sábado, junho 23, 2007

Margarida deixou um novo comentário na sua mensagem "Entrevista: ‘Não sou o herói que pintam’":

1 - Diz o Xanana na entrevista à Visão:

“Fui ao Hotel Timor para uma cerimónia de posse do Fórum dos Empresários e, à uma hora, aquilo aconteceu (a manifestação rebentou). Disse ao primeiro-ministro que ia para o Palácio das Cinzas [Presidência] e esperar a acção que os jovens iam tomar. Ninguém me contactou mais. No dia 29 de manhã, era um sábado, a minha segurança informou-me que tinha havido um tiroteio para os lados de Comoro e do aeroporto na noite anterior. Chamei o superintendente da polícia, Paulo Martins, e perguntei-lhe que tiros tinham sido aqueles. «Não fomos nós», respondeu-me. «Foram as forças [Forças de Defesa de Timor-Leste]. Às quatro horas, o primeiro-ministro chamou-nos e dividiu-nos, forças e nós [polícia] pelo aeroporto, rotunda de Comoro e Tassitolo.» Liguei logo ao primeiro-ministro: «E eu não sei de nada? Vocês não me consultaram?» Disse-me que tentaram mas que o telefone não funcionava... «Epá, eu estive aqui até à noite, de sua casa, no farol até aqui, Caicoli, são 5 quilómetros, por que não mandaram ninguém?”

2 - Diz o Relatório da Comissão Independente da ONU:

Violência no Palácio do Governo
47. Cerca do meio-dia (do dia 28 de Abril) os manifestantes começaram a movimentar-se em direcção ao Palácio do Governo. (…).

48. Os manifestantes entraram no Palácio do Governo. Duas viaturas foram queimadas. Escritórios localizados no rés-do-chão do edifício foram saqueados. A multidão atirou pedras contra a polícia.
Um membro da polícia foi atacado com uma catana. (…) Cerca da 01.30 horas da tarde os manifestantes haviam dispersado.
Dois civis haviam sido mortos. Três civis e um membro da PNTL haviam sofrido ferimentos de arma de fogo. Um civil e um membro da PNTL haviam sofrido outros ferimentos graves.

Violência no Mercado de Comoro
49. Após abandonarem o Palácio do Governo os manifestantes regressaram para Taci Tolu, escoltados por membros da PNTL e da Polícia das Nações Unidas (UNPOL). A caminho passaram pelo mercado de Comoro (…). Pouco depois disso um
pelotão de 21 membros da UIR foi enviado para a rotunda do aeroporto e um segundo pelotão igualmente com 21 elementos da UIR foi enviado para o mercado de Comoro. Cada pelotão tinha três viaturas. Elementos adicionais da UIR, não desdobrados expressamente na área, estavam também presentes no local. O pelotão colocado no mercado foi atacado pela multidão. Em resposta, o comandante do pelotão ordenou o lançamento de gás lacrimogéneo. Os peticionários então passaram pela via assim aberta escoltados por duas das viaturas da UIR. (…) Um civil foi morto por uma arma disparada à longa distância. Oito civis sofreram ferimentos de arma de fogo. Dois membros da polícia e dois civis sofreram outros ferimentos graves.

Violência em Rai Kotu
50. Após passarem por Comoro, os manifestantes em retirada prosseguiram rumo a Taci Tolu, sendo que alguns regressavam para a sua base em Carantina e outros dispersavam pelas montanhas. À medida que o grupo de manifestantes avançava pela área um número superior a cem (100) casas pertencentes principalmente a pessoas oriundas da parte leste do país foram sendo queimadas. (…).

51. Manifestantes armados de arcos e flechas reuniram-se em Rai Kotu. Cerca das 05.00 horas da tarde duas viaturas da F-FDTL seguindo do quartel-general da Polícia Militar em Caicoli em direcção ao quartel-general da F-FDTL em Taci Tolu e transportando catorze (14) soldados passou em frente desse grupo de manifestantes. Na viagem de regresso, cerca das 05.15 horas da tarde, as viaturas depararam-se com o mesmo grupo, o qual havia edificado uma barricada com uma série de coisas e com pneus a arder. Com o aproximar das viaturas da F-FDTL, os manifestantes lançaram granadas contra as mesmas. Os catorze soldados da F-FDTL ripostaram com disparos de arma de fogo. (…). Os atacantes dispersaram. Um civil foi morto em consequência do confronto. (…)

3 – Isto é o anjinho do então PR ignorou o ataque e as destruições na sede do Governo, ignorou as mais de cem casas queimadas, ignorou os mortos e os feridos e disto tudo o único comentário que faz é que “No dia 29 de manhã, era um sábado, a minha segurança informou-me que tinha havido um tiroteio para os lados de Comoro e do aeroporto na noite anterior” quando os incidentes aconteceram em pleno dia: às 01h30 já tinham dispersado da sede do Governo, passando por Comoro, rumo a Tuci Tolu acontecendo o último incidente cerca das 05.00 da tarde.

O anjinho nem sentiu o cheiro das casas que arderam. É pior que o macaco da história que nada vê, nada ouve, e nada fala porque este macacão até nada cheira!

Cesteiro que faz um cesto faz um cento. Quem mente desta maneira tão descarada é capaz de todas as mentiras, como aliás se constata em toda a entrevista. Do princípio ao fim.

NOTA DE RODAPÉ:

Talvez se Xanana usasse o seu telemóvel, o Primeiro-Ministro teria podido contactá-lo. Mas Xanana fazia questão de se gabar que não tinha telefone em casa e que não usava o telefone oficial, mesmo em situações de emergência. A isto chama-se irresponsabilidade...

1 comentário:

Anónimo disse...

Ja agora permita-me que ponha aqui o seguinte:
Communal divisions within Timor-Leste
31. The current crisis has been created partially, but exacerbated significantly, by communal
factionalism. This factionalism is most commonly articulated in the perception that persons from
the east and west of Timor-Leste discriminate against each other. The Commission has heard
opposing views on the origin and longevity of this cleavage. On the one hand it is suggested that it
is a totally new phenomenon, as evinced by the total absence of the issue in the thousands of
testimonies collected by the Commission for Reception, Truth and Reconciliation. On the other,
the Commission of Inquiry has been told that it is a long-dormant issue dating from the Portuguese
era. Most people interviewed by the Commission agree that the east-west phenomenon was
manipulated during the crisis by groups with specific political interests.

SERA QUE UM DESTES GRUPOS, OU O UNICO GRUPO E O QUE ESTA AGORA A SER LIDERADO POR XANANA? AFINAL QUEM COMECOU COM O DISCURSO DIVISIVO "LOROSAE" V "LOROMONO"?
DE CERTEZA QUE NAO FUI EU!

JORGE BUSHEDO

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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