sábado, agosto 04, 2007

Timor poderá conhecer terça-feira alguns ministros de um Governo da AMP

Público, 04.08.2007
Jorge Heitor

O Presidente Ramos-Horta deverá formalizar segunda o convite feito à aliança de Xanana Gusmão, para que constitua o executivo que este já começou a preparar

A escolha do novo primeiro-ministro timorense deverá ser formalizada segunda-feira, para que na terça tome posse o núcleo duro do IV Governo Constitucional, que sucede aos que nos últimos cinco anos, após a proclamação da independência, foram dirigidos sucessivamente por Mari Alkatiri, José Ramos-Horta e Estanislau da Silva.

Ramos-Horta, agora Presidente da República, já convidou a título privado a Aliança com Maioria Parlamentar (AMP), do seu antecessor Xanana Gusmão, a que constitua equipa, tendo dito quinta-feira à noite na televisão que ela tem condições para ver aprovado um Orçamento pelo Parlamento. Ao contrário da Fretilin, que, apesar de ser o partido mais votado nas legislativas de Junho, não consegue, mesmo com os seus aliados, controlar mais de 24 dos 65 deputados.

De modo a facilitar a formação de uma equipa governamental da AMP liderada por Xanana, o presidente do Partido Social Democrata (PSD), Mário Viegas Carrascalão, desistiu de fazer parte do executivo, tendo afirmado que a Fretilin o tem como "o alvo a atingir". Mas que a nova maioria parlamentar nunca aceitará um Governo chefiado por um independente, como chegou a ser sugerido por Mari Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária.

Fernanda Borges, líder do Partido de Unidade Nacional (PUN), que votou ao lado da AMP na escolha de Fernando "Lasama" de Araújo para a presidência do Parlamento, considerou ontem ao PÚBLICO ser "muito lamentável" que Carrascalão não vá para vice-primeiro-ministro, dada a sua "experiência governamental e administrativa".

No caso de se manter a actual impossibilidade de qualquer Governo de Grande Inclusão, de que a Fretilin viesse a fazer parte, como Ramos-Horta e Alkatari gostariam, a bem da estabilidade nacional, as perspectivas actuais são de que Xanana Gusmão tome posse na terça-feira como primeiro-ministro.

De acordo com fonte da AMP ontem à noite consultada pelo PÚBLICO, o Ministério dos Negócios Estrangeiros deverá ser entregue ao presidente da bancada parlamentar do PSD, Zacarias Albano da Costa, vice-presidente da Cruz Vermelha de Timor-Leste. O da Justiça está destinado a Lúcia Lobato, vice-presidente da mesma bancada, e o das Finanças a Giall Alves, secretário-geral da Associação Social Democrata Timorense (ASDT).

Ainda segundo os quadros da AMP (conjunto formado por CNRT, ASDT, PSD e PD), Agio Pereira, que era chefe de gabinete de Xanana enquanto Presidente da República, deverá agora ficar como secretário de Estado na Presidência do Conselho de Ministros. E deixa de se considerar a possibilidade de um lugar de vice-primeiro-ministro, depois da desistência do antigo governador Mário Viegas Carrascalão, engenheiro agrário que entendeu que estava a ser "utilizado [em cartazes da Fretilin] como objecto para travar a nomeação do próximo Governo".

Aos 61 anos, o antigo Presidente Xanana Gusmão está a procurar formar o IV Governo de Timor-Leste

5 comentários:

Ema_Lulic disse...

Bem as financas estao bem entreges. Iremos assistir ao milagre das multiplicacoes.

O indonesio diria" Ado kita sussar"

Anónimo disse...

Como o primeiro ministro australiano já veio dizer a Dili é Xanana o próximo primeiro ministro!
O que é preciso é derrotar os patriotas timorenses da fretilin que teimavam em bater o pé aos interesses colonialistas (fossem eles autralianos, indonésios ou portugueses).
Alkatiri estava a defender com demasiada energia os interesses timorenses, o que foi entendido como ofensivo para os intereses estrangeiros em timor...
A Igreja católica foi ingénua, e ao contrário do que pensa de deixar de depender de Jakarta, vai passar a depender de Caberra e na luta pela autonomia em face das Igeejas estrangeiras da região fez mal em não se servir da FRETILIN para essa luta...
A FRETILIN não vai acabar. Derrubaram um governo legítimo, puseram Rogério Lobato na prisão (por ter liderado o golpe de 1975 - foi uma armadilha bem sucedida de Mário Carrascalão do seu cunhado e do amigo deste...) mas resisitir é vencer!
Viva Timor Leste independente!

Anónimo disse...

Embora, no plano jurídico-formal, as eleições legislativas tenham apenas por objecto a designação de 65 deputados, a verdade é que qualquer análise substancial de ciência política mostra claramente que elas tem hoje dois outros grandes objectivos - revelar o peso proporcional dos vários partidos, e escolher um primeiro-ministro.

Sendo as coisas assim, como são, temos de concluir que as chamadas eleições "legislativas" se transformaram numa escolha popular do primeiro-ministro.

É por isso que Maurice Duverger chama democracias "directas" àquelas onde isso acontece, e "indirectas" àquelas onde o primeiro-ministro pode ser escolhido - sem eleições - por novos arranjos parlamentares ou por meras decisões das cúpulas partidárias. Não tenho dúvidas de que Timor-Leste pertence ao primeiro grupo; e seria muito mau, que deixasse de pertencer.

Se Ramos-Horta insistir em nomear primeiro-ministro o líder do partido que perdeu as eleições mais não quer do que converter a democracia em Timor-Leste em partidocracia.

Anónimo disse...

Não estou preocupado com a composição do Governo pois, segundo a tradição, se as coisas correrem mal o Presidente tem a possibilidade de obrigar Xanana Gusmão a demitir-se (com ou sem videocassete) e a permitir um novo Governo da AMP chefiado por um 1º Ministro da Fretilin. E se este for incompetente, poderá invocar a desculpa de que a AMP é que dominava o Governo e Xanana é que o comandava à distância...

Anónimo disse...

margarida e h correia,

Tanto disparate junto!

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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