domingo, abril 06, 2008

PM diz que "chegou a hora" de capturar Salsinha

Díli, 05 Abr (Lusa) - Os líderes timorenses decidiram que "chegou a hora" de capturar o líder dos militares peticionários Gastão Salsinha, afirmou hoje o primeiro-ministro Xanana Gusmão à agência Lusa.

"Decidimos que já chegou a hora e a partir do dia 09 as forças conjuntas vão começar a operação", declarou hoje Xanana Gusmão à Lusa, na primeira entrevista após os ataques de 11 de Fevereiro.

"Não vai haver mais aquela tolerância. Tem de se dizer à população que já acabou a brincadeira. O Salsinha tem de se render ou expor-se a combate", afirmou o governante.

"Agora já há ordem para disparar", acrescentou Xanana Gusmão ao falar sobre as regras aprovadas sexta-feira numa reunião entre as chefias das forças de segurança, o Governo e o Presidente da República interino.

O ex-tenente Gastão Salsinha liderou uma emboscada à coluna onde seguia o primeiro-ministro, na manhã de 11 de Fevereiro, pouco depois de um grupo chefiado pelo major Alfredo Reinado atacar a residência do Presidente da República.

Com a morte de Alfredo Reinado nesse ataque, Salsinha passou a liderar o grupo de fugitivos que, há quase dois meses, se tem movimentado nas áreas montanhosas de Ermera e Bobonaro (oeste).

"Vamos pôr de sobreaviso a população da área, que não deve sair de casa nos dias da operação. Se saírem e forem vistos a fugir das forças, vão ser alvejados", declarou Xanana Gusmão à Lusa.

Hoje mesmo, os comandantes da operação "Halibur" de captura de Salsinha deslocaram-se a Maubisse (oeste), para participar numa cerimónia religiosa e aproveitar a ocasião "para explicar aos muitos jovens presentes a estratégia das autoridades", afirmou à Lusa uma fonte do Comando Conjunto.

Objectivo semelhante norteou o presidente interino, Fernando "La Sama" de Araújo, num périplo de dois dias pelo distrito de Bobonaro, quarta e quinta-feira, de helicóptero, contactando populações nas áreas de refúgio do grupo de Salsinha.

Na entrevista de hoje, Xanana Gusmão explicou que a operação "Halibur" teve três objectivos, o primeiro dos quais era "criar um sentimento de dever comum colectivo das duas instituições perante o Estado", referindo-se à Polícia Nacional e às Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste.

"Devo dizer que conseguimos. Nunca se pensou que as duas forças, que se andaram a matar uma à outra (em 2006), pudessem depois trabalhar em conjunto dessa maneira", salientou o primeiro-ministro.

Outro objectivo cumprido pela "Halibur" foi "reganhar contacto com a população, que com dois anos de influência do Reinado e do seu grupo, estava um bocado distanciada das nossas forças".

O terceiro objectivo "é exercer pressão sobre o grupo do Salsinha, o que permitiu que alguns elementos se rendessem", acrescentou Xanana Gusmão.

Sexta-feira, um juiz internacional do Tribunal de Distrito de Díli impôs a medida de prisão preventiva a mais dois elementos do grupo de Gastão Salsinha.

Os dois homens, Alexandre Araújo ("Alex"), da Polícia Nacional, e Bernardo da Costa ("Cris"), das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste, foram formalmente detidos no acantonamento de peticionários de Aitarak Laran, em Díli, depois de decidirem entregar-se ao Comando Conjunto.

Até agora, sete dos oito arguidos no processo relativo ao 11 de Fevereiro estão em prisão preventiva. Apenas Angelita Pires, ex-assessora legal de Alfredo Reinado, aguarda julgamento em liberdade, com termo de identidade e residência.

Domingo, o chefe de Governo tem um encontro com os comandantes da operação "Halibur" no terreno.

Gastão Salsinha foi o líder dos peticionários das Forças Armadas em 2006 e juntou-se a Alfredo Reinado em Novembro de 2007, numa parada militar em Gleno.

"O 11 de Fevereiro foi um desfecho trágico, em termos do Estado, dos problemas de 2006, que não são (iniciados) a 28 de Abril. Tudo tem de ser compreendido para trás", explicou Xanana Gusmão sobre as raízes dos "atentados" contra o topo do Estado.

"Andámos um bocado a brincar", acrescentou Xanana Gusmão, que entende o 11 de Fevereiro como "um falhanço de liderança em muitos aspectos".

Xanana Gusmão recusou, no entanto, qualquer comentário sobre as investigações, "que competem às autoridades judiciais".

"Muita gente fala dos mistérios, dos mistérios. Que se desvendem esses mistérios. Eu apenas repito o que as outras pessoas dizem", declarou apenas o primeiro-ministro.

PRM.
Lusa/fim

3 comentários:

Anónimo disse...

"Andámos um bocado a brincar", acrescentou Xanana Gusmão"

De vez em quando Xanana admite os seus erros. Esta foi uma dessas raras ocasiões.

Anónimo disse...

E Timor forces accused of 'beating up' civilians
Posted 2 hours 36 minutes ago
Updated 2 hours 39 minutes ago

East Timor's armed forces are being accused of using violence against civilians as they hunt for rebel soldiers involved in February's attacks on the country's President and Prime Minister.

Almost two months after the attacks, reports from Dili confirm that many of those responsible for the attempted assassinations remain on the run.

Prime Minister Xanana Gusmao escaped without injury but President Jose Ramos-Horta nearly died after being shot in the stomach in the February 11 attacks.

Hundreds of police and military have been searching countryside in Ermera district in the mountainous interior without success.

But as the hunt continues there have been a growing number of reports of violence against civilians by the military.

East Timorese MP and leader of the Parliamentary Committee for Human Rights, Fernanda Borges, says her constituents in Ermera have complained of beatings and aggressive interrogations by military personnel, who are seeking rebel leader Gastao Salsinha.

"There are questions like 'were you involved?' 'did you know him?' and sometimes when the answer is not to their liking they get beaten up," Ms Borges said.

Last month the Government acknowledged that inappropriate tactics had been used as part of the operation to locate the rebel attackers, and promised to investigate complaints of abuse.

It has also offered to give each of the 52 communities in Ermera which have complained a $US600 grant towards holding belated Easter parties, although on the condition that military and police officials be invited.

"We want the community to understand first that they should celebrate this Easter together with FFDTL and PNTL," said East Timor State Secretary for Security Francisco Gutteres.

"We would like them to understand that these two institutions are the state institutions that will protect them."

One community which will receive the grant is Erulu, a small mountain village in Ermera which is home to some of rebel leader Salsinha's family members.

Erulu village chief Lenilda Maia says the community has received an apology after a number of young people were physically abused by military personnel.

She says locals remain nervous, and are reluctant to begin the coffee harvest for fear of encountering military personnel or rebel troops.

She says if the problem is not resolved soon, the harvest will rot and crucial income will be lost.

However she says there is no guarantee an Easter party will restore damaged relations with the military.

"We don't really know if the money makes up for it, but we'll see after the party," she said.

Mr Gutteres says a number of military personnel have been suspended from active duty pending investigations, but says they will not be dismissed regardless of the investigation outcome.

"We will not dismiss these guys just because of a slap on people," he said.

Ms Borges says the military's response risks "fostering impunity".

"That is not a strong disciplinary measure, (and) that is not stating 'no-tolerance' to human rights violations," she said.

She has criticised the decision to offer communities money in return for forgiveness of abuse.

"They shouldn't start a practice of using money, because it's still very much an unprofessional force," she said.

Meanwhile United States Assistant Secretary of State for East Asian and Pacific Affairs Christopher Hill has praised East Timor for its response to the attempted assassinations.

On a visit to Dili, Mr Hill told reporters that the government had handled the crisis "pretty well".

Anónimo disse...

Alo Dili

American Ambassador to Timor-Leste, Hens Klemm, said that Salsinha and his men have to surrender in order to appear as witnesses for the February 11 attacks de 4 de Abril.

Xanana diz chegou a hora de capturar o Salsinha no dia 5 de Abril.Depois de ter recebidos as orientacoes do embaixador americano.

Adeus

De Aikurus

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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