sexta-feira, janeiro 26, 2007

Dos leitores

Comentário sobre a sua postagem "Dos leitores":

ALKATIRI – O VENCEDOR “ACIDENTAL”!

Da crise de Abril / Maio de 2006, haverá, sem dúvida, um vencedor, que tudo indica, ser “acidental”, já que ninguém dava nada por ele! De seu nome: Mari Alkatiri.

Vejamos:

O Xanana, na sua ingenuidade e na falta de postura de Estado, quis aproveitar-se da situação dos “peticionários”, “dar o golpe”, e transformar Timor num Estado presidencialista sob a sua orientação. Ingenuidade, porque Xanana achava que o melhor para Timor era um governo de unidade nacional, com ele a mandar e nunca percebeu a Constituição de Timor-Leste, nem nunca percebeu o conceito de divisão de poderes de Montesquieu, nem, o nosso Professor Pedro Bacelar de Vasconcelos, teve a habilidade de o instruir.

Após estes anos, Xanana não conseguiu ultrapassar as divisões do tempo da guerrilha e o seu ódio à Fretilim e isso reflectiu-se claramente nesta crise (note-se as criticas às cores da bandeira – que se parece à da Fretilim - e à sigla F-FDTL).

Inábil, Xanana cometeu erro atrás de erro. Apoiou Reinado, manobrou com Fátima da Paula Martins, instruiu Longuinhos Monteiro, encostou-se a Haisegawa, encontrou-se com Wiranto, etc.

No fim, as contas saíram-lhe furadas! Toparam-lhe o jogo, anteciparam-se jogadas e Xanana foi sendo ultrapassado pelos acontecimentos. Perdeu o controlo da situação!

Foi a GNR que efectuou a busca à casa que Xanana tinha destinado ao Reinado (nesse dia o Capitão Carvalho personificou o “génio português” com a atitude de não submissão …) foram os Australianos que prenderam Reinado (pelo menos o Brigadeiro-General Slater “vestiu-se pelas pernas” nesse dia), foram os magistrados dos PALOP que determinaram a prisão de Reinado e o Xanana terminou o dia sem poder justificar às suas hostes aquilo que é elementar em doutrina militar – proteger os soldados.

E o descrédito do nosso presidente continuou: os grupos de “artes-marciais” não lhe ligaram “pevas”, apesar dos sucessivos apelos e cerimónias públicas mais ou menos ridículas ( a verdade é que os jovens educados sob o regime indonésio, sem emprego e sem educação, estão-se nas tintas para o “grande timoneiro” ). O Taur mandou-o a banhos (aliás já no tempo da guerrilha houve tentativas do TMR em liderar a resistência), foi a crise que se seguiu à queda de Alkatiri e que ainda subsiste. Ou seja, Xanana, com todo o respeito que temos por ele, nunca conseguiu descolar da postura do guerrilheiro, de futuro agricultor de abóboras (será a concretização de um sonho de juventude?) e alcandorar-se à de estadista.

No que toca a Ramos Horta a crise tornou visível de que se trata de um politico de “cosmética”, mais interessado em viajar do que em governar. Tirando situações pontuais como o arranjo de jardins em frente do Palácio do Governo mostrou-se uma personalidade errante, titubeante, contraditória, incoerente, sem consistência, muitas vezes “politicamente incorrecto”. Embora destaque em Timor-Leste, falta-lhe alguma “garra” para conduzir o País à independência económica e ao “bem-estar” dos cidadãos. Dá ideia que “navega à vista”.. Absorveu aquilo que de pior tem a politica ocidental – o show, sem conseguir dar-lhe substrato (veja-se a recente ida ao Oekussi).

A única “sombra” que Alkatiri tinha e que lhe poderia provocar danos está neste momento a ser dissipada. Lobato, “enfant terrible”, o voluntarista, o homem dos diamantes, aquele que em Moçambique se fardava de militar e de ministro da defesa de Timor-Leste durante as cerimónias oficias, aquele que faz manifestações à frente do Tribunal, aquele que durante a luta de libertação chegou a sequestrar Ramos Horta em Moçambique, aquele que metia medo a tudo e a todos, aquele que motivou o pedido de Alkatiri a Portugal para que mandasse GNRs para Timor (caso não saibam o pedido começou a ser elaborado antes da crise porque Alkatiri, já nessa altura, queria um contra-poder “armado” a Lobato e à capacidade ”armada” que este dispunha com a PNTL - porque tinha medo deste), está a ser julgado e será, sem dúvida, condenado. Lobato que era o único que podia causar prejuízo a Alkatiri está a protegê-lo. No julgamento de Lobato, Alkatiri está a passar no meio dos pingos de chuva (para isso muito está a contribuir Rai Los após ter apanhado um susto com o atentado à vida que lhe fizeram!!!).

Na altura da crise, em Portugal, um dos políticos gerados pelo “25 de Abril”, Medeiros Ferreira, fugaz ministro dos negócios estrangeiros e actual comentador desportivo da rádio, do alto da cátedra, invocando Cruza Malapata, um autor Italiano que escreveu um livro intitulado “Técnicas de Golpe de Estado” escrevia num jornal português que o Judiciário tinha sido instrumentalizado no golpe que derrubou Alkatiri. Não sei se foi instrumentalizado ou não. Agora o que sei é que o judiciário de Timor-Leste levou Alkatiri em braços até à meta: arquivado o inquérito contra Alkatiri (como já foi e o Longuinhos como bom soldado dos Indonésios que foi, está a cumprir ordens e a dizer que ainda está em investigação) e condenando Lobato, a justiça vai permitir que Alkatiri

- consiga afastar Xanana

- revelar as insuficiências de Ramos Horta

- arrumar com Lobato (o qual vai ficar na mão de Alkatiri relativamente a um indulto ou amnistia que certamente aparecerá após as eleições).

- mostrar ao mundo que a única altura em que Timor-Leste avançou económico-socialmente e que teve paz social foi quando era primeiro-ministro.

- Dizer ao mundo que é um democrata, respeita as instituições de um Estado Democrático de Direito, tanto mais quanto é certo que se demitiu e, contrariamente a uns (Reinado e Rai Los) submeteu-se ao poder judicial e fui ilibado por esse poder judicial.

É claro que a tudo isto acresce o facto de já ter recebido suporte financeiro para as próximas eleições durante sua “visita médica” a Portugal e a Moçambique. Com suporte financeiro e a Fretilim reorganizada e com a experiência politico-partidária quem tem, tudo leva a crer que voltará a primeiro-ministo, com a oportunidade única de varrer a casa!

…há coisas na vida!

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6 comentários:

Anónimo disse...

Acho piada que alguém consiga ter escrito sobre a crise de Timor-Leste e nem uma única vez tenha usado as palavras “petróleo”, “gás”, “Austrália”, “USA”, “Indonésia”…

Principalmente com as conclusões não deixei de sorrir: afinal, é a justiça que vai permitir que Alkatiri “consiga afastar Xanana” (quando o Xanana parece que nem vai concorrer); “revelar as insuficiências de Ramos Horta” (e eu a pensar que já todos as tinham topado); “arrumar com Lobato (…) que vai ficar na mão de Alkatir relativamente a um indulto ou amnistia” (mas não é o PR quem amnistia?…); “mostrar ao mundo que a única altura em que Timor-Leste avançou económico-socialmente e que teve paz social foi quando era primeiro-ministro” (Como se o Manco Mundial não o tivesse já dito…); “Dizer ao mundo que é um democrata” (como se a Comissão de Inquérito da ONU não o tivesse já dito…

Claro que no fim fica o rabo que o gato andou a esconder. É que ao afirmar que o Alkatiri já recebeu “suporte financeiro para as próximas eleições” de Portugal, não é difícil adivinhar que quem isto escreveu anda a trabalhar para a oposição. Talvez a meter umas cunhas a Australianos e Americanos também para suporte financeiro? Mas que me diverti, lá isso é verdade. Afinal há humoristas em TL para além do Xanana...

Anónimo disse...

Timor: ONU quer «solução cultural» para violência em Díli

A violência urbana em Díli, que deixou cinco mortos em menos de uma semana e meia, pode ter uma «solução cultural», afirmou esta quinta-feira o responsável pela Segurança da Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT).
«Queremos uma solução cultural, digamos psicológica, para o problema da violência em Díli», afirmou Eric Tan, vice-representante do secretário-geral da ONU em Timor-Leste com o pelouro da Segurança na UNMIT, numa conferência de imprensa em Díli dedicada ao problema.
O chefe da UNMIT, Atul Khare, reconheceu na mesma ocasião que «há um aumento preocupante da violência» na capital timorense.
A UNMIT e representantes do Ministério do Trabalho e do gabinete do primeiro-ministro de Timor-Leste, José Ramos-Horta, encontraram-se quarta-feira com os líderes dos quatro principais grupos de artes marciais timorenses.
«A nossa mensagem para eles foi simples: este ciclo de violência com ataques e contra-ataques tem de acabar», referiu Eric Tan.
Para hoje estava previsto um segundo encontro «de negociação» juntando líderes dos «grupos que constituem o maior problema em Díli», o PSHT e o 77-77, acrescentou o mesmo responsável da UNMIT.
Atul Khare, Eric Tan e o comissário da Polícia das Nações Unidas (UNPOL) em Timor-Leste, Rodolfo Tor, passaram em revista os incidentes dos últimos dias e as medidas para resolver a situação.
Conforme ficou patente pela descrição sumária mas explícita lida por Rodolfo Tor, as vítimas sofreram ataques directos com armas de fogo, catanas ou apedrejamento.
Entre os cinco mortos registados nos últimos dias, estão um jovem timorense encontrado numa estrada periférica de Díli, dois elementos da Polícia Nacional de Timor-Leste (que não estavam fardados nem de serviço quando foram atacados) e dois outros indivíduos, um deles relacionado com grupos de artes marciais.
Desde o início do ano, foram detidas 32 pessoas relacionadas com os ataques e confrontos de rua.
Catorze desses indivíduos estão ainda sob custódia das autoridades, 18 foram presentes a tribunal e 13 foram condenados.
«Não houve informações sobre influências políticas na violência dos grupos, mas abordámos a questão da responsabilidade dos líderes pelos indivíduos e pelos grupos e a forma de gerir as diferenças entre as pessoas», adiantou Eric Tan.
Apesar de a responsabilidade dos grupos de artes marciais por vários incidentes estar comprovada, os seus líderes não estão detidos.
«Até ao momento, a acusação está restrita aos responsáveis concretos da violência, baseado no testemunho directo», notou ainda Eric Tan.
Atul Khare salientou que «o importante é ver o aumento da violência no longo prazo».
O chefe da UNMIT e representante especial do secretário-geral da ONU em Timor-Leste colocou as estatísticas dos incidentes em perspectiva e concluiu que «a última semana foi ainda menos perigosa do que o início de Dezembro de 2006».
Entre o final de Outubro e a primeira semana de Dezembro, registaram-se 1.500 incidentes na capital.
«Na primeira semana de Janeiro, e graças à ajuda do povo timorense, o número de incidentes registados desceu para 38», pormenorizou Atul Khare.
A situação do major Alfredo Reinado foi também abordada na conferência de imprensa.
A ONU insiste que o militar foragido deve entregar-se e «enfrentar a Justiça».
Reinado é a figura principal da rebelião no seio das Forças de Defesa de Timor-Leste em Abril e Maio de 2006.
O major foi preso em Julho do ano passado, mas fugiu a 30 de Agosto da prisão de Becora, em Díli.
«A justiça é para todos. Não pode haver impunidade aqui nem em qualquer lado do mundo», frisou Atul Khare.
«Gostaria de ouvir dos líderes de Timor-Leste que neste país não há impunidade», insistiu Atul Khare.
Diário Digital / Lusa
25-01-2007 15:57:33
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=259950

Anónimo disse...

Voces sao demasiado ordinarios e tendenciosos para continuarem a informar. nao passam de uns assassinos que tudo quanto querem eh ver os timorenses ficarem sob o vosso jugo. Vao todos a merda!!!!!!.....

Anónimo disse...

Sinal de desespero por ter apontado que afinal o rei vai nú...

Anónimo disse...

Amigo nao eh preciso ficar desesperado. O que o Timor-online mostra neste blog eh tudo aquilo que favorece ao Fretelin.

Espero que o Timor online tenha coragem de tirar as fotografias em Ermera na vespera do campanhe do PD.

Anónimo disse...

tome muito cuidado que nao vai com ameacas porque timor e um pais democaratico e nao queremos transformar num pais que sera governado por xe-apodetes e ex-melicias.....que serve de PD como uma mascara.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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