sexta-feira, outubro 26, 2007

Alain Corbel, ilustrador francês com alma africana

Diário Digital / Lusa

26-10-2007 10:05:00

Um retrato que o pai fez da sua mãe despertou-o na infância para o desenho. Hoje Alain Corbel, 42 anos, é um francês com alma africana e um dos mais originais da ilustração portuguesa.
Este artista bretão, com residência em Portugal há mais de dez, tem uma exposição retrospectiva do seu trabalho no Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora.

Conta com cerca de uma vintena de livros ilustrados em Portugal, feitos em parceria com autores como Pedro Rosa Mendes, António Torrado, João Paulo Cotrim e Alice Vieira, esta última em «Contos e lendas de Macau», que lhe valeu em 2002 o Prémio Nacional de Ilustração.

O gosto pelo desenho surgiu na infância, por culpa de um tio carpinteiro, de uma professora e do pai, que um dia pintou um retrato da sua mãe, recordou o ilustrador à agência Lusa.

Iniciou-se na banda desenhada na adolescência e copiou heróis de papel até encontrar o seu próprio alfabeto.

«Copiar faz parte da aprendizagem, mas o que também faz parte é ter sentido crítico, procurar sempre matéria nova e interrogarmo-nos sobre o que somos. E isso só vem com a idade e a experiência», defendeu.

Diz que não é um bom desenhador como André Carrilho, João Fazenda ou Bordalo Pinheiro, «que têm dádivas nos dedos», mas conseguiu afirmar-se com um estilo pessoal, mesmo utilizando diferentes técnicas.

«Sinto-me como uma criança quando estou a fazer imagens, gosto de sentir que há coisas novas a passar à minha frente e experimentar é sempre um desafio», vincou.

Apesar de preferir a banda desenhada, «por ter uma narrativa diferente e uma relação entre texto e imagem», foi na ilustração que se tornou conhecido em Portugal.

Vindo de Bruxelas, onde estudou, Alain Corbel chegou a Portugal no início dos anos 90, com poucas referências sobre o país, que tinha visitado fugazmente com os pais durante a adolescência.

Na lembrança trazia fotografias da Figueira Foz, o livro «Mensagem», de Fernando Pessoa, e o filme «À flor da pele», de João César Monteiro.

«Eu gosto muito do Mediterrâneo e por isso comecei por Portugal. Eu não gosto de países onde há muitas regras, onde as leis são muito sofisticadas, onde as pessoas só sonham com bens materiais», justifica o ilustrador.

Para perceber o mundo, Alain Corbel prefere uma postura de simplicidade, de «vida mais frugal e de contactos mais humanos».

«Temos só uma vida e eu fiz essa escolha para mim», resumiu.

Portugal abriu-lhe ainda as portas para um outro mundo com o qual se identificou de imediato e o fez sentir-se em casa: África.

Tudo começou em 2001 com um projecto da Associação para a Cooperação entre os Povos (ACEP) de um livro sobre os países dos PALOP e que resultou em «Ilhas de Fogo», com texto de Pedro Rosa Mendes e ilustração de Alain Corbel.

Por causa deste projecto, Alain Corbel visitou, pela primeira vez, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Angola.

«Afinal o que eu procurava em Portugal nos anos 90, encontrei em África, aquela sabedoria de viver, de estar sem a chatice da vida moderna», disse Corbel, hoje casado com uma são-tomense.

Essa falta de sofisticação, como diz o autor, fá-lo sentir-se bem: «Eu nasci no campo, todos os meus familiares trabalham no campo e a última vez que ordenhei uma vaca tinha 32 anos. Tenho isso dentro de mim».

Depois de África, seguiu-se Timor-Leste, onde Alain Corbel e Pedro Rosa Mendes recolheram imagens e histórias para o livro «Madre Macau - Timor», editado em 2004.

Apesar de Timor-Leste lhe ter ficado na memória, pelo «patchwork de pessoas tão diferentes», o seu projecto de vida passa por África, onde um dia tenciona viver.

Para poder concretizar esse projecto, Alain Corbel fez este ano um «pequeno» desvio pelos Estados Unidos.

Corbel esta a dar aulas em Baltimore, no Maryland Institute College of Art, a mais antiga universidade de artes dos Estados Unidos, onde ficará por dois anos no departamento de ilustração.

O convite surgiu depois do Prémio Nacional de Ilustração e de uma exposição que o Festival da Amadora lhe dedicou em 2003.

O artista espanhol José Villarrubia falou sobre ele naquela universidade norte-americana e pouco depois Alain Crobel estava a dar aulas a futuros ilustradores e artistas gráficos.

«Aceitei porque economicamente era atraente e as condições materiais são suficientemente boas para escolher os livros que quero fazer e contactar com editoras norte-americanas», afirmou.

Diz que se adapta facilmente a qualquer lugar, mas neste caso não tem «uma paixão assim tão grande pelos Estados Unidos».

«Os meus alunos são meninos muito bem comportados, têm dinheiro e bens materiais, têm tudo aquilo que quiserem, mas não têm aquela felicidade de partilhar», como as pessoas que encontrou em África.

Alain Corbel vai continuar a ilustrar - tem um novo projecto com Pedro Rosa Mendes - mas quer apostar na escrita de argumento para banda desenhada e desenvolver «ateliers» de ilustração com adolescentes em África.

Acaba de editar o livro «Notícias do Quelele, Bairro de Bissau», que é o resultado desse trabalho de «ateliers» com jovens da Guiné-Bissau, e tem já material para um outro, feito em São Tomé e Príncipe.

É neste país que Alain Corbel gostaria um dia de viver.

«Gostava de tentar um projecto de agroturismo, porque é uma tentativa de conciliar aquilo que eu sou com as coisas que existem no país».

1 comentário:

Anónimo disse...

falemos de feitos tangíveis e não de intangíveis...
MANITOBA - Hydro international é o novo contractor ... da EDTL
July 2007
East Timor - Management Services for Electricidade de Timor-Leste
MHI has been awarded a five year Management Services contract to take full management responsibility for Electricidade de Timor-Lest (EDTL). MHI will provide a team of individuals to fill the positions of Director-General of EDTL, senior management, and technical staff, as well as provide training and services for EDTL’s operation. Activities include the day to day management of the utility, medium term planning of the utilities business, financial management, loss reduction, collections, and capacity building, as well as assisting with the corporatisation of EdTL, managing project financing, the implementation of hydropower projects and a transmission backbone followed by rural electrification. Mobilization is expected to commence in mid August, 2007.

MHI will achieve the principal objective of maintaining a safe and reliable system while meeting customer demand for electricity, and using modern management practices to effectively manage EDTL’s facilities, finances and employees.

July 2007

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.