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Margarida:
Obrigada pelo seu comentário! Hei-de voltar, sim e para sempre, mas por enquanto fica aqui só o meu sonho escrito a olhar para o mapa.
Também eu ouço a chuva a cair...
Estou em Tutuala no extremo mais extremo de Timor Lorosae! A chuva branda cai de mansinho sobre o mar. Estou descalça e com roupas leves! O clima é fabuloso! Oiço no CD, música maubere, tocada em instrumentos indígenas com sons e vozes divinos! A mesa, coberta com tais, apresenta-me uma variedade de frutos apetitosos! O cheiro do café de Ermera, inebria o ar! Da janela, os verdes e os azuis misturam-se. O arco-íris, está lá, a compor o bouquet. Passei a Taprobana, mas valeu a pena: agora espraio-me nas areias de Tasi Tolu e subo o Tata-Mai-Lau.
Entro no beiro e vou a Ataúro, a ilhota que fica a duas horas de barco. Timor é tudo o que sonhei! Estou a 18 mil quilómetros do cantinho que me viu nascer, mas nem por isso estou infeliz. Deixei tudo para trás e parti um dia, qual descobridor quinhentista para chegar o aeroporto de Baucau numa chuvosa e cálida noite. À minha espera, meus amigos. Segui com eles para uma, no centro de Dilí, perto do cemitério, no Bairro de Santa Cruz. Instalo-me: casa simples, mas acolhedora. No dia seguinte saio para o basar. Muitos catuas vendendo mânu-aman barak.Tudo me espanta, mas nada me espanta mais do que discutir os preços com os vendedores. À boa maneira tradicional, regateamos e chegamos a um consenso. Tudo é comprado com muita discussão! Almoço na Olandina uma boa feijoada à portuguesa mas provo também as bolas de etu com íkan.
Os dias vão passando e eu conhecendo a ilha: Laklubar, Barike, Venilale, Ossu, Vikeke, Lore, avançando cada vez mais para este, chego ao meridiano 127º: Lautém, uma das preferidas de Rui Cinaty:”As manhãs, mesas de bruma , de Lautém...”. Em Los Palos, reencontro minha amiga Enia, o marido Jery e as filhas, Jenia e Libertária (porque nasceu dia da Independência). Visito ainda a campa da irmã de Enia. Sigo para Mehara e chego por fim a Tutuala. Cova Lima e Ainaro, fazem parte doutro périplo. Depois Balibó, a fronteira com a Indonésia. Os vizinhos são acolhedores! Sigo por Ermera e passo por Aileu. Regresso a Dili. Deixo para mais tarde a visita ao enclave de Oekussi.
A chuva persiste. Inunda os cafezais e os campos de hare. Estiro-me na rede e penso na casinha que comprei, restaurei e onde decido viver. Abri mais um capítulo da vida! Estou só! Mas a solidão enche-me. Nada mais preciso para ser feliz! Abdiquei de muita coisa, cruzei continentes e oceanos, venci batalhas fantasmagóricas! Agora, quero envelhecer ”cortar as unhas dos dedos das dificuldades e contornar águas encapeladas...Quero abrir a porta do armário e voltar a pôr as asas de falcão”. No entretanto, o candeeiro de ténue e trémula luz, ilumina a sala. Escrevo vorazmente com o receio de que a memória do futuro, desapareça, e com ela, todos os sonhos vividos, olhando o mapa do crocodilo. E um dia, pela tardinha, “a ventania bufada pela Dama austera da gadanha”, vai-me apagar e poderei então, deixar-me ir...sem medos, porque fui feliz!
sábado, dezembro 08, 2007
Dos Leitores
Por Malai Azul 2 à(s) 09:17
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
4 comentários:
Obrigado por esta deliciosa (e saudosa) viagem pelo nosso querido Timor. Se Fitun Taci não se importar, vou de boleia por essas paragens, saboreando o Sol, a bruma húmida, os sons dos pássaros, o cheiro das queimadas e inebriar-me com as paisagens esmagadoramente lindas, salpicadas de casinhas onde mora aquela gente simples de vida dura, mas que tem sempre um sorriso nos lábios.
Quem conhece Timor nunca deixa Timor.
H.Correia: é com muito gosto que lhe dou boleia pelo imaginário...porque mesmo quem não conhece Timor...não o consegue deixar!!!
Dear Fitun taci,
i loved your amazing journey. It does take me back to the worders of what is one of the most beatiful countries in the world, to which I am proud to call "home" even when I am thousands of klms away. Timor Loro sa'e - home sweet home.
Thnak you for sharing such beautiful journey.
Mana
O meu sonho de facto é poder viver em Timor e para Timor!Com esse desejo - que nunca mais vejo realizado!- tenho momentos da mais completa saudade e sofrimento que me fazem escrever, escrever muito, sem nunca ter ido a Timor!
Timor Lorosa'e - home sweet home!
Fitun Taci
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