Diário de Notícias, 10/07/07
Armando Rafael
A Fretilin, que venceu as eleições legislativas timorenses com 29% dos votos, exigiu ontem ao Presidente da República que encarregue o partido de formar Governo, disponibilizando-se para ir ao encontro das preocupações já expressas por Ramos-Horta, quando defendeu a formação de um Executivo de unidade nacional.
A posição da Fretilin, que tem governado Timor-Leste com maioria absoluta desde a independência, foi expressa poucas horas depois de terem sido publicados os resultados oficiais das legislativas de 30 de Junho, que confirmam os dados já veiculados anteriormente.
Com 29% dos votos, a Fretilin elegeu 21 dos 65 deputados do novo Parlamento, onde só muito dificilmente conseguirá reunir os apoios de que necessita para formar governo, uma vez que o único aliado mais ou menos óbvio de que dispõe é a aliança formada pelo Partido KOTA e pelo PPT, que obteve dois parlamentares.
Muito aquém, portanto, da maioria que poderá vir a ser constituída pelo CNRT, PSD/ASDT e PD, que, em conjunto, registaram 51,13% dos votos e elegeram 37 deputados, tendo como figuras de referência o ex-presidente Xanana Gusmão e o antigo governador Mário Carrascalão, além de Francisco Xavier do Amaral e de Fernando Lassama Araújo.
Dispondo, assim, de uma maioria de quatro parlamentares, que poderá vir ainda ser ampliada pelo apoio de duas formações recém-criadas, como a Undertim e PUN que conseguiram ultrapassar a barreira dos 3%, Ramos-Horta dificilmente poderá ceder às exigências da Fretilin.
Por muito que o partido liderado pelo ex-primeiro-ministro Mari Al-katiri insista nas disposições constitucionais que supostamente obrigariam o Presidente da República a ter de convidar o vencedor das eleições a formar governo.
Sobretudo se Ramos-Horta estiver convencido que existe uma alternativa maioritária que não passe pela Fretilin, como CNRT, PSD/ASDT, PD, Undertim e PUN têm dito publicamente, contrariando as garantias dadas pela Fretilin.
Mas, a avaliar pelos contactos que Ramos-Horta tem vindo a desenvolver, ouvindo os bispos de Díli, D. Alberto Ricardo da Silva, e de Baucau, D. Basílio do Nascimento, é de admitir que o Presidente possa estar preocupado com as consequências da eventual exclusão do partido que venceu estas eleições do governo que vier a ser constituído.
O que explicaria a insistência de Ramos-Horta na formação de um governo de unidade nacional e a exigência da Fretilin em liderar esse executivo. Uma solução que, a ser concretizada, poderia permitir a conti- nuação da pacificação de Timor-Leste depois dos confrontos de há um ano. E que levaram as autoridades de Díli a pedirem o apoio da comunidade internacional e o envio de forças militares ou de segurança a Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Malásia, parte das quais está agora integrada no contingente policial da ONU.
Resta saber o que fará o Presidente Ramos-Horta, tendo em conta as dificuldades de relacionamento que existem entre Mari Alkatiri e Xanana Gusmão ou entre a Fretilin e o CNRT, que se constituiu para derrubar a Fretilin. Salvo se este partido conseguir, como parece estar a tentar nos bastidores, formar uma aliança, reunindo PD, ASDT, KOTA/PPT, PUN, liderado por Fernanda Borges, sobrinha do bispo de Baucau
terça-feira, julho 10, 2007
Fretilin exige que Ramos-Horta a convide para liderar o Governo
Por Malai Azul 2 à(s) 16:19
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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