domingo, agosto 05, 2007

Rogério Lobato seguiu para a Malásia, por necessidade médica

Jorge Heitor – 4 de Agosto de 2007

O carro de João Carrascalão, presidente da União Democrática Timorense (UDT) e um dos fundadores da recém criada Liga Democrática Progressiva (LDP), foi quinta-feira à noite apedrejado em Díli, onde a situação se mantém tensa enquanto a Aliança com Maioria Parlamentar (AMP) procura formar o IV Governo Constitucional.

A mulher daquele político, Rosa Carrascalão, teve de passar pelo hospital, dado que na sequência do ataque ficou com uma lasca de vidro alojada numa das vistas, o que mais uma vez veio chamar a atenção para as actividades delituosas de grupos de jovens que erguem barreiras na via pública e colocam a população em perigo.

No passado fim-de-semana, na mesma zona da capital, “um pedregulho” atingira a viatura de outro elemento da mesma família, Mário Viegas Carrascalão, presidente do Partido Social Democrata (PSD), que é um dos quatro que fazem parte da AMP, a par do CNRT, do PD e da ASDT.

Mário Carrascalão declarou ontem à noite ao PÚBLICO ser “irreversível” a sua decisão de não aceitar integrar o Governo que está a ser constituído pelo antigo Presidente Xanana Gusmão. E que o faz para facilitar a situação geral no país, de modo a que a Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin) não tenha mais pretextos para obstaculizar um Executivo em que ela não entre.

Apesar disso, porém, o secretário-geral da Fretilin, José Manuel Fernandes, também ontem consultado pelo PÚBLICO, comentou ser “caso único o segundo partido mais votado (o CNRT, de Xanana) negar o direito do primeiro a formar Governo”. Repetiu a tese de que o seu grupo não considera a AMP uma verdadeira aliança, pois que apenas foi formada depois de apurados os resultados das legislativas de 30 de Junho; e sintetizou: “Não há respeito pela Constituição”. Desmentiu, porém, que a Fretilin esteja a boicotar os trabalhos parlamentares.

Entretanto, de acordo com Mário Carrascalão, a pasta da Agricultura na equipa agora em formação, deverá ser entregue ao secretário-geral do Partido Democrático (PD), Mariano Sabino Lopes, “Asanami”, de 36 anos. E José Luís Guterres, líder da facção Fretilin Mudança e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, teria indeferido um convite de Xanana para eventualmente ficar como vice-primeiro-ministro, por “não se sentir à altura de dominar todos os assuntos”, segundo fonte da ASDT.

Guterres preferiria voltar a chefiar a diplomacia, como o fez quando José Ramos-Horta foi primeiro-ministro. Mas para essa pasta também há a candidatura de Zacarias Albano da Costa, presidente da bancada parlamentar do PSD, pelo que as próximas 24 horas poderão ser decisivas para que se proceda a ajustamentos no elenco governamental que está a ser preparado. Por outro lado, o antigo ministro Rogério Lobato, que tem estado a cumprir pena e acabou por ser hospitalizado, com problemas de próstata, seguiu ontem para a Malásia, a conselho médico, por se entender que necessitava de cuidados inexistentes em Díli.

2 comentários:

Anónimo disse...

Registrei com apreço a atitude honesta de JL Guterres, que porventura deveria ser seguida por outros.

Caso ele tivesse correspondido ao convite, e partindo do princípio de que a "AMP" formará Governo, teríamos um caso bizarro de um Governo formado por todos os partidos (tirando alguns pequenos) menos o que ganhou. Mas entre todos os militantes desse partido um deles beneficiaria de uma excepção, sendo integrado no Governo e logo com o cargo de vice-primeiro-ministro, como prémio de ser contra a legítima direcção do seu partido.

Acho que assim Timor-Leste nem vai conseguir ascender à categoria dos Estados falhados. Fica-se por república das bananas...

Anónimo disse...

Rpogerio Lobato seguiu para a Malasia?

Espero que tenham comprado bilhete de ida e volta.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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