terça-feira, maio 08, 2007

Ramos-Horta considera que a sua eleição será "o princípio do fim da Fretilin"

Público
08.05.2007, Jorge Heitor

O novo chefe de Estado toma posse no dia 20 de Maio e a 27 principia a campanha para as legislativas, a realizar no fim de Junho e a que concorre uma lista liderada por Xanana Gusmão
A poucas horas da segunda volta das eleições presidenciais timorenses, que amanhã decorrem (abrindo as urnas quando em Lisboa ainda estiver a começar a madrugada), o primeiro-ministro José Ramos-Horta escreveu ontem na sua página da Internet que "o Governo da Fretilin enfrenta o início do fim de uma era de instabilidade e de corrupção". De acordo com este candidato, "meia década de um regime déspota está a desintegrar-se". Mas, consultado pelo PÚBLICO, um dos seus actuais apoiantes, o presidente da União Democrática Timorense (UDT), João Carrascalão, considerou que a eventual vitória de Ramos-Horta "poderá não alterar muito o panorama político timorense, se os diferentes partidos não tiverem uma visão mais profunda".

E muita coisa dependerá, sim, da forma como depois se processarem as legislativas de 30 de Junho, para as quais a campanha principia em 27 de Maio, sete dias depois da tomada de posse do sucessor de Xanana Gusmão.

"Em menos de um ano como primeiro-ministro, Ramos-Horta foi capaz de reactivar o diálogo com a Igreja, o Exército, a polícia e o povo, ao mesmo tempo que se mantinha firme contra um governo hostil da Fretilin" (de que ele era, aliás, formalmente o chefe), diz o texto em inglês que foi colocado no site do próprio, que em 1996 foi um dos galardoados com o Nobel da Paz.

João Carrascalão, um dos candidatos que não conseguiram passar à segunda volta, "não tem dúvidas" de que Ramos-Horta irá vencer amanhã por "margem folgada" o presidente da Fretilin e do Parlamento, Francisco Guterres, "Lu Olo", apesar de este ter sido o mês passado o mais votado, com 27,89 por cento dos votos expressos.

Interferência australiana

A candidatura de "Lu Olo" queixou--se de que, por mais de uma vez, na semana final da campanha, se sentiu intimidada pela proximidade de helicópteros e tanques australianos.
O secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, escreveu mesmo a esse respeito ao comandante das tropas da Austrália destacadas no país, mas o brigadeiro Mal Rerden investigou o caso e concluiu que o mais próximo que os seus homens haviam estado de um comício, na localidade de Ainaro, fora "cerca de 50 metros".

Existem 1140 novos eleitores, cidadãos que completaram 17 anos desde há um mês, segundo contou à Lusa o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral. E por isso é possível que o total dos votos expressos ultrapasse amanhã os 427.198 de Abril, representativos de 81,69 por cento dos timorenses então inscritos.

Depois, nas legislativas, a grande novidade vai ser a presença de uma lista a apresentar pelo Conselho Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), recentemente criado e que tentará que o seu líder, o Presidente cessante Xanana Gusmão, venha a ser primeiro-ministro, de acordo com uma estratégia elaborada com José Ramos-Horta, que em 1989 abandonou as fileiras da Fretilin.

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Traduções

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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