sexta-feira, junho 02, 2006

Ex-ministro do Interior assume responsabilidade pela crise no país

Lisboa, 01 Jun (Lusa) - Rogério Lobato, que hoje se demitiu do cargo de ministro do Interior de Timor-Leste, disse à Agência Lusa que assume a responsabilidade pela situação no país e, em particular, pela "desagregação do comando-geral" da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL).
"Eu era o responsável político. Como ministro do Interior, como responsável político, tenho de assumir a responsabilidadeÓ Foi por isso que apresentei a minha demissão", disse Rogério Lobato, contactado telefonicamente para Díli.

Segundo explicou, essa responsabilidade abrange toda a situação de instabilidade e violência que o país vive, "mas sobretudo" o incidente de quinta-feira passada em que dez polícias morreram e quase 30 ficaram feridos quando foram alvejados por militares das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) junto ao quartel- general da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL).
"Esse incidente não teria acontecido se o comandante-geral (o subintendente Paulo Martins) estivesse aqui e estivesse em coordenação com o comando das forças de defesa. Esse incidente foi lamentável, foi um massacre, mas podia ter sido evitado", disse.

"A PNTL é uma instituição jovem, muito frágil, e sofreu as consequências da desarticulação do comando-geral", prosseguiu. "O topo é que não funcionou, porque os comandos distritais - nomeadamente de Baucau, Viqueque, Los Palos, Manufahi, Cova Lima, BobonaroÓ - ficaram incólumes", acrescentou.

"Perante uma situação destas, eu não podia continuar a ser ministro do Interior", concluiu.
Rogério Lobato e o titular da Defesa, Roque Rodrigues, apresentaram hoje a sua demissão, pedida terça-feira pelo Presidente da República, Xanana Gusmão.

O incidente de quinta-feira começou com um ataque das F-FDTL ao quartel-general da polícia em Díli, localizado à frente do Palácio das Cinzas (presidência). Depois de repetidos confrontos, a missão das Nações Unidas (UNOTIL) interveio como mediadora, convencendo os polícias a renderem-se.

Os polícias acabaram por sair do edifício acompanhados de efectivos da polícia da ONU (UNPOL), deixando as suas armas no quartel da PNTL, e quando chegaram à rua foram alvejados por elementos das F- FDTL que se encontravam a pouca distância.

Dez polícias timorenses morreram, dois deles já dentro da UNOTIL, e 27 ficaram feridos, boa parte dos quais com gravidade.

O chefe da missão da ONU, Sakehiro Hasegawa, qualificou este incidente de "crime grave" e pediu ao Governo timorense uma investigação completa do tiroteio e o julgamento dos responsáveis.
MDR.
Lusa/fim

1 comentário:

Anónimo disse...

Imediatamente a seguir a este "incidente" o governo tomou medidas. É a própria Lusa que o confirma em notícia de 02/06/06: "No passado dia 25 de Maio, cerca de 80 agentes da PNTL, desarmados, foram escoltados por elementos militares e de polícia das Nações Unidas, na sequência da sua expressa vontade de se renderem.
O grupo, que seguia a pé em direcção às instalações das Nações Unidas, foi traiçoeiramente surpreendido numa esquina pelos disparos efectuados por um militar das F-FDTL, que estava acompanhado de mais dois camaradas seus.
Na sequência dos disparos, morreram nove polícias timorenses e outras 30 pessoas, entre as quais dois polícias da ONU, ficaram feridas.
O militar que efectuou os disparos foi de imediato desarmado, tendo recebido voz de prisão dos seus superiores hierárquicos.
EL.
Lusa/Fim "

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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