terça-feira, julho 10, 2007

Timor-Leste/Eleições: Fretilin "não abdica do direito de governar"

Lusa – 9 Julho 2007

Díli - A Fretilin "não abdica do direito de governar" e aguarda convite para formar governo, afirmou hoje a direcção do partido, numa conferência de imprensa que terminou com insultos e ameaças de morte a um dos líderes da oposição.

"A Fretilin, o partido mais votado nas eleições de 30 de Junho, aguarda de Sua Excelência, o Presidente da República, o convite para a formação do IV Governo Constitucional de Timor-Leste", anunciou a Comissão Política Nacional do partido (CPN) pela voz de Francisco Guterres "Lu Olo", presidente da Fretilin.

"Com ou sem maioria, formamos o governo", sublinhou o ex-primeiro-ministro e secretário-geral do partido, Mari Alkatiri.

"Que isso fique claro: não abdicamos do nosso direito de formar governo", insistiu Mari Alkatiri.

"As posições pré-campanha e durante a campanha já acabaram. Agora são posições pós-eleitorais", acrescentou o secretário-geral, quando questionado sobre declarações anteriores de que estaria disposto a ir para a oposição.

A CPN, onde têm assento 15 membros do Comité Central do partido, teve uma reunião extraordinária no sábado, 07 de Julho, para debater os resultados das eleições legislativas de 30 de Junho.

A Fretilin venceu as eleições com 29,02 por cento dos votos, segundo os resultados finais provisórios hoje divulgados pela Comissão Nacional de Eleições.

Uma plataforma de quatro partidos da oposição, liderada pelo segundo partido mais votado, o Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), do ex-Presidente Xanana Gusmão, anunciou sexta-feira a sua disponibilidade para formar um governo alternativo à Fretilin.

Do lado da Fretilin, a direcção do partido explicou hoje que enviou cartas a vários partidos para a formação de um "governo de grande inclusão".

"Obtivemos uma resposta do CNRT, que foi o primeiro partido a responder. Há abertura" do partido do ex-Presidente Xanana Gusmão, declarou Mari Alkatiri quando questionado sobre o conteúdo do envelope fechado que mostrou na conferência de imprensa.

"A resposta ajuda", disse apenas Mari Alkatiri, sorrindo, sobre a carta recebida do CNRT.

As cartas e telefonemas para dirigentes da oposição foram descritos por Mari Alkatiri como "contactos de abertura para o diálogo".

"Naturalmente, a estabilidade é a questão mais importante neste momento, sem ignorar a necessidade de se manter a vida democrática", explicou o secretário-geral da Fretilin.

O partido actualmente no governo pretende "garantir a estabilidade para consolidar a democracia e não o contrário".

"O interessante é que em 2001 havia uma maioria absolutíssima da Fretilin e as pessoas que agora não querem um governo de inclusão exigiam na altura um governo de unidade nacional", adiantou Mari Alkatiri.

"Querem empurrar a Fretilin para a oposição", acusou o ex-primeiro-ministro.

"Agora que pensam que estão na mó de cima porque se juntam todos e pensam que têm a maioria absoluta, já não falam em unidade nacional", acrescentou Mari Alkatiri, perante uma sala cheia na sede do Comité Central da Fretilin, em Comoro.

Contrastando com as repetidas referências a "grande inclusão" e "abertura" feitas pela direcção da Fretilin, um grupo de apoiantes do partido encerrou a conferência de imprensa com insultos e ameaças.

Os jovens, que chegaram à sede do Comité Central pouco antes do final da conferência de imprensa, lançaram ameaças contra Mário Carrascalão, presidente do Partido Social-Democrata e líder da coligação do PSD com a Associação Social Democrática Timorense (ASDT), terceira força mais votada.

"Matamo-lo" ("oho nia", em tétum), gritaram os jovens, entre gritos de "não há mais tolerância", "partimos isto tudo" (se a Fretilin não for governo) e de vivas ao partido e a "Lu Olo".
PRM-Lusa/fim

5 comentários:

Anónimo disse...

Fretilin exige que Ramos-Horta a convide para liderar o Governo
Diário de Notícias, 10/07/07
Armando Rafael

A Fretilin, que venceu as eleições legislativas timorenses com 29% dos votos, exigiu ontem ao Presidente da República que encarregue o partido de formar Governo, disponibilizando-se para ir ao encontro das preocupações já expressas por Ramos-Horta, quando defendeu a formação de um Executivo de unidade nacional.

A posição da Fretilin, que tem governado Timor-Leste com maioria absoluta desde a independência, foi expressa poucas horas depois de terem sido publicados os resultados oficiais das legislativas de 30 de Junho, que confirmam os dados já veiculados anteriormente.

Com 29% dos votos, a Fretilin elegeu 21 dos 65 deputados do novo Parlamento, onde só muito dificilmente conseguirá reunir os apoios de que necessita para formar governo, uma vez que o único aliado mais ou menos óbvio de que dispõe é a aliança formada pelo Partido KOTA e pelo PPT, que obteve dois parlamentares.

Muito aquém, portanto, da maioria que poderá vir a ser constituída pelo CNRT, PSD/ASDT e PD, que, em conjunto, registaram 51,13% dos votos e elegeram 37 deputados, tendo como figuras de referência o ex-presidente Xanana Gusmão e o antigo governador Mário Carrascalão, além de Francisco Xavier do Amaral e de Fernando Lassama Araújo.

Dispondo, assim, de uma maioria de quatro parlamentares, que poderá vir ainda ser ampliada pelo apoio de duas formações recém-criadas, como a Undertim e PUN que conseguiram ultrapassar a barreira dos 3%, Ramos-Horta dificilmente poderá ceder às exigências da Fretilin.

Por muito que o partido liderado pelo ex-primeiro-ministro Mari Al-katiri insista nas disposições constitucionais que supostamente obrigariam o Presidente da República a ter de convidar o vencedor das eleições a formar governo.

Sobretudo se Ramos-Horta estiver convencido que existe uma alternativa maioritária que não passe pela Fretilin, como CNRT, PSD/ASDT, PD, Undertim e PUN têm dito publicamente, contrariando as garantias dadas pela Fretilin.

Mas, a avaliar pelos contactos que Ramos-Horta tem vindo a desenvolver, ouvindo os bispos de Díli, D. Alberto Ricardo da Silva, e de Baucau, D. Basílio do Nascimento, é de admitir que o Presidente possa estar preocupado com as consequências da eventual exclusão do partido que venceu estas eleições do governo que vier a ser constituído.

O que explicaria a insistência de Ramos-Horta na formação de um governo de unidade nacional e a exigência da Fretilin em liderar esse executivo. Uma solução que, a ser concretizada, poderia permitir a conti- nuação da pacificação de Timor-Leste depois dos confrontos de há um ano. E que levaram as autoridades de Díli a pedirem o apoio da comunidade internacional e o envio de forças militares ou de segurança a Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Malásia, parte das quais está agora integrada no contingente policial da ONU.

Resta saber o que fará o Presidente Ramos-Horta, tendo em conta as dificuldades de relacionamento que existem entre Mari Alkatiri e Xanana Gusmão ou entre a Fretilin e o CNRT, que se constituiu para derrubar a Fretilin. Salvo se este partido conseguir, como parece estar a tentar nos bastidores, formar uma aliança, reunindo PD, ASDT, KOTA/PPT, PUN, liderado por Fernanda Borges, sobrinha do bispo de Baucau

http://dn.sapo.pt/2007/07/10/internacional/fretilin_exige_ramoshorta_a_convide_.html

Anónimo disse...

Em democracia como em tudo na vida 120.000 votos valem menos que 212.000. Ou nao sera assim D. Margarida?

Anónimo disse...

E qual foi o partido que levou os 212.000 votos, DICKHEAD? Em Democracia o PARTIDO MAIS VOTADO FORMA GOVERNO, DICKHEAD!

Anónimo disse...

Com o acontecimento na sede da FRETILIN durante a sua ultima conferencia de imprensa, ficamos todos a saber quem sao os promotores da violencia em Timor-Leste. Vimos jovens, depois de incitados por Arsenio Bano, a gritarem "oho nia" perante a satisfacao de Lu Olo e de Alkatiri, nada mais nada menos do que o Presidente e o secretario-geral da FRETILIN. E se outros jovens entendessem responder tambem com gritos de "oho sira nain rua", estes ficariam satisfeitos?!... Aqui no meu Beco do Bairro Alto, por da ca aquela palha, ouve-se dizer que "quem com ferro mata, com ferro morre". E por ai em Tinor como eh que eh?
La vai uma

Anónimo disse...

A Fretilin tem tolerado muito, quando os golpistas xananistas fizeram golpe de estado e levou Estado timorense a beira de guerra civil, a Fretilin tolerou e nao respondeu para evitar que haja razao aos golpistas anti democracia sobre sua tese de guerra civil. Toleramos para que os timorenses nao se matam, toleramos para que a independencia nao seja uma maldicao, toleramos para que a democracia se cresca e floresca, toleramos para que a lei e ordem sejam reconstituidas, toleramos para que a liberdade seja uma realidade quotidiana, a cima de tudo toleramos estes bandos de golpistas pelo amor e fielidade que temos pelo nosso querido povo maubere e para evitar o seu sofrimento.

MAS.....a tolerancia tera a sua limite quando a voz do povo expressa nas eleicoes, que legitima a sua confianca ao Partido Fretilin para exercer o poder de governar, sera violada mais uma vez pelos golpistas xananistas. Ai nao se pode tolerar quando os anti democraticos se afirmam para deitar a baixo o poder do povo expresso atraves dos votos livres com a constituicao do seu chamado AMP(Alianca dos Palhacos Populares;).A Fretilin se afirmara ao lado do povo para defender o povo maubere contra estes bandos estupidos e palhacos xananistas pelo bem de Timor Leste, se for possivel eliminar estes traidores da face de Timor Leste.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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