sexta-feira, agosto 04, 2006

EUA privilegiam força policial na futura missão da ONU

Díli, 03 Ago (Lusa) - Washington privilegia uma robusta força policial, em detrimento de "capacetes azuis", na futura missão das Nações Unidas, que deverá iniciar o mandato a 21 de Agosto, disse hoje em Díli um alto funcionário do Departamento de Estado norte-americano.

Segundo Christopher Hill, subsecretário de Estado norte-americano para o Sudeste Asiático e Pacífico, que hoje terminou uma visita de menos de 24 horas a Díli, a resolução da crise em Timor-Leste "é claramente mais um trabalho de natureza policial do que de natureza militar".

"É muito importante que não pensemos nisto como um problema internacional. É um problema interno de Timor-Leste (...), as forças internacionais estão aqui para ajudar, não para ficar", acentuou.

O problema mais grave que as autoridades devem enfrentar são os cerca de 150.000 deslocados que se encontram refugiados em campos de acolhimento espalhados pelo país.

"Timor-Leste tem atravessado tempos difíceis e precisamos de ver algumas melhorias. O mais importante é tirar as pessoas dos campos e fazê-las regressar a casa. O elemento chave é criar segurança e para se criar segurança precisamos de um mandato da ONU", acrescentou.

Hill defendeu que, neste aspecto, cabe às autoridades timorenses trabalhar em primeiro lugar para criar esse clima de segurança.

"Penso que as autoridades têm muito trabalho pela frente e não há tempo a perder. É claro que o problema dos deslocados, que se encontram em campos há três meses, em condições que em vários aspectos são melhores que nas suas áreas de residência, não é uma solução de longo prazo", disse.

"(Os deslocados) têm de sair dentro de um mês ou dois, porque não podem ficar indefinidamente nos campos", defendeu.

Questionado sobre a quem é possível atribuir culpas pela situação de crise em Timor-Leste, o subsecretário de Estado norte-americano respondeu que essa não é a questão.

"Se quisermos atribuir culpas, encontramos culpados em muitos lados. Mas essa não é a questão. É crucial que, no próximo mês ou dois, as pessoas estejam de volta às suas casas", insistiu.

Christopher Hill encontrou-se nesta curta estada em Díli com o Presidente Xanana Gusmão, com o presidente do Parlamento, Francisco Guterres "Lu-Olo", com o primeiro-ministro, José Ramos-Horta, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, José Luís Guterres, e ainda com os responsáveis da força australiana estacionada em Timor-Leste.

A Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal enviaram a partir de 25 de Maio forças militares e policiais a pedido das autoridades timorenses, para restabelecer a ordem pública na sequência da crise político-militar desencadeada em finais de Abril.

A visita do subsecretário de Estado norte-americano constituiu a mais importante de um membro da administração norte-americana a Timor- Leste desde a independência do território, em 20 de Maio de 2002.

EL.

1 comentário:

Anónimo disse...

"(Os deslocados) têm de sair dentro de um mês ou dois, porque não podem ficar indefinidamente nos campos" - Christopher Hill, subsecretário de Estado norte-americano para o Sudeste Asiático e Pacífico

Conseguiu-se o derrube do "incómodo" e duro negociador nas questões do petróleo, Alkatiri.

O plano de derrube de Alkatiri que estava bem delineado não tinha previsto esta consequência - os deslocados.

Ao contrário do previsto os deslocados teimam em não abandonar os campos e que são, não só uma factura demasiado alta a pagar pelo país, como também um problema de dificil resolução.

Timor-Leste tinha emergido da ocupação indonésia, um processo que durou seis anos, quatro dos quais com governação nacional.

Actualmente Timor-Leste voltou à estaca zero e terá que emergir das graves consequências do derrube do primeiro governo constitucional.

A política de violência arrastou o país para um inquestionável e profundo sentimento de desrespeito pelas instituições e pela lei por parte da população em geral.

Vai demorar bastante até que as instituições voltem a conquistar a confiança do povo, tão necessária ao seu funcionamento.

O derrube de Alkatiri abriu um precedente de insegurança generalizada no país que poderá demorar anos a ultrapassar.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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