteração de línguas oficiais"

DN

O recém aprovado Programa de Governo timorense propõe o inglês e o indonésio como línguas de trabalho
Data: 21-09-2007

O português e o tétum continuarão a ser as línguas oficiais de Timor-Leste, reafirmou hoje o Presidente da República, defendendo, porém, o "reequacionamento dos métodos de ensino", que suscitou críticas da oposição.

"Não há alteração na política fundamental estabelecida na Constituição da República de termos duas línguas oficiais, português e tétum", declarou José Ramos-Horta, em entrevista à Lusa.

"O português avançou imenso nestes anos com crianças a aprender em português", notou o chefe de Estado, que sugere, "talvez no próximo ano", a realização de um "seminário de especialistas para equacionar melhores métodos de ensino".

O Presidente da República explicou que "o português é extremamente importante para a identidade do país, mas a Constituição sempre falou em duas línguas de trabalho, o bahasa (indonésio) e o inglês".

Na semana passada, à margem da apresentação do programa do governo no parlamento timorense, o presidente da Fretilin, Francisco Guterres "Lu Olo", criticou a intenção de reequacionar as línguas oficiais e colocou em causa a utilidade dos 60 milhões de euros disponibilizados por Portugal para projectos de cooperação, que assentam no ensino da língua portuguesa.

"Sem retirar ao tétum e ao português o estatuto privilegiado de línguas oficiais, vamos ver como podemos manter o bahasa indonésio, porque temos um vizinho de 250 milhões de habitantes e há muitos milhares de timorenses que falam bahasa e vão continuar a estudar na Indonésia", explicou José Ramos-Horta.

É também intenção da liderança timorense investir no inglês, "que (representa) o acesso à ciência e à tecnologia", acrescentou o Presidente da República.

O Programa de Governo, aprovado sábado passado no Parlamento, contém uma alínea que propõe "o reequacionamento da problemática da língua oficial de ensino e do ensino de outras línguas, incluindo as línguas nacionais, o inglês e/ou o indonésio, como línguas de trabalho".

Tanto o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, como o ministro da Educação, João Câncio, declararam que este enunciado não pretende abrir as portas à revisão do artigo 2º da Constituição, mas insistem em mudanças nos métodos e condições em que a Língua Portuguesa é ensinada nas escolas timorenses.

Em declarações à Lusa na semana passada, em reacção às críticas da Fretilin, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação português, João Gomes Cravinho, afirmou não ter "qualquer indicação" de que a língua portuguesa estivesse a ser reequacionada em Timor-Leste.

Cravinho adiantou mesmo que nas conversas que manteve, no início deste mês, durante a visita a Timor-Leste, com o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, "houve concordância quanto à necessidade de reforçar o apoio à língua portuguesa".

Nota de Rodapé:

Cravinho ou é sempre o último a saber, ou anda sempre distraído. Mas por este andar, um dia destes talvez Ramos-Horta lhe dê um lugar de assessor...

1 comentário:

Anónimo disse...

Se as línguas de casa/maternas são as lingua timorenses, se a língua de negócios vai ser o indonésio, e se a língua de conhecimento ou de acesso "à ciência e tecnologia" vai ser o inglês, para que serve a lingua portuguesa em Timor Leste?
Ramos Horta e Xanana não falam claro, actuam à Javanesa!
A lingua portuguesa só será util e fará sentido em Timor Leste se for a lingua de acesso ao conhecimento. A lingua em que se estuda engenharia, e matemática e direito e economia e literatura e geografia e história e medicina!
Só será util se for a lingua da administração em que os tribunais farão os seus despachos e sentenças, em que a administração pública decida, em que se crie uma unidade que dilua as diferenças étnicas e regionais...
A actual liderança está a enganar Portugal, mas está sobretudo a enganar os timorenses!

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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