quinta-feira, setembro 28, 2006

Respostas a Mark Aarons

Tradução da Margarida.


As seguintes cartas para o The Australian em resposta ao artigo de Mark Aarons ('O drama de Timor-Leste não teve agenda escondida' 26.9.06) não foram publicadas:

Caro Editor,

Mark Aarons ('O drama de Timor-Leste não teve agenda escondida' 26/9) rotula o jornalista John Martinkus de 'propagandista' a empurrar para 'teoria da conspiração' em que Mari Alkatiri foi removido por um golpe envolvendo o Presidente Gusmão. Estranhamente, Aarons não menciona a evidência descoberta por Mark Dodd do próprio The Australian e relatada na página da frente do seu jornal em 12 de Setembro, de que Gusmão pagou as despesas de hotel dos amotinados das forças armadas liderados pelo fugitivo da prisão Major Reinado, um actor chave na luta anti-Alkatiri que enfrenta uma acusação de tentativa de homicídio.

Martinkus e Dodd conseguiram pôr alguma luz num negócio muito escuro. Porque é Aarons responde com gritaria partidária a evidências que contradizem as suas opiniões preconcebidas dos factos?

Chris Ray
Sydney

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Caro Editor

Mais uma vez, Mark Aarons posa como especialista sobre Timor-Leste na coluna de opiniões do seu jornal, do conforto de Sydney. Ignorando os escritos de académicos do país com reputação, e atacando as credenciais de jornalistas que se atrevem a serem diferentes, produz a seu própria corrente de propaganda, um conto de fadas simplista a preto e branco onde Alkatiri e a FRETILIN são os maus e Xanana e Horta são os bons. A tragédia é que bem-intencionados oficiais Australianos e trabalhadores humanitários internacionais alimentados por uma dieta consistente de tais disparates vêem para Dili a pensar que tudo está clarificado.

Repetem a análise, sem conhecerem o poder que têm, e marginalizando mais todos os Timorenses que compreendem que as coisas não são tão simples, depois de anos de guerra e de traumatismos. Esta é uma sociedade fracturada, e nenhuma força política no país foi capaz de a unir. Políticas democráticas podem fazê-lo, mas estão extremamente subdesenvolvidas. As ameaças à paz e à democracia não vêm da corrente liderança da FRETILIN, mas antes dos que procuram enfraquecer a FRETILIN, do exterior e do interior.

Porquê? Talvez porque foi eleita democraticamente (80% dos votos nas eleições locais em Setembro de 2005), está bem organizada, tem um programa político progressista em vez de um neoliberal, e é orgulhosamente protectora do interesse nacional Timorense, incluindo os seus direitos aos seus recursos de petróleo. Ninguém diz que a FRETILIN é perfeita. Mas um partido que ajudou a derrotar um dos maiores e mais brutais poder colonial do mundo, e depois, em poucos anos, se transformou a si própria num governo eleito democraticamente, merece algum respeito.

O que é que Aarons conhece das dificuldades de transformar um povo brutalmente oprimido cuja unidade se baseava numa guerra pela independência clandestina numa sociedade aberta democrática? Apesar de reclamar que é jornalista, parece que ele não entrevistou um único dos líderes que ataca. Como um que falou extensivamente com Ministros de topo da FRETILIN e líderes do partido nos anos recentes, incluindo nas duas últimas semanas, sobre as suas políticas e programas no meu campo de especialidade (educação de adultos), posso garantir aos seus leitores que eles não são como Aarons os pintou.

Eles estão a lutar, como qualquer um na sua situação estaria, para reconstruir o seu país, destruído por vinte e quatro anos de guerra. Eles e o povo do seu país merecem todo o apoio que lhes podermos dar. Nem é acertado nem ajuda, tomar publicamente lados simplistas nas disputas políticas internas de outros países, especialmente numa sociedade póst-conflito.

Dr. Bob Boughton
Dili

O escritor é um Leitor Senior em Educação para Adultos na Universidade de New England, Armidale NSW, envolvido correntemente numa investigação a longo prazo e num projecto de construção de capacidade em literacia e literacia de adultos e educação básica em Timor-Leste.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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