domingo, abril 01, 2007

Timor-Leste: Campanha presidencial continua apesar da violência

(Tradução da Margarida)
Radio Austrália - 28/03/2007 8:36:08 PM

O quinto dia da campanha para a eleição presidencial em Timor-Leste foi manchada por explosões de violência de facções de baixo nível. Também nesse dia o antigo primeiro-ministro Mari Alkitiri queixou-se duma acção de mão pesada por tropas Australianas. Mas os oito candidatos mantiveram as suas agendas.

Apresentador/Entrevistador: Karon Snowdon em Dili

Entrevistado: Fransisco Lu Olo Gutterres, o candidato da Fretilin na eleição presidencial em Timor-Leste; antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri.

SNOWDON: No seu material de campanha, Fransisco "Lu Olo" Guetterres ilumina as suas origens humildes, os seus 24 anos de combatente da resistência contra a ocupação da Indonésia e os seus progressos nas fileiras da Fretilin. O Presidente da Fretilin e Presidente do Parlamento de Timor-Leste promete trazer estabilidade, pôr fim à pobreza e ao analfabetismo e expandir o papel de Timor-Leste na região e no resto do mundo se for eleito em 9 de Abril. Diz que o trabalho mais importante será primeiro restaurar a estabilidade e a aplicação da lei. Não acredita que a assim chamada divisão leste oeste, dita ser a questão central da crise violenta do ano passado em Timor-Leste, seja real.

GUETTERRES: (Tradutor) É uma criação artificial no seio da crise.

SNOWDON: Como foi criada?

GUETTERRES: (Tradutor) Foi através duma mensagem em 23 de Março pelo presidente da República, Xanana Gusmão, que afirmou que Lorosae, que é o leste, é de Manututu para cima e que Loromano é de Manatutu para a fronteira.

SNOWDON: Culpa o Presidente Gusmão pela corrente situação e pelas divisões entre leste e oeste, a violência que resultou disso? Culpa o Presidente Xanana?

GUETTERRES: (Tradutor) A mensagem do presidente não foi a mensagem correcta. O presidente é responsável pela unidade e pela garantia da paz e estabilidade em Timor-Leste e a sua mensagem não foi a correcta.

SNOWDON: Cinco anos depois da independência, Timor-Leste permanece o país mais pobre na Ásia do Sudeste. Há poucos novos empregos, A mortalidade infantil é alta e muitos não têm acesso a água potável. E a crise deixou cerca de 70 mil pessoas ainda a viverem em campos de deslocados. Há uma crença geral que apesar de alguns sucessos, os políticos falharam largamente o povo. Mas a confiança de Lu Olo não está abalada.

GUETTERRES: (Tradutor) Não, isto não afecta o papel da minha campanha. As pessoas compreendem bastante bem a importância do desenvolvimento, a importância de programas do governo para o desenvolvimento. Não é coisa que se resolva muito simplesmente em poucos anos ou em poucos dias. Assim não, isso não afecta a minha campanha de forma nenhuma.

SNOWDON: A campanha eleitoral até agora tem sido pacífica. Mas com somente uma semana para acabar, começaram a emergir fendas, talvez ligadas à formação de um novo partido político que atraiu o apoio não somente de um grupo em ruptura da Fretilin mas que segurou como líder o Presidente Xanana Gusmão e que está a apoiar José Ramos Horta como novo presidente de Timor-Leste.

No dia depois do anúncio o líder desse grupo foi atacado por apoiantes da Fretilin. Noutro incidente, um comício da Fretilin foi provocado por criminosos e a polícia local usou tiros de aviso para to dispersar a multidão. O risco agora é que se sigam retaliações do mesmo tipo.

Antigo Primeiro-Ministro Mari Alkatiri.

ALKATIRI: Temos tentado fazer o nosso melhor para travar as pessoas da violência desde Junho-Julho do ano passado até agora. E vamos ainda continuar a fazer isto. Obviamente que há provocações e cada dia aparecem novos tipos de provocação a tentar provocar-nos.

SNOWDON: Mari Alkatiri traz consideráveis capacidades de organização à gestão da campanha de Lu Olo. E na frente diplomática, o presidenciável diz ter esperança de manter boas relações com as vizinhas Indonésia e Austrália.

GUTTERES: Há algumas sobreposições nas questões, mas com certeza que vamos trabalhar muito arduamente para ter relações muito próximas com a Austrália e a Indonésia.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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