Lusa - 25 de Outubro de 2007 - 11:52
Díli - O ex-chefe dos observadores militares em Timor-Leste confirmou hoje à Agência Lusa que "houve cessar-fogo" no dia 25 de Maio de 2006, a data em que militares dispararam sobre uma coluna de polícias desarmados.
"Houve conversações e o brigadeiro-general Taur Matan Ruak aceitou o cessar-fogo" entre as Forças Armadas e a Polícia Nacional, na manhã de 25 de Maio, declarou hoje à Lusa o coronel Fernando Reis, contactado por telefone em Portugal.
"Também estou convencido de que o brigadeiro-general Ruak não deu ordem de fogo", sublinhou o militar português, referindo-se ao chefe do Estado-Maior das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL).
"Foi um acto isolado que deu origem a todo o incidente", acrescentou o coronel português.
O coronel Fernando Reis chefiava os observadores militares e oficiais de ligação internacionais em Timor-Leste e era o conselheiro militar do representante-especial do secretário-geral das Nações Unidas, Sukehiro Hasegawa.
Na manhã de 25 de Maio, o coronel Fernando Reis encontrou-se com o brigadeiro-general Taur Matan Ruak nas antigas instalações da força internacional de paz, em Caicoli, no centro da capital.
Na sequência das negociações, "os tiros pararam" entre elementos das F-FDTL e da Polícia (PNTL), cujo quartel-general fica situado imediatamente a norte do complexo onde se encontravam, nessa manhã, os comandantes das F-FDTL.
A evacuação do quartel da PNTL foi organizada em seguida, numa coluna de 103 polícias desarmados e sob escolta da ONU.
Pouco depois, elementos das F-FDTL dispararam sobre a coluna em frente ao Ministério da Justiça, provocando a morte de oito polícias.
Os arguidos, onze das F-FDTL e um inspector da PNTL, visionaram hoje no Tribunal de Recurso um filme dos acontecimentos de 25 de Maio.
O cronómetro mostra que o tiroteio sobre os polícias e os elementos da ONU que os protegiam demorou 46 segundos.
Apenas três dos arguidos admitem ter disparado sobre a coluna de PNTL e os restantes negam os factos de que são acusados, alegando também que o primeiro tiro foi disparado "do interior da coluna".
O processo do massacre dos PNTL está na fase final, faltando apenas ouvir três testemunhas, das mais de 130 chamadas a depor.
Um dos últimos testemunhos foi o do comissário Nuno Anaia, da Polícia das Nações Unidas (UNPol), o único dos 17 elementos presentes no tiroteio de Caicoli ainda em serviço em Timor-Leste.
O comissário Nuno Anaia contou ao colectivo de juízes o mesmo que o coronel Fernando Reis recordou à Lusa: "Houve cessar-fogo".
PRM-Lusa/fim
sexta-feira, outubro 26, 2007
Timor-Leste: Coronel português confirma cessar-fogo antes do massacre dos polícias
Por Malai Azul 2 à(s) 00:12
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Traduções
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Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
2 comentários:
Gostava de esclarecer que o cessar fogo acordado destinava-se a possibilitar o nosso deslocamento ao QG da PNTL, e à fase das negociações e retirada como os elementos da PNTL.
Era impossível ter havido qualquer disparo do interior da coluna, pois os policias iam todos desarmados.
Relativamente a apenas 3 dos arguidos admitirem terem disparado, confirma as minhas declarações, desde o início, às comissões de inquérito, incluindo a COI.
Acredito que esse arguido esteja mesmo convencido de que o 1º tiro tenha partido da coluna da PNTL.
Segundo os vários depoimentos até agora efectuados, parece que houve um 1º tiro que desencadeou tudo.
No entanto, a fazer fé no coronel Reis e outras testemunhas, seria impossível esse tiro ter partido dos polícias, pois estes haviam sido desarmados.
Mesmo que hipoteticamente algum tivesse uma arma escondida, esta teria de ter dimensões reduzidas para poder passar despercebida e só um louco decidiria atacar um pelotão de militares bem armados com tão fraco poder de fogo.
Mais louco seria um gesto destes, vindo de alguém que poucos minutos antes havia abandonado o quartel precisamente para evitar um confronto com os militares, de consequências imprevisíveis.
O que aconteceu foi muito provavelmente desencadeado por um 1º tiro, sim, mas de um militar contra a coluna da PNTL.
O resto é fácil de imaginar: vários homens cheios de adrenalina devido à tensão do momento, ouvem um disparo e reagem instintivamente com consequências trágicas, pois tinham as armas destravadas, enculatradas e o dedo no gatilho.
Resta saber desses disparos iniciais quais foram calculados, premeditados, a matar, e quais foram apenas uma reacção nervosa e precipitada ao ruído dos primeiros tiros.
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