quarta-feira, dezembro 10, 2008

Há "investidas contra a língua portuguesa", diz Alkatiri

Díli, 10 Dez (Lusa) - O secretário-geral da Fretilin e ex-primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, declarou hoje em Díli que existem “investidas” contra o português como língua oficial em Timor-Leste.

“Hoje continuamos a assistir a sucessivas investidas contra a língua portuguesa como língua oficial”, acusou Mari Alkatiri no II Congresso Nacional de Educação, que decorre até sexta-feira em Díli.

“Pretendem alguns criar um novo conflito de gerações no nosso país incutindo ideias contra a nossa política linguística plasmada já na nossa Constituição”, acusou o líder da Fretilin.

“Estaremos nós a assistir a uma nova colonização? Espero bem que não”, afirmou Mari Alkatiri, recordando as “opções estratégicas” de Timor-Leste no domínio da língua.

“Elas foram feitas. O tétum e o português como línguas oficiais para marcar a nossa diferença identitária (juntamente e na interacção com outras línguas nacionais) e a ‘bahasa’ indonésia e o inglês como línguas de trabalho para o aprofundamento do relacionamento com região e com o mundo global”, afirmou Mari Alkatiri.

“A opção bilingue (tétum e português) é opção que nada tem a ver com o capricho da velha geração. É sim uma opção que visa defender a independência nacional e, como tal, defender o interesse de todas as gerações”, acrescentou o ex-primeiro-ministro.

O líder da Fretilin, maior partido da oposição, afirmou que “um número cada vez maior de jovens timorenses começa a falar e a escrever português”.

“Estamos a assistir a um processo de reapropriação cultural, talvez melhor, de ressurreição cultural e linguística, reafirmando aquilo que é nosso em detrimento daquilo que nos é imposto”, acrescentou.

Mari Alkatiri referiu o português como “um instrumento de colonização que posteriormente se transformou numa arma de resistência”.

O líder da Fretilin falou no II Congresso de Educação sobre “A Identidade do Povo de Timor-Leste e a Língua Portuguesa” e recordou a evolução das línguas no território e no arquipélago malaio.

“A Indonésia tentou repetir em Timor-Leste com o português o que fizera com o holandês na própria Indonésia pós-independência”, referiu Mari Alkatiri.

“A proibição do uso do português abriu caminho a que a Igreja Católica em Timor-Leste tivesse optado pelo tétum como língua litúrgica, contribuindo com isso para o início de um processo mais sistematizado de desenvolvimento do tétum-praça”, explicou Mari Alkatiri.

“No desenvolvimento do tétum para uso litúrgico, a língua portuguesa encontrou uma forma submersa de resistir e de sobreviver no mundo do tétum”, defendeu o ex-primeiro-ministro.

“Uma visão verdadeiramente estratégica de desenvolvimento passa necessariamente pelo reforço da nossa diferença e não pela sua diluição em busca de caminhos pretensamente mais fáceis”, disse Mari Alkatiri.

“Não temos nada contra a língua inglesa. Também queremos ter o domínio dela sem ser por ela dominados”, explicou.

Mari Alkatiri concluiu a sua intervenção afirmando que não compreende “tanta polémica” em torno das línguas oficiais.

“Não entendemos porquanto dizem que nos querem ajudar. Será?”, questionou o ex-primeiro-ministro.


PRM
Lusa/fim

1 comentário:

Anónimo disse...

como timorense não vejo grande problema sobre língua portuguesa como língua oficial em Timor leste. aquilo o DR. Mari Alkatiri referiu na conferencia são ideias partidários.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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