domingo, maio 13, 2007

Blog Do Alto do Tatamailau – 09 Maio 2007

Desculpe! Importa-se de repetir?!..."
Manuel Leiria de Almeida

Em recente entrevista o actual Primeiro Ministro, Ramos Horta, declarou que "uma das minhas propostas seria um simples “cash transfer” para os agregados mais pobres, da ordem de uns 40 milhões de dólares por ano".

Então porque não os fez enquanto foi Primeiro-Ministro? Desde o dia 1 de Julho de 2006 que VEXA tem à sua disposição - do Governo, claro... - 260 milhões de USD do Fundo Petrolífero para gastar no que quiser: papel higiénico, Coca-Cola, escolas, estradas, as referidas transferências... Porque não fez o que agora propõe? Só em 21 de Março passado é que o SEU Governo recebeu os primeiros 120 milhões USD porque só então os solicitou. Em que ficamos?

E isto independentemente de se concordar ou não com o regime de cash advance sem quaisquer contrapartidas dos "advançados". Seria instituir uma espécie de "rendimento mínimo", como existe em Portugal e noutros países mas que não tem qualquer tradição na Ásia e, em geral, nos países em desenvolvimento.

Neles o mais tradicional tem sido a criação de sistemas de "dinheiro contra trabalho", podendo este ser de diversos tipos, normalmente com utilidade social grande como seja alguma conservação de caminhos rurais, de estradas, de escolas, etc.

Mas há mais: como é que v. iria administrar um tal sistema? V. que enche os ouvidos de toda a gente com a enorme corrupção que grassará no país, como asseguraria que este regime de cash transfer não ía fazer a felicidade de uns quantos e manter a pobreza da maioria? Como iria fazer chegar o dinheiro aos quatro cantos de Timor Leste? Se até boletins de voto têm, em várias regiões, de ser distribuídos por avião, a pé e por kuda (cavalo) como iria fazer chegar o dinheiro aos seus destinatários? Quais seriam os custos do estabelecimento de um tal sistema? Será que teria de gastar mais 40 milhões para fazer chegar os 40 milhões aos legítimos proprietários?

O perigoso nas suas propostas é que são mandadas para o ar sem v. ter a mínima ideia dos custos associados à sua concretização. Para não falar de algumas terem por detrás uma ideia de "avô Cantigas" que tira umas notas da algibeira e vai distribuindo aos netos, à esquerda e à direita, de uma forma mais ou menos inconsequente - ou, pior, com a consequência de as pessoas se convencerem que, agora que há o dinheiro do petróleo, "não se paga, não se paga"! Não me parece que seja a melhor maneira de construir um país democrático e sustentável apostar na lógica do "liurai" porreiraço que distribui uns sorrisos e uns dólares.

Porque, meu caro, não tenha dúvida: um país faz-se mesmo com "sangue (o menos possível), suor (o mais possível) e lágrimas (q.b.)"

E só mais uma coisinha: v. também disse que "É pura patetice da administração anterior falar em preservar os dinheiros do petróleo para futuras gerações, investindo em títulos do Tesouro, em Nova Iorque. O que eu digo é que Timor-Leste (TL) não pode esperar. Temos que investir agora, de imediato, para resolver os problemas gritantes de hoje e assim preparar também o futuro."

O curioso é que:

- a administração Alkatiri não podia utilizar o que não tinha... O Fundo Petrolífero foi aprovado por unanimidade e criado em Setembro de 2005, sendo o primeiro Orçamento que podia utilizar esse dinheiro o de 2006-07. Ora o Primeiro Ministro deste ano fiscal foi... VEXA! e não Mari Alkatiri, que andou a guardar o dinheiro para você o gastar... E não gastou, como referi acima! - a "patetice" significou que se guardaram 1200 milhões USD e ficaram disponíveis para gastar outros 260 milhões - que VEXA, como primeiro Ministro, não gastou.

Todos estamos de acordo que "temos de investir agora"! Que o governo anterior não o tenha feito, não me admira pois não tinha o dinheiro para tal; mas VEXA tem e fala mas não investe.

Onde estão os investimentos? Quem diz mais patetices?

Sem comentários:

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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