Publico.pt
Pedro Ribeiro
24/01/2006
O microcrédito consiste em conceder empréstimos de valor muito reduzido a pessoas que não teriam acesso à banca tradicional, para que estas pessoas possam lançar os seus próprios negócios. O conceito foi inventado por Muhammad Yunus, fundador do Grameen Bank, no Bangladesh.
O microcrédito é daqueles raros conceitos que é aceite tanto por ideólogos de esquerda como de direita. Mais raro ainda – porque funciona mesmo. Mais de 100 milhões das famílias mais pobres do planeta já tiveram acesso ao crédito através do sistema criado por Yunus; o inventor do microcrédito acha que muitas mais podem sair da pobreza através destes pequenos empréstimos. Até em países do mundo industrializado – como Portugal. Por isso, Yunus defende que o acesso ao crédito deve ser reconhecido como um "direito humano básico".
Yunus participou ontem numa conferência sobre microcrédito em Lisboa. Lembrou que, há uma década, havia definido como objectivo repetir o exemplo do Grameen Bank no Bangladesh em outros países e estender o microcrédito a 100 milhões de famílias.
"Na altura, a imprensa estava muito céptica", disse ontem Yunus. "Mas conseguimos que a ONU proclamasse 2005 como o ano internacional do microcrédito, e comprometemo-nos a atingir esse objectivo."
"Conseguimos atingi-lo? Sim. Não só o atingimos, como já o devemos ter ultrapassado." Agora, Yunus define um novo objectivo – chegar a 175 milhões de famílias até 2015.
O microcrédito permite às pessoas mais pobres ter acesso a financiamento. Frequentemente, são as pessoas que mais precisam de crédito – os desempregados, os socialmente excluídos – que têm mais dificuldade em obtê-lo. Porque não podem apresentar garantias ou referências, ou porque os montantes envolvidos não são suficientemente interessantes para a banca tradicional, não conseguem ter crédito.
"Quase dois terços da população mundial não tem acesso ao crédito [tradicional]", diz Yunus. "Aos olhos dos bancos, estas pessoas não reúnem as condições para obter empréstimos".
O dispositivo criado por Yunus permitiu superar essa barreira. Milhões de pessoas (na grande maioria mulheres) conseguiram lançar pequenos negócios à custa desses micro-empréstimos.
É um negócio que faz sentido do ponto de vista económico: o nível de créditos mal parados do Grameen Bank é reduzidíssimo (menos de 1 por cento).
Sair da pobreza por 110 euros
Yunus descreve o acesso ao crédito como "um direito humano básico". "A explicação para isto é simples", disse Yunus. "Podemos ter muitos direitos – direito à alimentação, direito à saúde, direito ao trabalho. São ideias maravilhosas, mas é muito difícil para qualquer Estado cumpri-las todas."
Para que os mais pobres possam superar a pobreza, basta frequentemente um pequeno "empurrão" – muito pequeno: o montante médio de um empréstimo do Grameen Bank no Bangladesh é 110 euros.
Em Portugal, esse valor é de 4383 euros, segundo dados da Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC).
Yunus louvou o trabalho da ANDC ("são pessoas muito persistentes"), e notou que em Portugal "o Governo tem dado muita atenção ao microcrédito".
O Grameen Bank tem outros projectos – como a distribuição de telemóveis a mulheres, criando uma espécie de "telefone comunitário" que serve uma aldeia inteira; ou uma nova iniciativa com a multinacional Danone para produzir alimentos nutritivos a baixo custo para crianças no Bangladesh.
O microcrédito continua contudo a ser a grande bandeira de Muhammad Yunus. Que garante que o êxito do Bangladesh pode ser reproduzido em qualquer outro país, incluindo nas sociedades mais ricas: "Pessoas são pessoas. E os problemas dos pobres são idênticos em todo o lado."
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domingo, novembro 05, 2006
Criador do Grameen Bank descreve acesso ao crédito como "direito humano básico"
Por Malai Azul 2 à(s) 17:46
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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