terça-feira, novembro 21, 2006

Comité Central FRETILIN em "estado de trauma psicológico" - Xanana


Díli, 20 Nov (Lusa) - O Comité Central da FRETILIN [CCF] "está num esta do de trauma mais psicológico que político", considerou o presidente timorense, Xanana Gusmão, num artigo publicado hoje num jornal de Díli.

"Em termos políticos, os seus ilustres membros [do CCF] são firmes e unidos! Em termos psicológicos... eles têm medo de qualquer coisa! A verdade, às v ezes, é um fantasma que nos persegue! Temos medo que as pessoas conheçam a verdade... sobre nós! Por isso é que, normalmente adoptam o comportamento do cágado", afirmou.

As críticas de Xanana Gusmão à FRETILIN constam de um artigo que publicou no Jornal Diário Semanal, em que responde a mais um capítulo do documento "Análise da Situação e Perspectivas", divulgado a 29 de Outubro pelo Comité Central do partido maioritário timorense, e que já tinha sido alvo de dois textos na imprensa divulgados nas duas segundas-feiras anteriores.

Desta vez, Xanana Gusmão aborda os pontos relacionados com a "firmeza d a posição do Comando das Falintil-forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), na d efesa da Constituição e das instituições democraticamente eleitas", conforme o d ocumento da FRETILIN.

Começando por se dirigir a quem o lê, Xanana reconhece que os seus textos, intitulados "Teorias da Conspiração", poderão provocar já algum cansaço.

"Eu sei que estão cansados de ler estes artigos, porque estão repetitivamente repetitivos em várias expressões políticas, constitucionais e democráticas", escreve.

Mas a utilização de tais expressões resulta, segundo explica, de Timor- Leste estar "no início do processo democrático de construção" do Estado.

Assinalando que o documento da FRETILIN voltou a ser distribuído a 08 de Novembro, numa iniciativa promovida pela Presidência da República, tendo em vista a consolidação do processo de diálogo e reconciliação nacionais, Xanana Gusmão passa ao ataque.

Xanana começa por revelar que em Maio, em plena crise político-militar, esteve para se realizar um encontro secreto entre o comandante das forças armadas, brigadeiro-general Taur Matan Ruak, e os três majores que tinham abandonado semanas antes a cadeia de comando.

"Sob iniciativa do [então] ministro [dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, José Ramos] Horta, e com a nossa concordância (minha e do [então] primeiro-ministro [Mari Alkatiri]), estava-se a tentar a realização de um encontro 'secreto' entre o brigadeiro Taur Matan Ruak e os três majores (Reinado, Tara e Ti lman), o qual teria lugar num dos vasos de guerra australianos", revela.

O encontro não se chegou a realizar, mas a referência ao mesmo faz parte da argumentação de Xanana Gusmão para responder à alegação invocada pela FRETI LIN sobre pretensas movimentações para dividir e enfraquecer as forças armadas.

"Se isto era 'dividir as F-FDTL, enfraquecendo-as', o secretário-geral do partido [Mari Alkatiri] não informou correctamente o ilustre CCF! Porque ele sabia das iniciativas do seu ministro Ramos-Horta, às quais nós demos o nosso inteiro aval", riposta.

Ao longo de cinco páginas do jornal, em língua portuguesa, Xanana centra as críticas no CCF, mas personaliza nalgumas partes as referências a Mari Alkatiri.

É o caso da descrição que faz da reunião do Conselho de Estado realizad a a 21 de Junho passado, em que ameaçou demitir-se.

Na descrição que faz, o Presidente da República deixa implícito que Mari Alkatiri tinha conhecimento da distribuição de armas a civis, e que nada fez para o impedir.

Passados cerca de cinco meses sobre aquela reunião do Conselho de Estado, Xanana Gusmão confessa-se arrependido de não se ter demitido e de ter continuado a acreditar em Alkatiri.

"O tal factor de confiança... que já não existia entre mim e o primeiro -ministro... foi crucial na minha má decisão de continuar a acreditar que viesse a ser honesto", acentua.

"O CCF ajudou a camuflar 'tanto quanto possível' o assunto sobre 'o derrube do primeiro-ministro' para parecer que foi 'um golpe' e não 'um acto em con formidade com os poderes constitucionais do Presidente da República", acrescenta .

Na parte final do seu texto, com data de 18 de Outubro, Xanana salienta que a semana que está a findar foi "bastante pesada, em termos de actividades".

"E neste momento são 19:00 horas de 18 de Novembro. Não estou capaz de continuar a responder a três pontos do [parágrafo] nº 4 do documento de Análise do CCF. Despeço-me aqui e até à próxima semana", despede-se.

Mantendo-se a regularidade evidenciada até aqui, a quarta parte do texto de Xanana Gusmão será publicada na próxima segunda-feira, dia 27.

No seu documento de 29 de Outubro, a FRETILIN considerava que a crise em Timor-Leste assenta "essencialmente num conflito de natureza política onde o desrespeito pela ordem constitucional democrática e os meios e formas de agir reflectem o carácter profundamente antidemocrático e golpista".

EL-Lusa/Fim

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Veja o artigo completo aqui.

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4 comentários:

Anónimo disse...

O XANANA,ataca a Freilin estericamente porque os dias dele como PR ja estao a decrescendo.
Outra vez como PR ja nao e.
Fundar outro partido politico talvez os cegos apoiarao.
Juntar-se outro partido e proveitar a boleia dos outros.
Melhor dedicar-se novamente como um fotografoe ninguem mais lhe chateia a cabeca.

Anónimo disse...

Pois e, mas o problema e que ninguem quer responder as criticas do Xanana e contrariar o que ele disse. O povo tambem nao sao cegos como pensas. Acho que ele nao precisa de fundar outro partido para chegar ate la como disse, mas ha partidos que irao candidatar lhe.OK.

Anónimo disse...

Ainda nem percebeu que não são os partidos que apresentam candidatos à Presidência da República mas sim um determinado número de cidadãos eleitores? Olhe que é como lhe estou a dizer.

E também ainda não percebeu que até para a o que ele alega como razão para despedir Mari Alkatiri é o próprio relatório da ONU que o desmente quando diz no parágrafo no parágrafo 133: “Relativamente ao ex-Primeiro-Ministro, a Comissão não possui provas com base nas quais ela poderia recomendar que o Sr. Mari Alkatiri devesse ser processado judicialmente por estar envolvido na movimentação, posse ou uso ilegal de armas”?

E perante isto não acha que mais valia ele calar-se? É que quanto mais escreve mais se enterra.

Anónimo disse...

Sr Anónimo de Novembro 21, 2006 9:06:24 PM:

Afirma que ninguém responde às críticas ou contraria o que Ele (Deus Xanana) disse?

Para contrapor um argumento apresentado é necessário, em primeiro lugar, que o argumento seja apresentado com respeito e, em segundo lugar, que seja apresentado com racionalidade e rigor.

O Sr X. Gusmãoo revela ódio cego na forma como escreve, revela inveja doentia por não ter tido a possibilidade de ter um diploma, obcessão pelo dinheiro (que, aliás não é nada de estranhar, pois passa a vida a dizer nas entrevistas que gostaria que o filho fosse jogador de futebol ou músico de rock para ganhar muito dinheiro! Muito coerente!), revela nos três artigos aquilo que durante anos escrevia a criticar nos outros, levanta os muros que, no passado pedia aos outros para derrubarem, em nome do país!

Onde está o respeito, a racionalidade, o rigor? Omitindo a tolerância, a dignidade e o respeito por outros?

Os pseudo-artigos, manifestações de ódio, inveja, mesquinhez e pequenez do Sr. Gusmão, revelam o que dizia há muito um homem sábio: Criticamos nos outros aquilo que odiamos em nós!

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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