terça-feira, agosto 21, 2007

Alkatiri eleva a parada em Timor-Leste: 'era melhor que os Australianos voltassem para casa'

Tradução da Margarida:


Blog Reading the Maps
Segunda-feira, 20 Agosto 2007

O líder do maior partido de Timor-Leste denunciou que as tropas Australianas estão a ocupar o seu país, dizendo 'era melhor que fossem para casa porque não são neutras'.

Mari Alkatiri, o Secretário-Geral da Fretilin, fez esta declaração depois de tropas Australianas terem invadido um protesto anti-governamental realizado numa aldeia perto da capital Timorense Dili, ontem.

Os Australianos provocaram a fúria ao arrancarem bandeiras da Fretilin e limpam as costas com elas.

O incidente de ontem ocorreu no meio de protestos continuos contra um governo apoiado pelos Australianos que é alargadamente cada vez mais visto como ilegítimo. Apesar de ter conquistado o maior número de lugares nas eleições legislativas realizadas no mês passado, a Fretilin foi desprezada pelo Presidente de Timor-Leste o pró-Australiano José Ramos-Horta, que convidou o seu aliado político chegado Xanana Gusmão a formar governo. O CNRT de Gusmão e de Horta obteve apenas 22% dos votos nas eleições, e a tomada de posse de Gusmão como Primeiro-Ministro em 8 de Agosto desencadeou grandes protestos em Dili e nas cidades de Bacau e Viqueque no leste.

Quando tropas e polícias Australianas e da Nova Zelândia que são a maioria da Força Internacional de Estabilização patrocinada pela ONU tentaram acabar com os protestos o motim rebentou. Veículos que carregavam os Anzacs foram apedrejados, e edifícios associados com a ONU, o governo Australiano e o CNRT foram queimados. Emboscados dispararam tiros a uma caravana de veículos da ONU numa estrada a sul de Baucau.

Nalguns locais gangs criminosos juntaram-se aos motins, atacando civis e igrejas e pilhando lojas . Em Baucau, um gang irrompeu num convento e violou várias raparigas. O governo e os seus aliados da Anzac têm usado os criminosos como uma desculpa para lançar uma campanha de repressão contra os seus opositores políticos. Nos quatro dias após a tomada de posse de Gusmão como Primeiro-Ministro, a Força Internacional de Estabilização disparou mais de 2.000 granadas de gás lacrimogénio contra os manifestantes. Dúzias de manifestantes pacíficos foram presos por 'bloquearem a estrada'.

Comparando os manifestantes com a milícia pró-Indonésia que em 1999 matou centenas de Timorenses, Horta e Gusmão avisaram que funcionários civis que vão para as ruas (protestar) podem perder os empregos. Tal ameaça tem muito peso, num país onde 50% da população está desempregada e o sector público oferece a maior esperança de trabalho bem pago. O novo governo tentou também desencorajar os manifestantes ao insistir que devem pedir autorização para marcharem nas vias públicas com 21 dias de antecedência .

As tropas e polícias da Anzac têm sido muitas vezes acusadas de usarem a força para interferir nas políticas de Timor-Leste. A Fretilin queixou-se da intimidação Australiana contra os seus candidatos e activistas eleitorais durante as eleições anteriores este ano, e em Fevereiro rebentaram grandes protestos em Dili depois de Soldados Australianos terem morto dois jovens que tinham estado a manifestar-se contra a destruição de um campo de deslocados perto do aeroporto da cidade .

Alkatiri foi Primeiro-Ministro de Timor-Leste até meados do ano passado, quando foi forçado a resignar pela força da Anzac que tinha chegado ao país depois de motins que mataram 37 pessoas. Alkatiri e outros líderes da Fretilin têm argumentado que o governo Australiano incitou os motins e que depois usou as tropas Anzac para o forçar a entregar o poder a Horta.

O jornalista da ala esquerda e há longo tempo observador de Timor-Leste John Pilger tem aopiado as afirmações de Alkatiri. Pilger acredita que o governo de Howard queria um aliado em Dili que concordasse com um maior controlo Australiano sobre as ricas reservas de petróleo e de gás sob o mar de Timor. Alkatiri tinha irado Canberra e o seu aliado em Washington ao jogar duro sobre as reservas de petróleo, recusando apoiar a Guerra do Terror de Bush, e trazendo médicos Cubanos para Timor-Leste. Horta, em contraste, é um apoiante vocal da invasão do Iraque, chama a John Howard amigo pessoal e tem tomado atitudes conciliadoras nas negociações sobre o petróleo .

Alkatiri encontrou também apoio para as suas rclamações entre os líderes de alguns dos vizinhos de Timor-Leste. Na semana passada, o Primeiro-Ministro da Papua Nova Guiné Sir Michael Somare acusou os Australianos de interferirem nas políticas de Timor-Leste e avisou que estavam a tentar truques similares no seu país. As Ilhas Salomão estão montadas com uma ocupação específica pela Anzac, e o seu novo e com ideias independentes Primeiro-Ministro Manasseh Sogovare expressou a sua solidariedade com Alkatiri.

Apesar do seu ódio pelo governo de Howard, nunca antes tinha Alkatiri exigido tão directamente a retirada das forças Australianas de Timor-Leste. Um jogador político astuto e muitas vezes cínico, tem receado zangar as partes da Fretilin que tinham esperanças que a ocupação pudesse ser posta ao serviço dos interesses do partido. A nova ousadia de Alkatiri e os protestos em curso sugerem que a atitude da Fretilin se virou decisivamente contra a acomodação com os ocupantes de Timor-Leste. Juntos, o governo ilegítimo em Dili e as tropas da Anzac que o apoia alienaram grandes números de Timorenses.

Os protestos em massa contra a ocupação em Timor-Leste devem ser uma chamada para os Neo-zelandezes acordarem. A maioria dos Neo-zelandezes opõem-se ao governo de Howard e à ocupação neo-colonial que está a ajudar George Bush a manter-se no Iraque, mas poucos sabem que as suas próprias forças armadas e polícias estão a ajudar a manter uma ocupação similar em Timor-Leste. As tropas e polícias da Nova-zelândia operam sob controlo Australiano em Timor-Leste, e estão a ajudar a apoiar um governo que é profundamente impopular.

Não surpreende, pois que estejam a ser alvejadas ao lado dos Australianos. Devem ser retiradas antes de serem mais envolvidas no conflito que está a escalar entre o imperialismo Australiano e o povo Timorense.

4 comentários:

maps disse...

Thanks for the translation!

Anónimo disse...

"Apesar do seu ódio pelo governo de Howard, nunca antes tinha Alkatiri exigido tão directamente a retirada das forças Australianas de Timor-Leste. Um jogador político astuto e muitas vezes cínico, tem receado zangar as partes da Fretilin que tinham esperanças que a ocupação pudesse ser posta ao serviço dos interesses do partido. ..."

Pelo que conheco do Alkatiri, de Cinico nao tem nada. E' uma pessoa muito directa e frontal. Por isso, e' que ha muita gente que nao gosta dele. As pessoas nao gostam que as verdades sejam ditas.

Apesar da "sua cara de poucos amigos", como muitos dizem, e' uma pessoa extremamente serie e incorruptivel e de uma sensibilidade fora de serie.

Anónimo disse...

caro Carlos , e verdade o Mari e um tipo muito serio desde do tempo em que andavava-mos no Liceu e que sempre mostrou ser honesto e amigo do seu amigo, portanto deixa la os caes ladrarem que nao faz nenhuma diferenca. VIVA TIMOR LESTE.De um amigo que nao e da Fretilim

Anónimo disse...

Não fosse Xanana e Horta, com a ajuda dos Australianos, no golpe do passado e do presente e Mário Alkatiri continuaria, legitimamente à frente do povo timorense...

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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