quarta-feira, agosto 02, 2006

Uma terra de esperança e desafios - Tradução da Margarida

Mary MacKillop Timor-Leste

http://www.mmiets.org.au/

Timor-Leste, Julho 2006 – Uma terra de esperança e desafios

James Dunn

O meu papel no renascer de Timor-Leste, chegou, por agora, ao fim. Deixei Dili com um sentimento de optimismo cauteloso. O novo governo tomou posse, e o seu líder move-se energéticamente para fazer avançar a sua nação de um recuo que, numa altura, ameaçou dividi-la. A situação já está mais calma; o tráfico nas ruas regressou à situação anterior, e tem havido poucos relatos de incidentes violentos.

Contudo há campos perigosos à volta, porque os assuntos principais por detrás desta crise estão por resolver ainda. Na verdade os actores liderantes ainda não baixaram os braços nem regressaram aos seus cantos.

As questões das forces de defesa permanecem por resolver, com dois dos majores amotinados ainda nas montanhas, apesar de um deles, o Major Alfredo Reinado, ter acabado de ser preso pelas forças Australianas, evidentemente por ter ainda armas na sua posse. Estes amotinados operaram por detrás do biombo das suas juras de lealdade ao Presidente Xanana, mas as suas respostas ao novo governo têm sido ambíguas. Parecem acalmados pela nomeação do Primeiro-Ministro Horta, mas atacaram alguns dos outros ministros. A minha preferência ia para os rebeldes, ou oficiais desobedientes, serem persuadidos ou que lhes dessem ordens de regressarem aos quartéis, e lá serem colocados sob um tipo de restrição até a questão legal estar clarificada. Nos seus locais na montanha parece terem-se comportado como senhores de guerra. Deve ser considerada, com certeza, alguma medida de disciplina.

Estes oficiais não só ignoraram ordens; é dito que são responsáveis de pelo menos duas mortes. Há também sugestões tenebrosas que as suas acções foram tudo menos espontâneas. A democracia de Timor-Leste não pode dar-se ao luxo de tais acções de amotinação serem tratadas com ligeireza. Quanto à devolução das armas, foram entregues umas 1,000, muitas das quais pela policia, mas centenas estão provavelmente ainda nas montanhas.

O novo governo pretende que os 150,000 deslocados, regressem às suas casas, e com certeza aos seus empregos, pois que a sua saída deixou departamentos do governo enfraquecidos numa altura em que o novo governo tenta pôr em andamento as reformas necessárias para acabar com a violência e estabilizar o país.

Apesar das promessas de mudança para melhor, o medo ainda invade os campos de deslocados. Fiquei bem consciente disso quando mesmo antes de partir, quando concordei em falar num dos campos maiores, um perto do aeroporto que é dirigido pela IOM. Era aparente que prevalecia um desejo universal para o conflito e a violência acabar. Os deslocados querem regressar a casa, mas têm ainda medo das forces escondidas nas ruas, dos gangs viciosos de jovens que atacam na noite. Estes ataques podem ser raros mas ainda ocorrem, e o grande desafio para o Governo de Horta, a ONU, as tropas e a polícia não é só restaurar a paz nas ruas da cidade mas garantir que isso é uma realidade e para durar. Os deslocados precisam de um ambiente seguro – casas reparadas, segurança nas ruas, segurança alimentar. Como cerca de 670 casas foram destruídas, substitui-las demorará tempo.

Um problema que permanece que poderá ainda incitar ao conflito é a cena politica. O novo governo tem sido saudado mas o início do caso legal contra Mari Alkatiri e o desassossego na Fretilin, que controla 55 dos 88 lugares no Parlamento Nacional, é uma causa de desassossego. Ao mesmo tempo que o Primeiro-Ministro Horta goza do apoio da maioria da Fretilin, muitos acreditam que Alkatiri foi a vítima de um golpe, envolvendo a presidência, certos líderes de partidos políticos, bem como certas secções dos militares.

Tenho esperança, que a verdade material emergirá da Comissão especial de inquérito da ONU, que deve ser conhecida daqui a quatro meses. A contribuição da Four Corners foi, receio, um relato bastante parcial e superficial.

O que o Governo de Horta deve fazer para acalmar as preocupações quw dividiram os Timorensee e criaram uma massiva crise de confiança, é agir rapidamente em relação à segurança e à economia, e cumprir as promessas. O orçamento de cerca de $US315 milhões já foi alterado para responder ao desafio. É um grande desafio para o novo primeiro-ministro, que se tem movimentado rápida e energeticamente responder. Com menos de nove meses antes das próximas eleições o governo de Horta precisa de apoio doméstico e internacional para atingir os seus objectivos.

O que descobri no meu encontro com os deslocados foi um grande desejo para se pôr fim às diferenças leste-oeste por detrás da violência. Sugeri uma campanha em todo o paós contra a violência e a discriminação, e fiquei muito satisfeito quando um grupo de jovens se encontraram e ofereceram um diálogo aberto em prol da unidade e contra a violência. Seria formidável se este movimento arrancasse, porque na realidade a divisão leste-oeste tem pouco a ver com a formação étnica de Timor-Leste. É em larga medida uma herança das tácticas divisoras dos militares Indonésios, com uma tónica de descontentamento regional aumentadas pelas grandes diferenças económicas entre estas regiões. Estes fantasmas do passado devem ser ultrapassados.

Descobri que muitos Timorenses ainda estão espantados com o falhanço do seu governo e do sistema da ONU em responder ao seu sofrimento no passado às mãos dos militares Indonésios. Nestas circunstâncias, é importante que a proposta para instituir um tribunal internacional para investigar as atrocidades do passado – que ainda está no Conselho de Segurança da ONU – deve manter-se na agenda internacional. Não deveria ser ignorada de modo a acalmar as pressões dos militares Indonésios, ou como uma deferência para a transição do país para a democracia. Hoje muitos Timorenses estão afectados não somente pelas suas terríveis experiências nas mãos dos ocupantes dos TNI como também pela recusa dos seus líderes e da comunidade internacional para levar a sério o impacte traumático desses sofrimentos. Ajudaria muito o processo de cura se fosse dada a atenção que merece pela comunidade internacional. Tal saída seria saudada por muitos Indonésios, que sofreram eles próprios nas mãos do TNI no regime de Suharto, e que permanecem convencidos que um sistema democrático a funcionar em pleno mantém-se uma ilusão, enquanto o poderoso TNI não for reformado em profundidade. É menos um processo de acusação, do que encontrar um modo de trazer à superfície simplesmente o conhecimento de quanto cruelmente o povo de Timor-Leste sofreu com a cultura de brutalidade das forças militares de Suharto. Com um novo regime no poder em Jakarta, tal exposição aumentaria, mais do que poria em perigo a segurança a longo prazo de Timor-Leste.

James Dunn 25.07.06

26 comentários:

Anónimo disse...

correction on Margarida's translation

"Descobri que muitos Timorenses ainda estão (espantados) com o falhanço"

I found that many Timorese are still (dismayed) at the failure of their government.

Correction "Descrobi que muitos Timorenses ainda estão (deseludidos)com o esforco do seu governo......"

Anónimo disse...

I do not agree one bit with margarida's views but her transaltion is correct. More correct than the correction suggested. Perhaps the word "espantados" could be replaced with "consternados" or "perturbados" which better denotes the negative feeling implicit in the english word "dismayed".

Anónimo disse...

Nem e deseludido, mas sim "desiludido"
Talvez seja mais correcto empregar-se aqui o termo: "preocupado".

E de louvar o trabalho da Margarida.

Anónimo disse...

Eu voto nas "margaridas" para secretárias gerais dos comités centrais do PCP :)

Ou será que o Bloco de Esquerda também está a dar uma mãozinha?

Já estou arrependida...

Anónimo disse...

Which government? May I ask? Mari's, Horta's or Howard's?
Jose Cinico

Anónimo disse...

"preocupado" para traduzir "dismayed"???? va aprender a falar o ingles melhor...

Anónimo disse...

Anonimo de 12:10:15 PM

Ve-se mesmo que o seu vocabulario de Ingles-Portugues e muito limitado. Por isso e a si que aconselho a aprender melhor o ingles, isto e, a falar, escrever e traduzir!...

Anónimo disse...

Anonimo 1:21:36 AM, 2:47:56 AM

I did the correction, please read the whole sentence, in this context the word "dismayed and failure" does not mean "espantados nor falhanco and none of the above mentioned"

Anonimo 1:21:36 AM "perturbados" for "dismayed" for goodness sake where did you learn that?

Anónimo disse...

since when does "failure" mean "esforco"(effort)

The most correct way for that translation would be:

"Descobri que muitos Timorenses ainda estão (assombrados, or desanimados, or consternados) com o Fracasso do seu governo..."

nunca "espantados" ou "preocupado"

Anónimo disse...

anonimo 5:17:31 PM
since when does "failure" mean "Fracasso"(Weakness)

I agree with 4:09:08 PM "failure" in this sentence, all it means is "not doing enough" and dismayed "not happy"

espantados=Dumfounded
perturbados=Unease
preocupado=Worried


next lesson will be tomorrow pm

Anónimo disse...

Ve-se que os dois anonimos anteriores nao tem a minima ideia da riqueza do vocabulario tanto portugues como ingles nem da analise literaria de um texto quando se fazem traducoes.

E de louvar o esforco da Margarida!..

Anónimo disse...

A traducao para Portugues deve ser assim:
"APERCEBI-ME QUE AINDA HA MUITOS TIMORENSES QUE ESTAO FORNICADOS COM O GRANDE FALHANCO DO SENHOR PRESIDENTE"

jOSE cINICO

Anónimo disse...

A traducao para Portugues deve ser assim:
"APERCEBI-ME QUE AINDA HA MUITOS TIMORENSES QUE ESTAO FORNICADOS COM O GRANDE FALHANCO DO SENHOR PRESIDENTE"

jOSE cINICO

Anónimo disse...

Mas afinal nao foi o Mari que foi parar no olho da rua? O PR e que falhou?
Isso e que e mesmo ser cego.

Ate esparrarem com a cara no chao ainda esta tudo bem. Nao e?

Anónimo disse...

Anónimo das 11:48:15 PM: mas quem se está mesmo a espalhar ao comprido é o Xanana que puxou a si a responsabilidade da segurança, apoiou-se nas 3000 tropas australianas e na banha da cobra do Horta e o resultado é em dois meses o número de deslocados ter subido de 100,000 para 150,000.

Anónimo disse...

E quantos morreram depois das forças internacionais terem entrado?

E quantos tinham morrido antes?

E quantos dos que agora estão deslocados, estão porque ali há comida? De contrário estariam a viver de quê?

Mandar baldes sem conhecer a realidade é ignóbil.

Anónimo disse...

Anónimo das 8:11:17 AM: e porque é que houve antes 21 mortes? para justificar o desembarque dos australianos que já estavam fartos de andar embarcados ao largo de Timor! Eles já estavam há semanas, desde o princípio de Maio embarcados à espera do desmbarque. O que fizeram é monstruoso, causarem mortes para servir as ambições do Xanana, do Horta e dos Australianos é ignóbil. Usarem as pessoas como carne para canhão - aterrorizando-as com mais de 900 casas queimadas é perfeitamente inconcebível. Mas agora as pessoas estão mesmo assustadas, esqueceram-se que 1999 foi só há sete anos, que as memórias ainda são frescas. E agora, incompetentes, não sabem como resolver. E bem fazem as pessoas que não confiam em vocês. Eu também não confiava em gente sem escrúpulos.

Anónimo disse...

No dicionario:
dis·may [diss máy]
transitive verb (past dis·mayed, past participle dis·mayed, present participle dis·may·ing, 3rd person present singular dis·mays) (usually passive)
1. discourage somebody: to cause somebody to feel discouraged or disappointed
2. alarm somebody: to fill somebody with alarm, apprehension, or distress


noun
1. feeling of discouragement: a feeling of hopelessness, disappointment, or discouragement
2. loss of courage: a sudden loss of courage or confidence

Microsoft® Encarta® Reference Library 2005. © 1993-2004 Microsoft Corporation. All rights reserved.

Anónimo disse...

tambem no dicionario:
fail·ure [fáylyər]
(plural fail·ures)
noun
1. lack of success: a lack of success in something, or an unsuccessful attempt at doing something
2. something less than that required: something that falls short of what is required or expected
Failure will not be tolerated.

3. something that fails: somebody who or something that is unsuccessful
4. breakdown of something: a breakdown or decline in the performance of something, or an occasion when something stops working or stops working adequately
engine failure

5. lack of development or production: inadequate growth, development, or production of something
crop failure

6. business bankruptcy: a financial collapse, usually leading to bankruptcy

Microsoft® Encarta® Reference Library 2005. © 1993-2004 Microsoft Corporation. All rights reserved.

Anónimo disse...

E nem sequer foi necessario qualquer tipo de imginacao nas causas de terror.Grupos de jovens: ja ha muito usados na PGN e nas Ilhas Salomao (aonde a Australia tem envolvimentos). E quanto aos Lorosae/Loromonos... quem se lembra do rwuanda?

Anónimo disse...

Afinal a conspiração é pior do que eu imaginava. As FDTL dispararam em Taci-tolo e no QG da PNTL para fazerem desembarcar os aussies?
Se a ideia era essa, conseguiram.

Parabéns FRETILIN.

Anónimo disse...

Jose Cinico,

Este blog nao tem lugar para insultos que so revelam a baixeza de quem os escreve.

Vamos venha com contribuicoes mais serias!...

Anónimo disse...

Anónimo das 10:10:16 AM: isso de lembrar uns mortos e esquecer outros é mesmo de quem foi ensinado a dividir para reinar, é mesmo de quem inventou essa dos do leste contra os do oeste,
é mesmo de quem praticou a política de terra queimada para expulsar vizinhos, é mesmo de quem chafurda no ódio para criar medo e insegurança. É mesmo de quem é antidemocrata e antipatriota.

Anónimo disse...

Mas lembrar uns mortos e esquecer outros, é exactamente o que você tem feito sempre.

Mas se quiser podemos fazer a contabilidade de mortos por lados do conflito. Quem matou mais. Tipo score desportivo.
Penso até que isso já foi feito neste blogue.
Era qualquer coisa como 18-3.
18 causados por forças do governo e 3 pelos outros todos, ou por aí.

Afinal quem está a tentar dividir para reinar?

Parabén FRETILIN

Anónimo disse...

Anónimo das 9:08:32 PM: eu tenho sempre falado dos 21 mortos que foram os mortos que o director do Hospital de Dili disse terem dado entrada na morgue desde finais de Abril a 2 de Junho, relacionados com esses incidentes e tenho lamentado e censurado a violência que causou não só os 21 mortos como as dezenas de feridos, as mais de 900 casas destruídas e os 150,000 deslocados.

Anónimo disse...

Mas os mortos, são-no porque alguém os matou, ou foi suicídio?

Por tudos os números que mencionou, só me resta dizer

Parabéns FRETILIN

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.