sábado, maio 17, 2008

Timor-Leste "não tem inimigos", diz secretário de Estado Defesa

Díli, 16 Mai (Lusa) - O secretário de Estado da Defesa de Timor-Leste, Júlio Tomás Pinto, afirmou que o país "não tem inimigos" e que a cooperação militar timorense deve ser feita com diferentes países dentro e fora da região.

"Timor-Leste não tem ameaças externas", frisou Júlio Tomás Pinto, em entrevista à Agência Lusa, em Díli, onde a partir de sábado se realiza a X reunião de ministros da Defesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O secretário de Estado declarou que Timor-Leste acolheria bem a ideia de uma força conjunta dos países lusófonos, que poderia surgir na sequência dos centros de excelência militar que Portugal colocou em agenda na reunião de Díli.

"Vamos discutir um grupo conjunto, mas antes discutir os centros de formação de formadores, em que temos grande interesse", afirmou o secretário de Estado da Defesa.

A realização da reunião de ministros da Defesa da CPLP "é uma indicação de que a segurança no país é normal e que Timor-Leste quer dar uma contribuição".

Júlio Tomás Pinto sublinhou que os interesses de defesa de Timor-Leste apontam para que a cooperação seja feita com países da CPLP, mas também com a Austrália e a Nova Zelândia, a China e, "no futuro, a Indonésia e a Malásia" e o espaço da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático).

"Queremos atingir uma capacidade de garantir a nossa própria segurança. Nós somos diferentes de outros países na região do Pacífico porque lutámos durante 24 anos naquilo que parecia uma missão impossível", declarou Júlio Tomás Pinto.

O secretário de Estado da Defesa, um académico doutorado na Indonésia em estudos estratégicos e de defesa, é um dos membros mais jovens do IV Governo Constitucional, dirigido pelo primeiro-ministro e ministro da Defesa, Xanana Gusmão.

Júlio Tomás Pinto referiu a importância de integrar na evolução das Forças Armadas timorenses a memória da resistência com conceitos estratégicos modernos.

"Não é fácil reformar os veteranos. Precisamos de uma transição de cinco anos para preparar as Forças Armadas, de forma a garantir que, com a saída dos veteranos, não haverá problemas", salientou o governante timorense.

Júlio Tomás Pinto recordou que Timor-Leste dispõe de um caderno de orientação estratégica para o futuro das suas Forças Armadas, o relatório "2020", desenvolvido por um grupo que integrou oficiais timorenses, portugueses e australianos.

Na "visão 2020", como também é referido o caderno de orientação estratégica timorense, acentua-se a importância da segurança das águas territoriais, onde se situam os recursos vitais do Mar de Timor.

A Polícia Marítima com ligação a uma Componente Naval são duas linhas estratégicas no futuro das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), afirmou Júlio Tomás Pinto na entrevista à Lusa.

O secretário de Estado da Defesa refere que o maior desafio é o dos recursos humanos, sem o qual Timor-Leste não conseguirá atingir os objectivos do caderno "2020".

Vários programas de cooperação estão em curso com diferentes países. A Cooperação Militar Portuguesa actua em diferentes áreas, desde a assessoria ao Estado-Maior das F-FDTL até à formação de oficiais no Centro de Instrução de Metinaro e à formação da Componente Naval, com duas lanchas oferecidas por Portugal.

Timor-Leste assinou recentemente um acordo com o Programa de Defesa Australiano para o aumento de assessores militares no país e a formação em operações de manutenção de paz e de engenharia militar.

"Queremos que a formação de base das F-FDTL seja dada por Portugal, com um padrão-NATO. A formação especializada será dada por países como a Austrália e a Nova Zelândia", explicou Júlio Tomás Pinto.

Com a República Popular da China, "não há ainda acordo mas estão em curso contactos para a construção do quartel-general das F-FDTL e do Ministério da Defesa, em Díli, e a construção de cem casas para os militares em Metinaro", a leste de Díli, informou o governante.

Timor-Leste e a China assinaram um memorando de entendimento para a construção de dois navios de patrulha oceânica, de 43 metros, que poderão estar em águas timorenses em 2010 se o acordo for cumprido.

A reunião de ministros da CPLP estava prevista para o final de 2007, mas foi adiada para 2008 na sequência da violência que marcou as semanas posteriores à indigitação de Xanana Gusmão para a chefia do Governo, em Agosto de 2007.

O país voltou a viver momentos dramáticos em Fevereiro último quando um grupo liderado pelo ex-comandante da Polícia Militar major Alfredo Reinado atacou a residência do Presidente da República, que acabou gravemente ferido.

No mesmo dia, o ex-tenente Gastão Salsinha atacou a coluna onde seguia o primeiro-ministro.

PRM.
Lusa/fim

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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