Expresso
5.04.2008
Relatórios que não chegam, gente que não é ouvida. Há falhas incompreensíveis no inquérito-crime do atentado ao Presidente Ramos-Horta
Multiplicam-se os atrasos e os erros das autoridades judiciais e policiais em Timor-Leste que têm em mãos o apuramento do que aconteceu no dia do ataque quase simultâneo ao Presidente Ramos-Horta e ao primeiro-ministro Xanana Gusmão. O Parlamento exigiu esta semana a presença do procurador-geral da República, Longuinhos Monteiro, para dar conta do que se passa, mas, segundo avançou ao Expresso uma fonte ligada à investigação, o caso está a ser encarado internamente como outro processo qualquer, sem uma atenção prioritária e sem meios destacados em exclusivo.
Os próprios polícias da ONU (UNPOL) que têm estado a fazer as diligências no terreno a pedido do Ministério Público não estão informados e cumprem-nas sem ter noção integral de que pistas podem seguir.
As falhas chegam a ser difíceis de acreditar. Só nos últimos dias, oito semanas depois do duplo atentado que resultou na morte do líder rebelde major Alfredo Reinado, é que o relatório da autópsia foi incluído no processo, o que ainda nem sequer aconteceu com o relatório médico dos ferimentos graves sofridos por Ramos-Horta, fundamental para estudar a tipologia e a trajectória das balas.
Há mais. Foi emitida uma ordem de busca à última residência habitada pelo major, em Ermera, que não foi executada. E o seu pai adoptivo, José Alves, com quem ele falou diversas vezes nos dias que antecederam o atentado, ainda não foi ouvido.
O próprio telemóvel de Reinado apenas foi entregue aos magistrados dois dias depois de ele estar morto, com a agravante de alguém ter utilizado o aparelho (há registo dessas chamadas póstumas), o que poderá ter posto em risco o arquivo de mensagens escritas (SMS), não havendo a garantia de que algumas não tenham sido apagadas. A par disso, a última pessoa a quem o líder rebelde telefonou, às 6h20 da manhã do dia 11 de Fevereiro, não foi identificada, apesar de continuar com o número de telemóvel activo.
Com tudo isto, o móbil do atentado está por determinar. Um dos elementos do grupo do major que se entregou às autoridades - e que faz parte de um lote de meia dúzia de arguidos do processo já detidos - contou que ouviu dois dias antes a assessora jurídica de Reinado, Angelita (ou Angie) Pires, dizer ao major que era preciso matar Ramos-Horta e Xanana, mas o testemunho está por confirmar por outros arguidos.
Alguns acrescentaram que os dois passaram a véspera do atentado a falar em português, língua não entendida pelo resto do grupo. Por outro lado, Angie enviou mensagens escritas para Reinado indiciando que mantinham uma relação amorosa, mas um último SMS recebido pelo major horas antes de morrer (às 23h10) e que a poderia incriminar (“Cuidado, mor. Não é preciso ires a este seminário (encontro) se não te sentires bem”) não é assinado e não veio do telemóvel que ela usava - e que usou noutros SMS desse fim-de-semana.
Micael Pereira
NÚMEROS
2h36
é o tempo que o major Reinado poderá ter dormido (entre duas chamadas) na noite antes do ataque a Ramos-Horta
42s
é o tempo da última chamada em vida, já durante o ataque
domingo, abril 06, 2008
Uma investigação com muitos tiros no pé
Por Malai Azul 2 à(s) 00:23
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
5 comentários:
Nada disto me surpreende. Só lembro um pequeno, mas relevante, pormenor: segundo variadíssimas notícias não desmentidas, essas "investigações" estão sendo levadas a cabo pela Polícia Federal Australiana...
Supremo da Indonésia iliba Eurico Guterres, implicado na violência timorense de 1999
Público, 06.04.2008
Jorge Heitor
O antigo chefe das milícias timorenses favoráveis a Jacarta, Eurico Barros Gomes Guterres, de 37 anos, detido na Indonésia desde 2006, por ter cometido graves violações dos direitos humanos aquando do referendo sobre a proclamação da independência, em 1999, foi agora ilibado, anunciou ontem um juiz do Supremo, Iskandar Kamil. "Encontrámos novas provas que foram suficientes para o ilibar", disse à agência japonesa Kyodo o magistrado, que dirigiu o painel responsável pela revisão do caso deste terrorista recrutado pelas Forças Armadas indonésias.
As "novas provas", especificou, foram as anteriores decisões jurídicas de se ilibarem os demais indivíduos implicados nos actos de violência que houve antes, durante e depois do referendo sobre o direito de Timor-Leste a ser independente.
Tendo-se passado assim uma esponja sobre os delitos de Guterres, ficam em liberdade todos os 18 indivíduos que tinham estado implicados na violência de há nove anos; e isto apesar da pressão que fora exercida pela comunidade internacional para que as atrocidades de que foram acusados não ficassem impunes.
Foi em Novembro de 2002 que um tribunal ad hoc para os direitos humanos aplicou uma pena de dez anos de prisão a Eurico Guterres, natural de Uatulari, perto de Viqueque, 183 quilómetros a sueste de Díli. Seis meses depois de Timor-Leste haver conseguido finalmente tornar-se independente, após mais de um quarto de século de luta para o conseguir.
Agora, na altura em que recupera a liberdade, enfurecendo os grupos de defensores de direitos humanos, uma série de outros responsáveis por actos de agitação em território timorense continuam a monte.
Um deles é o ex-tenente Gastão Salsinha e os seus companheiros dos actos de 11 de Fevereiro último, nos quais o Presidente José Ramos-Horta ficou gravemente ferido, estando ainda em recuperação, na cidade australiana de Darwin.
Os homens de Salsinha, que actuavam em coordenação com o major rebelde Alfredo Reinado, morto naquela data, têm conseguido movimentar-se impunemente nas áreas de Ermera e Bobonaro, não muito longe da fronteira com o Timor indonésio. Eventualmente, podem tentar fugir para este território, se os pontos de passagem não estiverem bem guardados.
Agências humanitárias internacionais retiraram ontem o pessoal que tinham num acampamento para refugiados em Atambua, perto da fronteira do Timor indonésio com Timor-Leste, onde a situação continua incerta.
Milhares de pessoas ali recolhidas têm estado a protestar, desde terça-feira, exigindo apoio financeiro das autoridades indonésias; e ameaçaram mesmo tomar como reféns trabalhadores humanitários estrangeiros, se acaso as suas reivindicações não fossem satisfeitas.
As organizações internacionais começaram logo na quarta-feira a deixar Atambua, quando viram que uma vez mais a violência estava a aumentar junto à fronteira que separa as duas partes da ilha de Timor.
E na sexta-feira o pessoal que saiu foi o do Programa Alimentar Mundial (PAM), das Nações Unidas, retirado pela polícia depois de os refugiados haverem tentado pilhar o edifício onde se encontrava. Mas a Care International também já retirou 22 dos seus funcionários, incluindo alguns estrangeiros.
Será que tudo isto é simples incompetência (sim, porque esta é às resmas, como diz o outro!...). É difícil de acreditar que não haja "gato escondido com o rabo de fora"!...
E, por favor, não matem o Salsinha! Se quiserem usem um daqueles dardos para pôr a dormir animais selvagens... Há, certamente, na parafernália de armamentos à disposição alguma "atordoadeira" não letal...
É que ficaremos sempre a pensar que alguém o quer morto e bem morto e com sete palmos de terra em cima... Coisa em que não acredito, evidentemente (prontes!... 'tá bem: confesso que estava a fazer figas...)
Timor-Leste: Um civil morto e mais duas rendições na operação contra Salsinha
Díli, 06 Abr (Lusa) - Um civil foi morto por forças timorenses no distrito de Maliana (oeste) e mais duas rendições foram anunciadas hoje em Díli pelo comando da operação de captura do ex-tenente Gastão Salsinha.
O comando conjunto da operação "Halibur" reiterou também a data de 09 de Abril como início de uma fase "militar" contra o grupo de Salsinha, depois de esgotada a fase de persuasão.
Um civil foi morto em Atabae, distrito de Maliana (oeste), a 05 de Abril, depois de atacar com uma catana um tenente das forças que perseguem o grupo de Gastão Salsinha.
O incidente, que causou a primeira vítima mortal desde o início da operação "Halibur", foi anunciado hoje em conferência de imprensa pelo tenente-coronel Filomeno Paixão.
O primeiro comandante da "Halibur" acrescentou que o corpo da vítima foi transportado para o Hospital Central Guido Valadares, em Díli, para ser autopsiado.
Filomeno Paixão anunciou também mais duas rendições ao comando conjunto entre as Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste e a Polícia Nacional.
Trata-se de Filomeno Soares Meneses, que se entregou às forças da "Halibur" com uma pistola Colt 45, sábado, no distrito de Maliana, e de Victor de Deus, que se entregou hoje no distrito de Ermera.
Com estas rendições, o grupo do ex-tenente Salsinha fica reduzido a 18 homens armados, com 16 espingardas HK33, uma "shotgun" de calibre 12, duas espingardas SKS e uma espingarda Mauser, segundo o tenente-coronel Filomeno Paixão.
Gastão Salsinha liderou a emboscada às viaturas onde seguia o primeiro-ministro, a 11 de Fevereiro, pouco depois de um primeiro ataque à residência do Presidente da República, pelo grupo do major Alfredo Reinado.
O comando das forças conjuntas apelou uma vez mais a Gastão Salsinha e ao seu grupo para se renderem, ou enfrentarem uma nova fase operacional.
A conferência de imprensa do comando conjunto aconteceu após uma reunião entre os comandantes das forças timorenses, o Presidente da República interino, o primeiro-ministro e o presidente interino do Parlamento.
Durante esta reunião de avaliação da operação "Halibur", vários titulares políticos referiram a importância e a urgência da captura de Gastão Salsinha, afirmaram à agência Lusa elementos presentes.
© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
2008-04-06 12:40:04
Alo Dili
Se os de topo como Xanana, Lasama e mais outros sao os autores da crise fomentaram, destruiram as PNTL e encorajaram os FDTL abandonar os Quarteis.E o Longuinhos faz o que Xanana diz. Como queriamos que a investigacao podera ser feita de forma clara e transparente? Se o sistema judicial esta toda furada com as interferencias do Xanna e Horta desde 2006. Nao vamos esperar os agentes da Australia e FBI a fazerem por nos estao todos feitos foram eles a incitarem a violencia desde a demonstracao da Igreija e tambem sao os financiadores.
Adeus
De Aikurus
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