Hoje Macau
11.04.2008
Sr. Salsinha: não conheço nem nunca o encontrei
Os ataques de 11 de Fevereiro "têm consequências muito graves para Timor-Leste", em termos de credibilidade e investimento estrangeiro, afirmou o embaixador dos Estados Unidos em Díli.
Hans Klemm, embaixador dos Estados Unidos desde Junho de 2007, sublinhou, no entanto, que "há alguns sinais bastante encorajadores depois dos acontecimentos" de Fevereiro, com a forma como "as autoridades responderam a esta crise muito melhor que à de 2006".
O embaixador norte-americano apelou para a rendição do ex-tenente Gastão Salsinha, notando que há uma maioria de timorenses que "sabem que a instabilidade é nefasta para o futuro do país" e outros "que apenas se ocupam de ambições pessoais". "Há alguns que se ocupam mais com as suas próprias ambições egoístas e não querem pôr de lado o seu interesse a favor do interesse mais alto do seu país", declarou Hans Klemm.
"Na actual situação, encorajo com muita veemência a rendição do senhor Salsinha, que eu não conheço nem nunca encontrei, e que tem um mandado de captura em relação ao 11 de Fevereiro", afirmou o embaixador. Hans Klemm acrescentou que a rendição de Salsinha "é não apenas no seu interesse mas no do país, se é isso que ele tem em mente".
O duplo ataque contra o Presidente José Ramos-Horta, pelo major Alfredo Reinado, e contra o primeiro-ministro Xanana Gusmão, por Gastão Salsinha, foi "uma surpresa completa" para a embaixada dos EUA em Díli, disse Hans Klemm. O diplomata garantiu nada saber sobre o que se passou a 11 de Fevereiro, nem sequer o resultado da investigação conduzida em Díli por agentes do FBI, a polícia federal norte-americana.
"Os dois agentes do FBI (o terceiro esteve apenas em apoio da chegada da equipa e deixou o país passados dois dias) foram a resposta rápida dos EUA a um pedido do Presidente interino 'La Sama' de Araújo", informou Hans Klemm. "A equipa do FBI já regressou há bastante tempo aos EUA, depois de cumprir a missão que lhe foi dada pelo Procurador-Geral da República. Não partilharam nada comigo", adiantou o embaixador.
"Ouço os mesmos rumores que toda a gente, mas não tenho informação adicional", concluiu Hans Klemm sobre a natureza dos ataques. "O FBI e o governo americano continuam disponíveis para providenciar mais assistência", acrescentou o diplomata. "Se tivéssemos esta conversa no início de Fevereiro ou no final de Janeiro e me perguntasse sobre a situação de segurança aqui, eu diria que tinha esperança no país", respondeu Hans Klemm.
"A minha percepção no final de Janeiro era que o país estava na senda da estabilidade. E que o governo saberia lidar com os problemas de curto prazo e poderia começar a enfrentar os desafios de longo prazo, a melhoria dos serviços públicos e (a atracção de) investimentos. E então aconteceu o 11 de Fevereiro", referiu.
Hans Klemm disse que "nos contactos com timorenses, muita gente refere este padrão de o país ter crises, às vezes grandes, outras vezes menos graves". "Cada vez que o país avança, acontece um grande revés. Mesmo para as pessoas normais, é difícil planear para o futuro", notou o embaixador norte-americano.
Essas crises "têm consequências muito sérias", frisou, salientando que no caso do 11 de Fevereiro, "perdeu-se muito tempo, se não de facto, pelo menos psicologicamente".
Hans Klemm sublinhou nesta entrevista que "iniciativas que estavam em andamento foram suspensas após os ataques". "Para lá da tragédia de o Presidente ter ficado em estado grave e do perigo que correu o primeiro-ministro, há um grande prejuízo para o país", frisou.
Hans Klemm deu o exemplo de uma intervenção da Millennium Challenge Corporation (MCC) em Timor-Leste. "Trata-se de um dos grandes fornecedores de assistência económica ao desenvolvimento. Os responsáveis da MCC interrogam-se agora sobre a estabilidade geral do país e a capacidade do governo garantir o cumprimento dos critérios exigidos em termos de desempenho político aos países onde a MCC trabalha", explicou.
Para lá de "ajustes operacionais" de vária ordem, disse o diplomata norte-americano, "o que é realmente grave é que um estrangeiro que pretenda fazer negócios em Timor-Leste pensará duas vezes". "É do nosso interesse investir no futuro de Timor-Leste. Timor está entre o nosso melhor aliado na região, a Austrália, e um parceiro cada vez mais importante dos EUA, a Indonésia", explicou Hans Klemm sobre a agenda norte-americana em Díli.
"Em resultado dessa posição, esperamos que Timor-Leste também possa ser um país estável e uma democracia próspera", declarou. "Além disso, partilhamos as aspirações fundamentais dos timorenses", acrescentou. Hans Klemm admitiu que "a esperança da comunidade internacional e dos EUA em 2002, na independência, era a de que o país tivesse um futuro mais próspero e estável do que hoje".
Na recente conferência anual de doadores, os EUA defenderam que o governo timorense "pode aumentar o seu investimento no próprio futuro". Hans Klemm disse ter levantado a hipótese de o governo timorense decidir contrair empréstimos "em credores institucionais como o Asian Development Bank e o Japanese Yen Loan Program".
O embaixador dos EUA sugere também que, apesar de o Fundo do Petróleo timorense "ter um mecanismo que deve ser mantido", o governo deveria poder retirar mais receitas, tendo em conta o enorme aumento do preço do crude desde a criação do Fundo.
O Fundo do Petróleo timorense foi elogiado pelo secretário de Estado adjunto para a Ásia Oriental e Pacífico norte-americano, Christopher R. Hill, numa audiência com o ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri, durante a visita de dois dias que efectuou esta semana a Díli.
sexta-feira, abril 11, 2008
Embaixador americano avisa sobre consequências da instabilidade política
Por Malai Azul 2 à(s) 19:43
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
5 comentários:
Alo Dili
Criaram a crise e botaram o fogo pede-nos para apagar alguns de nos timorenses foram tao estupidos nao aprenderam nada da Indonesia cairam mais nesta armadilha,agora vem nos avisar sobre consequencias da instabilidade politica. Se Horta avancar com as eleicoes antecipadas havera instabilidade porque o Xanana vai-se agarrar com unhas e dentes o poleiro.
Adeus
De Aikurus
Camaradas
Li agora um bom artigo sobre a nossa terra em
http://pauparatodaaobra.blogspot.com
Transcrição por não estar online:
Indonésios implicados em Timor
Presidente Ramos-Horta confirma envolvimento da ala dura de Jacarta com os rebeldes que quase o mataram a 11 de Fevereiro
Expresso, 12/04/08
Micael Pereira
O Presidente timorense Ramos-Horta admitiu ao Expresso que houve apoios de militares e empresários indonésios ao grupo de rebeldes do major Alfredo Reinado, que levou a cabo um duplo atentado contra o chefe de Estado e o primeiro-ministro Xanana Gusmão, a 11 de Fevereiro.
De acordo com Ramos-Horta, trata-se de “militares que tiveram ligações com Timor mas que agiram individualmente, e não enquanto instituição das forças armadas. Os indícios são muito fortes. O Estado timorense tem óptimas relações com o Estado indonésio, ao mais alto nível, e sei que havwrá total colaboração por parte das autoridades indonésias para investigar e punir as pessoas privadas ou militares que tenham estado envolvidas no apoio a Reinado”.
Um dos homens de mão dos generais indonésios do regime de Suharto – o timorense Hércules Rosário Marçal – poderá estar implicado no atentado, segundo o Expresso apurou. Juntamente com outros factos, entretanto investigados, é possível estabelecer uma ligação entre a ala mais dura do regime de Jacarta e Reinado.
Em entrevista ao expresso, Hércules, conhecido em Jacarta como o 'rei dos gangsters', negou qualquer contacto pessoal ou telefónico com o major rebelde, mas os registos das chamadas feitas por Reinado para o seu telemóvel pessoal provam o contrário. O major recebeu o número de Hércules através de um SMS enviado pelo tenente Gastão Salsinha (sucessor de Reinado) a 7 de Janeiro e manteve uma conversa com o 'rei dos gangsters' a 19 de Janeiro, dois dias antes de Hércules fazer uma visita a Díli, acompanhado por empresários indonésios, para reuniões oficiais com as mais altas figuras do Estado. Segundo o próprio Hércules, os encontros decorreram com o primeiro-ministro Xanana Gusmão, o procurador-geral da República e o presidente do Parlamento.
Reinado e Hércules voltariam a falar por duas vezes no dia 2 de Fevereiro, uma semana antes dos atentados. E, pela análise dos registos telefónicos, há uma relação directa entre as chamadas do major para Hércules nesse dia e as chamadas para um número indonésio misterioso – feitas logo antes e logo após as conversas com o 'rei dos gangsters'. Actualmente inactivo, foi para esse número que Reinado ligou às 21h44 do dia 10 de Fevereiro, naquele que foi o seu último telefonema na véspera dos atentados – e na sequência dos quais morreria.
Durante a adolescência, Hércules e Reinado tinham sido tarefeiros do Exército indonésio. Hércules tornou-se famoso em Jacarta, nos anos 90, pela forma como o seu gangue prosperou e pelo modo como se estabeleceu a soldo dos generais de ala dura de Suharto. Sendo encarregue de intimidar dissidentes do regime e activistas timorenses.
Segundo o jornal australiano “The Age”, o criminoso timorense chegou a viver em casa do general Zacky Anwar Makarim, que viria a ser indiciado em 2003 pela ONU, por ser alegadamente um dos orquestradores da campanha de terror lançada pela Indonésia em Timor durante 1999 e de que resultaram 1500 mortos. Outro dos generais associado a Hércules é Prabowo Subianto, genro de Suharto.
Mas o elo do grupo de Reinado à Indonésia não se esgota em Hércules. Inclui apoio material e militar de origens diversas, de acordo com a mensagem SMS, a que o Expresso teve acesso, trocadas entre o major e números de telefome indonésios. Uma das mensagens escritas em bahasa, recebida no mesmo dia em que lhe foi enviado o número de Hércules, revelava o seguinte: “O nosso irmão já esá em Atambua e seguirá para Kupang. Se quiseres de verdade alugar o carro é favor cuidar dos documentos”. O próprio autor do SMS, António Lopes, de Atambua (em Timor Ocidental), negando ao Expresso que o tenha escrito, acrescentou que sempre ia ajudando, sobretudo com garrafas de uísque, “de que Alfredo gostava muito”.
Já as fardas novas com que Reinado vestiu dezenas de homens numa parada militar, em Novembro de 2007, em Ermera, bem como os coletes à prova de bala eos aparelhos de rádio, que equipavam o grupo de rebeldes, vieram todos de Jacarta, diz Leandro Isaac, ex-deputado, que esteve refugiado nas montanhas com o major, em 2007.
Uma fonte oficial do Governo timorense, que não quer ser citada por razões diplomáticas, diz que “há uma série de figuras vingativas da Kopassus (forças especiais indonésias) interessadas em instigar a instabilidade em Timor e houve, pelo menos, conluio das autoridades fronteiriças e policiaos indonésias até agora#, aludindo à forma como como Reinado conseguiu ir facilmente até Jacarta em 2007, dois meses depois de um confronto armado com as forças australianas e de o Governo de Díli ter pedido ao Governo vizinho para fechar totalmente as fronteiras. “Mas não só o deixaram passar como lhe arranjaram documentação com uma identidade falsa”, diz a mesma fonte. O major Reinado passeou-se livremente pela capital indonésia e apareceu a 21 de Maio no estúdio da estação de televisão Metro de farda e com um guarda-costas armado. Ironicamente, para um programa que viria a ter outro convidado: Hércules.
Transcrição por não estar Online:
O dia em que Timor voltou a sangrar
Histórias de mal-entendidos, traições e mulheres “fatais”, que reabriu as feridas em Timor mesmo à beira de um acordo
Sol, 12/04/08
Felícia Cabrita, em Díli
A reunião convocada por Ramos-Horta com todos os partidos políticos de Timor-Leste e com o primeiro-ministro, xanana Gusmão, está na base do atentado que quase vitimou o Presidente. Um dos assuntos prioritários do encontro era descobrir uma solução para a situação dos 'peticionários'.
Em 2006, cinco centenas de militantes, liderados pelo tenente Gastão Salsinha, tinham saído dos quartéis em protesto contra a discriminação existente entre os militares oriundos da zona da resistência e os que foram submetidos à influência indonésia durante a ocupação.
Em entrevista ao SOL em Março, Ramos-Horta admitiu que esta era uma questão urgente: “Estávamos a tratar de uma amnistia que seria promulgada em Maio e que permitiria integrar os 'peticionários' de novo no exército ou, caso não quisessem voltar aos seus postos, saírem com um subsídio para reconstituir as suas vidas”.
Mas o problema mais delicado levantado na reunião – e que não reunia o consenso – dizia respeito ao major Alfredo Reinado que, ao contrário de Salsinha, era acusado de vários homicídios. Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, garantiu ao SOL que a Lei da Amnistia tinha de ser muito bem pensada. “Nunca votarei numa lei em que as pessoas que praticaram crimes de sangue possam ter um perdão e voltar a integrar as forças armadas ou a polícia sem serem submetidas a julgamento”.
Segundo Ramos-Horta, o chefe do Estado-Maior das F-FDTL (Forças de Defesa de Timor-Leste), brigadeiro-general Matan Ruak, tinha uma posição ainda mais dura e avisou-o de que Reinado e Salsinha “nunca poderiam regressar às Forças Armadas”.
Solução para Reinado
Mas Ramos-Horta encontrara uma solução conciliatória: “O major Reinado tinha um contrato por quatro anos com as F-FDTL que estava a terminar. Ele voltaria, resignava e depois saía elegantemente com uma compensação monetária. Mas penso que alguém deturpou o que se passou na reunião para os envenenar”.
Outro dos temas discutidos deixou amargos de boca a alguns dos intervenientes. Mari Alkatiri explicou ao SOL: “O meu partido sempre disse que este Governo era inconstitucional. Apesar de Xanana ter tido apenas 24% dos votos e nós 29, fez uma aliança com três partidos para formar Governo. Eu não me sentiria com legitimidade democrática para governar.” Alkatiri não fica por aqui r faz a ligação ao atentado: O Presidente andava em negociações com eles e tudo parecia bem encaminhado. O Reinado não tinha razões para matar Ramos-Horta. Na reunião este assunto estava praticamente decidido e as eleições seriam em 2009. Quem tinha mais a perder?”
O resultado desta reunião, na íntegra ou deturpado, espalhou-se rapidamente nas montanhas onde se abrigavam os homens de Salsinha e de Reinado. O SOL teve acesso a todas as listagens telefónicas, que foram encontradas em dois papéis na posse de Reinado e de Leopoldino Exposto, o seu braço direito.
Feito o cruzamento das chamadas, pode concluir-se que Reinado foi traído em várias frentes e por aqueles que lhe eram mais próximos.
Um deles, Gastão Salsinha. Desde o dia da reunião no Palácio das Cinzas que o volume de chamadas feita por ele triplicou. A notícia da reunião chegara às montanhas e Salsinha – em relação a quem não havia suspeitas de crimes de sangue, ao contrário do que acontecia com Reinado -, ao saber que não iria ser integrado nas forças armadas, virou-se contra Reinado.
Preparação do golpe
Em entrevista ao SOL, Salsinha separa as águas: “Os 'peticionários' não podem ser envolvidos nas coisas de Reinado, eu nem sei qual era o plano dele quando foi a casa do Presidente”.
Nessa noite, mal dorme. Desfaz-se em contactos para a Austrália e Indonésia, mas a maioria das chamadas é para o interior do país. Várias delas para Assanku, que integraria o grupo que foi com Reinado à residência de Ramos-Horta no dia do atentado. Contactado pelo SOL, Assanku negou: “Não tenho nada a ver com isso. Trabalho numa rmpresa de segurança e não conheço ninguém ligado ao Salsinha ou ao Reinado.”
No dia 9 de Fevereiro, Assanku contacta Albino Assis, um dos militares que presta segurança na residência de Ramos-Horta. A armadilha estava montada. No dia seguinte, Assanku encontra-se com Leopoldino, braço direito de Reinado, que está na capital, e alugam dois jipes.
Na noite de 10 de Fevereiro, Reinado passa pela casa de Vítor Alves, membro do Conselho de Estado e seu pai adoptivo. Este revela: “Reinado disse-me que tinha uma reunião com Ramos-Horta e que no dia 14 haveria uma grande festa em Hermera”. O que cola com o discurso de Horta: “Na reunião antes do atentado eu estava de partida para o Brasil. Mas como estávamos quase a chegar a um acordo em relação ao Reinado, os líderes dos partidos pediram-me para vir mais cedo e anunciar o acordo antes de dia 14. E em Abril anunciaria a Lei da Amnistia que os contemplava, porque não se tratava de crimes de delito mas de uma situação política”.
Amante faz jogo duplo
Nesse dia, Ângela Pires, ex-assessora do procurador-geral da República, regressa com Reinado a Ermera. Faz-se passar por sua assessora jurídica, mas a história amorosa entre eles é pública. Durante os dois dias que esteve com Reinado, a mulher mantém-se em ligação com Salsinha. Nos últimos dias, levantara da sua conta uma razoável quantia de dinheiro. Ramos Horta considera-a, a “grande responsável” pelo que aconteceu. “A Ângela foi sempre um travão nas negociações com Reinado. Deve ter muita gente na sua rectaguarda”.
Enquanto Reinado preparava o arranque para Díli, Ameta, uma mulher com quem vivia, tenta em vão falar com ele. Por fim, deixa-lhe uma mensagem alertando-o, aparentemente, para uma cilada: “Tenha cuidado mor (amor) não é preciso ires a este seminário (reunião) se não te sentires bem. Não te esqueças de seguir o ritual daquilo que acreditamos. Amo-te sempre”. Contactada pelo SOL, a mulher (que tem uma filha de Reinado ainda bebé) garante não ter conhecimento do que se passou: “Eu era a sua mulher, era normal falarmos ao telefone ou mandar-lhe mensagens, mas nunca participei em nada. Estava em casa, cozinhava, limpava e cuidava da nossa filha”.
Nessa madrugada, pelas três da manhã, Reinado e Leopoldino, mais nove homens, rumam a Díli em jipes diferentes. A leitura das listagens telefónicas mostra que a partir desse momento estão dois chefes, mas que é Salsinha quem gere os acontecimentos. Seriam 6H17 quando Reinado entrou na casa do presidente. Sem as cautelas próprias de quem prepara um atentado, o grupo estaciona os jipes em frente à residência. Mal saem dos carros, a sentinela aponta-lhes a arma mas é desarmado.
Sete homens de Reinado ficam na estrada, entre eles Assanku, que sempre fez a ponte com o segurança de Ramos Horta, Albino Assis.
Reinado pergunta à sentinela pelo presidente, ao que ele responde que tinha ido “para a ginástica”.
Reinado e Leopoldino entram, com dois homens atrás. Três minutos depois ouvem-se tiros, seguidos de rajadas. A partir deste momento as versões deixam de coincidir.
O autor das mortes
Francisco Marçal, militar das F-FDTL, diz que foi o único a disparar contra Reinado e Leopoldino.
Eram 6H30 quando foi acordado por Tadeus Gabriel, um miúdo de 14 anos. Este, com grande precisão, relatou ao SOL, que se deparou com “nove homens de máscaras no rosto”. Acrescenta que só reconheceu Reinado por vê-lo na televisão.
Ai aproximou-se da tenda onde dormiam os militares Francisco Marçal e Albino Assis. Ao ouvir o grito do garoto – “Está aqui o major Reinado” -, Francisco esgueirou-se pelas traseiras. Durante 15 minutos seguiu os passos de Reinado e Leopoldino.
Depois preparou a metralhadora: “Não fiz rajada, foi tiro a tiro. Disparei um na cabeça de Leopoldino e outro na cara de Reinado”.
A esta hora os telemóveis de Salsinha continuam em uso e a informação da morte de Reinado passa a circular. E a informação da morte de Reinado passa a circular. Ramos Horta, apesar de ter ouvido os tiros, dirige-se para casa. Eram quase sete da manhã quando um homem escondido entre os arbustos se ergue e o atinge por duas vezes. Os militares da sua segurança mantiveram-se no quintal. As forças internacionais não se mexem, e se não fosse a GNR e o enfermeiro do INEM que chegaram ao local uns vinte minutos depois, Ramos Horta estaria morto.
Enquanto o presidente segue para o hospital, Assanku recolhe informações com Assis. Uma hora depois, será a vez de o carro de Xanana ser baleado a 500 metros de casa.
Mistério envolve Xanana
Também aqui as coisas correm de forma insólita. Salsinha garante que estava lá “só para lhe pregar um susto, porque a situação dos “peticionários” nunca mais se resolvia”. Enquanto os seus homens se vão entregando, Salsinha ainda não decidiu o seu futuro: “Os meus homens agora estão divididos em quatro grupos e eu não sei se me entregue ou se lute até morrer”.
Mas foi após a morte de Reinado que os traidores se revelaram com mais desfaçatez. O telemóvel dele esteve a funcionar até ao dia 28. E Ângela e Salsinha, entre outros, mantiveram-se em conversações com os militares que o mataram.
Haverá sempre instabilidade em Timor Leste enquanto os australianos e os americanos insistirem em querer mandar num país que não é deles!!!!
Quem pensam que são os americanos para falar depois da chacina que cometeram no Vietname???
Ou os australianos pela forma como continuaram, continuam e continuarão a tratar os aborígenas no país que é deles???
Deixem-se de filosofia barata e análises políticas e deixem se de ingerir em assuntos nacionais que não lhes dizem respeito!!!
Enviar um comentário