terça-feira, março 03, 2009

28 acusados no caso 11 de Fevereiro

Díli, 03 Mar (Lusa) - Vinte e oito arguidos foram hoje formalmente acusados no caso do duplo ataque de 11 de Fevereiro de 2008, contra o presidente da República e contra o primeiro-ministro, anunciou hoje em Díli o procurador-geral da República de Timor-Leste.

No grupo de acusados está Marcelo Caetano, autor dos disparos contra o Presidente da República, José Ramos Horta, indicou Longuinhos Monteiro em conferência de imprensa.

“A balística comprova e todas as matérias recolhidas pela acusação verificam que ele estava na posse daquela arma”, com o número 66 no lote de armas testadas no âmbito do inquérito aos ataques de 11 de Fevereiro de 2008, frisou Longuinhos Monteiro.

“O projéctil coincidiu com os invólucros e temos documentos que provam que era Marcelo Caetano quem estava na posse da referida arma”, adiantou o procurador-geral.

“Fora disto, temos duas testemunhas que são escoltas do Presidente da República e que estavam mais próximos (do local do ataque a José Ramos Horta) e que reconheceram Marcelo Caetano por serem do mesmo quartel, da mesma companhia e da mesma secção” na Polícia Militar das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste.

O Ministério Público pede também a condenação “por conspiração” da ex-companheira do major Alfredo Reinado, Angelita Pires, ex-colaboradora da Procuradoria-geral da República.

“Finalmente chegou ao fim a fase do inquérito deste processo”, declarou Longuinhos Monteiro aos jornalistas na véspera de terminar o prazo legal para formalizar a acusação do “caso 11 de Fevereiro” no Tribunal de Díli.

“Foram constituídos 31 arguidos mas acusados 28”, anunciou Longuinhos Monteiro, aludindo à “falta de elementos suficientes” para fundamentar a acusação dos três arguidos que o Ministério Público decidiu deixar de fora da acusação.

Dos acusados, 23 encontram-se em prisão preventiva, incluindo o ex-tenente Gastão Salsinha e o grupo de militares que, durante quase dois anos, seguiu o major rebelde Alfredo Reinado.

“Foram ouvidas mais de uma centena de pessoas e realizados exames periciais”, notou Longuinhos Monteiro.

A identificação de Marcelo Caetano como o autor dos disparos contra o chefe de Estado foi obtida “cruzando a informação fornecida pela balística”, explicou o procurador-geral da República.

“A conclusão deste processo dentro do prazo legal concedido ao Ministério Público é uma resposta clara para aqueles que apelidam o MP de ‘braço do poder político’”, acrescentou Longuinhos Monteiro.

“Não obstante muita inquietação por parte quer de sectores políticos, quer dos media, quer de alguns sectores da sociedade civil, o MP recolheu, de forma tranquila, as provas que foi possível recolher, imune a qualquer pressão seja de que direcção”, frisou ainda o procurador-geral.

“Devido à complexidadede do caso e às dificuldades próprias de um país ainda com muitas carências a nível investigatório, o Ministério Público foi obrigado a proceder à prorrogação especial do prazo do inquérito mas fê-lo nos termos permitidos por lei”, salientou o procurador-geral da República.

O procurador-geral timorense confirmou também a sua nomeação para o lugar de comandante-geral da Polícia Nacional de Timor-Leste e a indicação, para lhe suceder na Procuradoria-geral da República (PGR), da ex-ministra e deputada da Fretilin Ana Pessoa.

Longuinhos Monteiro afirmou que vai submeter a sua “renúncia” como procurador-geral da República a 27 de Março, dia da sua tomada de posse como comandante-geral da PNTL.

Na próxima quinta-feira, Longuinhos Monteiro inaugura as novas instalações da PGR timorense no centro de Díli.

José Ramos Horta foi alvejado com gravidade a 11 de Fevereiro de 2008, na sequência de um ataque à sua residência pelo grupo de Alfredo Reinado, que foi morto pela guarda presidencial.

Na mesma manhã, Gastão Salsinha liderou uma emboscada à caravana do primeiro-ministro, de onde Xanana Gusmão saiu ileso.

PRM
Lusa/Fim

3 comentários:

Anónimo disse...

Terminar a um dia do fim do prazo, depois de ter prometido que tudo estaria pronto em Agosto de 2008, não é propriamente motivo de orgulho.

Mais de um ano depois, a montanha pariu um rato. Marcelo Caetano é apontado como o agressor de Ramos Horta, apesar de este ter dito recentemente que não tinha sido Caetano a alvejá-lo e que tinha reconhecido o agressor na cadeia. Em que é que ficamos?

E parece que só houve um crime: Longuinhos nada disse sobre as mortes de Reinado e Exposto, depois de ter afirmado que os resultados das autópsias "não batiam certo". E agora já "batem certo"? Houve algum acusado destes dois crimes? Ou neste caso já valeu a palavra de Ramos Horta, que desmentiu o relatório do médico-legista australiano, que afirmava terem sido abatidos à queima-roupa?

A ex-namorada de Reinado é acusada de conspiração, mas de conspirar o quê? A tentativa de assassínio de Ramos Horta? Nesse caso, este crime foi premeditado? E qual a relação entre Angelita e Caetano?

Finalmente, nem uma palavra sobre o alegado atentado contra Xanana. Foi ou não foi? Se foi, cadê as acusações e os acusados?

Muitas perguntas sem resposta. Depois deste lastimável trabalho na PGR, Longuinhos vai inundar a PNTL com a sua competência. Agora é que a PNTL vai desembestar de vez...

Anónimo disse...

O prazo de inquerito com arguidos presos e de 6 meses de nao de uma ano, como diz o SR PGR.

Anónimo disse...

bemmmm olhamos pra frente e so criticos.... as coisas nao sao bem facil pra resolver na realidade nao sabemos nem sabemos o que esta a passar em timor melhor nao fazer muitos comentarios é melhor virmos outras coisas por ai bemm a pobreza do povo nao no PGR..EDUCACAO SAÚDE ISSO NIMGUEM QUER SABER AI ESTA O QUE ACONTECE É PROBLEMA ENQUANTO UM PAIS EXISTE POBREZA COMPLITOS NAO PARAM BEM SO PEÇO A DEUS QUE HAJA PAZ EM TIMOR CUITADO DO POVO OBRIGADO

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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