sábado, março 08, 2008

Mais um poema no dia Mundial da Mulher

CALÇADA DE CARRICHE

Luísa sobe, sobe a calçada,
sobe e não pode que vai cansada.

Sobe, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe sobe a calçada.

Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.

Anda, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.

Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.

Anda, Luísa. Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.

Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas
não dá por nada.

Anda, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.

Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu a sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.

Anda, Luísa. Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.

Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada,
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce o passeio,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa, larga que larga,
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa, larga que larga,

Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.

Anda, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada,

Anda, Luísa, Luísa, sobe,
sobe que sobe, sobe a calçada.


(António Gedeão)

1 comentário:

Anónimo disse...

(...) “Nós respeitamos os outros países, respeitamos os Estados Unidos, respeitamos a Europa, respeitamos todo mundo, respeitamos os ricos, mas a nossa prioridade – e é importante ficar claro – é cuidar dos pobres deste País, para que eles possam conquistar a cidadania. É por isso que tem gente que critica o Bolsa Família, nós vamos continuar fazendo o Bolsa Família. Tem gente que critica o microcrédito, nós vamos continuar fazendo o microcrédito. Tem gente que critica o crédito consignado, nós vamos continuar fortalecendo o crédito consignado.

Antigamente um carro, para ser vendido, era em 24 meses. Só um pequeno setor da sociedade podia comprar. Agora, está em 72 meses, 82 meses, para o pobre também ter acesso ao direito de ter um carro. Por que pobre só tem que andar de ônibus? Agora, talvez vocês nem queiram mais ter carro, porque depois do teleférico, nem vão querer mais carro. Mas eu digo sempre o seguinte: tudo o que uma mulher quer, o que é? Ela quer uma casinha para morar, ela quer estudar, quer ter um namorado ou um marido bonito e um carro. Tudo o que o homem quer é trabalhar, ter uma casinha, poder estudar, ter uma mulher bonita e ter um carro. Agora, imaginem se vocês podem ter tudo isso e, além disso, ter um teleférico, ter aqui na comunidade biblioteca, correios. Se além disso vocês puderem perceber que vai mudar a vida de vocês, porque muitos jovens que estão sem esperança hoje vão voltar a ter esperança. Vai ter escola para cuidar deles, vai ter assistente social para cuidar deles. Nós temos que acreditar que tanto o ser humano, como qualquer outro animal vivo do Planeta, a única chance que nós temos de não permitir que eles se tornem violentos, é tratá-los com muito carinho e com muito respeito, e ao mesmo tempo, dar esperança de futuro para essa gente. (...)” (Discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de assinatura de ordem de início de obras do PAC na comunidade do Complexo do Alemão – Rio de Janeiro. ( 07 de março de 2008) )

Leia todo o discurso aqui:
http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=33755

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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